Em entrevista à CNN, Kamala diz que pode ter republicano em seu gabinete

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A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e seu companheiro de chapa, Tim Walz, se sentaram nesta quinta-feira, 29, com a jornalista Dana Bash, da CNN, para a primeira entrevista desde que o presidente dos EUA, Joe Biden, desistiu da disputa, em julho. Na conversa, a democrata tentou passar uma imagem centrista, de olho nos eleitores independentes e moderados.

 

Questionada sobre como a promessa de governar para todos os americanos se traduziria na prática, ela afirmou que aceitaria nomear um republicano para seu gabinete. "É importante ter pessoas na mesa que tenham pontos de vista diferentes. Acho que seria benéfico para os americanos ter um membro do meu gabinete que fosse republicano", disse.

 

A primeira entrevista de Kamala como candidata foi ao ar na noite de ontem, na CNN, que divulgou alguns trechos em seu site durante a tarde. A conversa era quase uma necessidade da candidata democrata, já que ela vinha sendo criticada pelos republicanos por não se submeter ao escrutínio dos jornalistas, que poderiam colocá-la contra a parede sobre temas delicados, como imigração e economia.

 

Tour

 

Kamala e Walz deram a entrevista em Savannah, segunda maior cidade da Geórgia. Os dois iniciaram um tour pela zona rural do Estado, um reduto dos republicanos conservadores. A estratégia é incomum, já que os candidatos democratas não costumam se aventurar fora da região metropolitana de Atlanta, onde vive a maioria dos eleitores.

 

Os organizadores do tour enfatizaram a necessidade de engajar os eleitores da zona rural do sul da Geórgia e das regiões montanhosas do norte do Estado, ambas altamente conservadoras, onde normalmente se exige um alto comparecimento tanto dos eleitores negros quanto dos brancos moderados para manter os democratas competitivos.

 

A visita de Kamala, segundo alguns democratas que vivem na zona rural da Geórgia, mostra que os líderes do partido atenderam a seus apelos. "Um pouco só, geralmente, significa muito nas áreas rurais", disse Melissa Clink, ex-presidente do Partido Democrata no Condado de Forsyth, ao norte dos subúrbios de Atlanta.

 

"Se pudermos ter algum contato direto, especialmente com os principais candidatos, isso não só ajudará os doadores a abrir suas carteiras para financiar as operações de votação no local, mas também inspirará mais pessoas a trabalhar duro, pois elas se sentirão importantes."

 

O tour de ônibus é semelhante a uma viagem de campanha que Kamala e Walz fizeram a um condado de tendência conservadora nos arredores de Pittsburgh, na Pensilvânia, no início do mês. Assim como na Geórgia, os democratas do oeste da Pensilvânia também disseram que seus eleitores estavam sendo ignorados pelas campanhas presidenciais.

 

Em sua turnê na Pensilvânia, Kamala e Walz fizeram questão de destacar a diversidade da área, interagindo com os residentes de Aliquippa, uma antiga cidade siderúrgica que tem uma grande população negra, onde passaram um tempo conversando com um time de futebol americano do ensino médio ao lado do ex-astro do Pittsburgh Steelers Jerome Bettis.

 

De forma mais ampla, os democratas esperam que Walz, ex-treinador de futebol americano em uma escola de ensino médio, que já venceu eleições em distritos conservadores em seu Estado, em Minnesota, possa ajudar a melhorar o desempenho dos democratas entre os eleitores rurais e brancos da classe trabalhadora, especialmente os homens, que têm se tornado cada vez mais hostis ao partido.

 

Vantagem

 

Os democratas sabem que não têm chances de vencer as eleições nesses pequenos condados rurais, mas esperam reduzir a diferença. Na eleição de 2020, Joe Biden venceu Donald Trump por pouco mais de 11 mil votos. Desta vez, todos esperam que a votação também seja apertada.

 

Nos cálculos dos democratas, se Kamala conseguir manter as margens de Biden nas cidades e subúrbios, ela poderia derrotar Trump nos pequenos condados se a diferença, em vez de 70% a 30%, como em 2020, se reduzir para 60% a 40%, agora.

 

A campanha de Kamala diz que investiu pesadamente na zona rural da Geórgia, contratando quase 50 assessores em sete escritórios, em lugares como as pequenas cidades de Valdosta e Albany, próximas da fronteira com a Flórida, e cidades rurais, como Millen e Cordele, que se autodenomina a "capital mundial da melancia".

 

Pesquisas mostram que a candidatura de Kamala se tornou competitiva na Geórgia, que estava fora do alcance de Biden. Trump gastou uma parte significativa de seu dinheiro de campanha comprando publicidade no Estado, o que sugere que os republicanos estão adotando uma posição defensiva em um lugar em que a vitória era considerada certa.

 

Em Savannah, o segundo maior centro urbano da Geórgia, Kamala fez um comício ontem. Os democratas esperam que a visita reacenda a energia em uma cidade que tem o segundo maior colégio eleitoral do Estado.

 

"O amor exige ação. Você mostra às pessoas primeiro pela sua presença", disse Van Johnson, prefeito de Savannah, que fez lobby para que Biden e Kamala fizessem campanha na cidade. "A presença dela é realmente um indicativo da estima que ela tem por nossa comunidade." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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