Venezuela: OEA aprova resolução que cobra checagem imparcial de eleições e proteção de asilados

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
A Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou nesta sexta-feira, dia 16, uma resolução que cobra uma verificação imparcial do resultado das eleições presidenciais na Venezuela, com divulgação das atas com registro dos votos, e proteja as instalações diplomáticas e asilados políticos. O documento foi aprovado por consenso, em sessão do Conselho Permanente.

A OEA insta o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) a "publicar de forma expedita as atas com os resultados da votação das eleições presidenciais no nível de cada mesa eleitoral e respeitar o princípio fundamental da soberania popular por meio de uma verificação imparcial dos resultados que garanta a transparência, credibilidade e legitimidade do processo eleitoral".

Embora não tenha consequência prática, já que a Venezuela não participa mais da organização, a resolução mostra uma unidade dos 34 países membros da OEA e coloca mais pressão sobre o regime do ditador Nicolás Maduro.

Discussões amplas

A resolução foi negociada durante duas reuniões, ao longo desta semana, com discussão ampla e aberta entre as delegações, em Washington.

Havia resistências do Brasil, Colômbia e México, entre outros países caribenhos e centro-americanos e sul-americanos, pelo fato de a Venezuela não fazer mais parte da OEA.

O governo da Bolívia, por exemplo, enviou um documento especificamente questionando a legitimidade da OEA para abordar o assunto e se dirigir a um país que não integra a organização.

O Brasil também manifestou resistências neste sentido, mas não objetou a discussão. O teor da resolução foi calibrado para coincidir com uma proposta tripla defendida anteriormente por Brasil, México e Colômbia. Antes, os três países lideraram uma iniciativa no Conselho Permanente, por abstenção ou ausência, que derrubou uma resolução anterior.

Na primeira tentativa, o projeto de resolução não alcançou a maioria absoluta dos 34 Estados-membros. Dos países que participaram da reunião, foram 17 votos a favor, 11 abstenções e nenhum contra. Outros cinco países rejeitaram a convocação do conselho.

Desta vez, o Brasil apoiou a aprovação. A representação brasileira já havia sugerido a adoção de uma linguagem similar à que o Itamaraty usou nos seus comunicados, relataram diplomatas a par das tratativas, o que acabou ocorrendo.

Proteção consular

A pedido da delegação da Argentina, a OEA acrescentou um pedido ao regime de Maduro para que cumpra as convenções internacionais e respeite as garantias das embaixadas e dos asilados políticos. O país foi um dos sete cujos diplomatas acabaram expulsos pelo chavismo por denunciarem uma fraude eleitoral.

O Brasil assumiu a proteção da embaixada argentina e dos asilados que nela estavam, assim como representação dos interesses do país perante o governo venezuelano. O mesmo ocorreu com o Peru. O presidente Javier Milei dera asilo político a seis assessores da campanha de González. Agora, o governo Lula ofereceu enviar um avião oficial para retirar os seis opositores do país.

A OEA pede que as forças políticas venezuelanas, inclusive autoridades públicas, "abstenham-se qualquer conduta que possa comprometer a construção de uma saída pacífica para a crise".

Apesar do apoio geral à resolução, delegações como as do Panamá e do Equador fizeram questão de dizer que seus governos reconhecem a vitória eleitoral de Edmundo González, candidato da oposição, e que buscavam apoiar esforços de entendimento geral nas Américas e ações multilaterais para proteger a vontade popular.

A resolução foi patrocinada pelos Estados Unidos, com apoio de Antigua e Barbuda, Argentina, Canadá, Chile, República Dominicana, Equador, Guatemala, Paraguai, Suriname e Uruguai.

Em outra categoria

O deputado federal Gilberto Nascimento (PSD-SP) foi eleito presidente da bancada evangélica no Congresso. Apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Gilberto venceu o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), que se aproximou recentemente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A votação ocorreu em meio a um racha da frente evangélica. Gilberto recebeu 117 votos, enquanto Otoni ficou com 61 votos. Durante a votação, a deputada federal Greyce Elias (Avante-MG), que concorria como candidata da terceira via, desistiu da candidatura para apoiar Gilberto Nascimento. Com o apoio de última hora, ela se tornou vice-presidente da bancada.

A Frente Parlamentar Evangélica (FPE) reúne 219 deputados e 26 senadores e tem papel fundamental na votação de pautas que envolvem costumes.

Desde a segunda-feira, 25, o presidente Jair Bolsonaro (PL) vinha ligando para parlamentares para pedir votos em Nascimento. Outro fiador da campanha do deputado foi o pastor evangélico Silas Malafaia.

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) sugeriu nesta terça-feira, 25, o nome do ex-ministro da Economia Paulo Guedes para disputar uma vaga no Senado Federal por Minas Gerais.

"Gostaria que o Paulo Guedes aceitasse ser senador por Minas Gerais. Estamos tentando. É um baita nome para o Senado", afirmou Bolsonaro durante entrevista ao jornalista Leo Dias.

Na eleição do ano que vem, os eleitores escolherão dois nomes para o Senado (por Estado), o que amplia a chance de eleição. Carioca, Guedes tem relação com Minas Gerais. Ele se formou em economia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte.

Em território mineiro, no entanto, há o nome do deputado federal Nikolas Ferreira (PL), que já afirmou a intenção de disputar uma das vagas para o Senado em caso de mudança constitucional, que tramita no Congresso Nacional.

Pela atual texto da Constituição Federal de 1988, pode disputar uma vaga ao Senado todo brasileiro com, no mínimo, 35 anos. Nikolas terá 30 anos na disputa de 2026. Mas há uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa diminuir a idade mínima para 30 anos, o que beneficiaria Nikolas.

O Senado Federal é a porta de entrada no Legislativo para análise e abertura de cassação de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o que nunca ocorreu. Bolsonaro já deu indícios de desejar uma ampliação de aliados dentro da Casa, o que facilitaria o embate com ministros do Supremo.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid foi "torturado" em sua delação premiada e defendeu a narrativa de que os atos golpistas de 8 de janeiro foram planejados pela esquerda. Denunciado pela Procuradoria Geral da República (PGR) por tentativa de golpe, Bolsonaro se defendeu das acusações e disse que os autores dos ataques são "pobres coitados".

"Ele foi torturado [...] em dado momento, estava lá o dono de tudo, o dono inquieto, é a vítima, é tudo. Falando: 'Olha, você tem um pai, uma esposa e uma filha'. Tortura psicológica", disse Bolsonaro se referindo ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, em entrevista ao jornalista Léo Dias.

Bolsonaro voltou a defender a narrativa de que os ataques golpistas do 8 de janeiro teriam sido "programados pela esquerda", justificando a falta de imagens do momento das invasões.

"Esse 8 de janeiro foi programado pela esquerda. Quando você tem imagens do pessoal quebrando lá dentro, não foi quando entrou a turma que começou a quebrar, não. Quebrando sozinho, o cara quebrando o vidro sozinho. Derrubando o quadro sozinho. Você tem essas imagens [...] Só tinha imagens de um magrinho derrubando o relógio [...] Foram 33 alertas da Abin para o GSI. Por isso que no meu entender era algo programado. Só pode ter sido pela esquerda".

Ele se referiu aos invasores como "pobres coitados, com bíblia na mão" e defendeu que o ato golpista foi "vandalismo". "Vai dar golpe em um prédio? Sem nada, sem presidente, sem arma? Você acha que vai preparar um golpe com 1500 pessoas e isso não vaza?", afirmou.

Bolsonaro ainda se defendeu dizendo que na data não estava no Brasil e afirmou que "tinha o pressentimento de que alguma coisa esquisita poderia acontecer". O ex-presidente viajou para os Estados Unidos após a eleição de 2022.

Áudios inéditos revelados pelo Fantástico, da TV Globo, mostram o envolvimento de militares e civis em um plano de golpe de Estado após a derrota de Bolsonaro em 2022. Conversas obtidas pela Polícia Federal indicam que militares em postos de comando incentivaram a participação popular, e quando não conseguiam avançar, buscavam apoio direto do ex-presidente.

Ao ser questionado sobre os áudios, o ex-presidente afirmou que estudou hipóteses para decretar estado de defesa e de sítio após o Tribunal Superior Eleitoral decidir multar o PL caso o partido questionasse os resultados nas eleições.

"Nós temos que nos preparar. Em havendo um problema no Brasil, como vamos reagir? [...] Houve uma convocação dos conselhos da defesa da minha parte? Para o estado de sítio? Não. Vamos supor que tivesse convocado. Eu mandaria uma mensagem para o Congresso. Com exposições de motivos. Pedindo ao Congresso autorização para baixar o decreto [...] Mas se não houve nem convocação dos conselhos, sem comentários. Não houve nem tentativa, nem convocação, nada. Por que essas conversas? De hipóteses de dispositivos constitucionais. Porque nos foi negado, a gente queria discutir com TSE."

Durante a entrevista, Bolsonaro ainda falou sobre sua relação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e sua família. Ele afirmou que "Deus me salvou da facada como salvou Trump do tiro", comparando sua trajetória à do ex-presidente dos Estados Unidos. Ao comentar sua relação com Trump, afirmou que "sabia meu lugar ao falar com ele".

Em tom descontraído, relembrou as críticas que recebeu no início do relacionamento com Michelle Bolsonaro, dizendo que as colegas da ex-primeira-dama alertavam: "Se você ficar com ele, vai te espancar".