Lula diz que não romperá relação com Venezuela, mas reitera que não reconhece vitória de Maduro

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que não pretende romper relação com a Venezuela nem punir o país vizinho, diante do impasse do resultado eleitoral. Apesar disso, Lula fez críticas ao ditador Nicolás Maduro e disse que o comportamento dele "deixa a desejar".

"Acho que o comportamento do Maduro é um comportamento que deixa a desejar. Acho que aqui no Brasil, a gente aprendeu a fazer democracia com muito sofrimento. E você vê que, quando o cara é extremista, ele não aceita a derrota", comentou Lula, em entrevista à Rádio Difusora Goiânia nesta sexta-feira, 6.

O presidente brasileiro voltou a dizer que não reconhece a vitória de Maduro no processo eleitoral, mas tampouco reconhece que a oposição ao regime venceu. Na avaliação do petista, há duas soluções para o país vizinho: chamar novas eleições ou "fazer uma coalizão para que pudesse conviver democraticamente".

"Não reconheci o resultado eleitoral da Venezuela apenas exigindo que o Maduro tivesse entregue as atas para o Conselho Nacional Eleitoral, que tinha três membros do governo e dois da oposição. Ele preferiu não passar pelo colégio eleitoral e foi direto para a Suprema Corte. Então, eu me senti no direito de dizer que não reconheci aquilo resultado eleitoral, porque não estava correto", contou Lula. Em sua avaliação, Maduro deveria convocar nova eleição para provar o resultado.

Diante do impasse, Brasil e Colômbia estão trabalhando juntos em torno da questão. "Não aceitamos o resultado das eleições, mas não vou romper relações, e também não concordo com a punição unilateral, bloqueio. Porque o bloqueio não prejudica o Maduro, prejudica o povo. E acho que o povo não deve ser vítima disso", disse o presidente brasileiro.

Na fala, Lula evitou chamar o regime de Maduro de "ditadura", mas classificou como um "rolo". Diante dos posicionamentos que tem tido sobre o assunto, o presidente brasileiro reconheceu que há discordâncias nos partidos de sua base.

"Aqui no Brasil, grande parte dos partidos que estão no meu governo não me apoiaram. E tem muita gente no meu governo", disse o presidente.

Ele, porém, disse que "precisa governar" e, para isso, precisa ter maioria nas votações na Câmara e no Senado.

Em outra categoria

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) vem pagando a seus juízes e desembargadores remunerações acima do limite permitido pela Constituição. Mesmo estourando o teto do funcionalismo público, os valores são repassados aos magistrados da Corte.

A reportagem pediu manifestação sobre os pagamentos fora do teto, mas o tribunal estadual não havia respondido até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

O Estadão levantou os contracheques de todos magistrados de Minas Gerais em 2024. O volume de remunerações dentro do teto constitucional do funcionalismo não chega a 3%. Os outros 97% excedem R$ 44 mil brutos, valor que deveria ser o limite remuneratório para qualquer servidor público no Brasil.

O teto de R$ 44 mil brutos corresponde ao que ganha atualmente um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Isso significa que a imensa maioria dos juízes e desembargadores mineiros recebe mais do que os ministros da mais alta Corte do País.

Dezembro desponta como o mês com os holerites mais vultosos. Nesse mês, os magistrados de Minas Gerais receberam, em média, R$ 214 mil cada um. O valor é o da remuneração líquida, ou seja, o dinheiro que efetivamente caiu na conta após descontos.

Maiores

Ao longo do ano passado, 32 magistrados do TJ de Minas tiveram contracheques acima de R$ 300 mil, também em valores líquidos. O maior holerite de 2024 pertence ao juiz Amaury Silva, da 6.ª Vara Cível da Comarca de Governador Valadares, que recebeu R$ 495,3 mil em junho.

Completam o "top 3" dos maiores contracheques o juiz Flávio Prado Kretli, que recebeu R$ 461,8 mil em novembro, e a juíza Silmara Silva Barcelos, com R$ 430,1 mil no último mês do ano.

Vantagens

Os contracheques na Corte foram inflados pelas chamadas "verbas complementares" - indenizações, direitos pessoais e direitos eventuais. As verbas indenizatórias (como auxílios para transporte, alimentação, moradia e saúde) e as vantagens eventuais (como 13.º salário, reembolso por férias atrasadas e eventuais serviços extraordinários prestados) são contadas fora do teto, o que abre caminho para o pagamento de "supersalários". Esses auxílios também não sofrem incidência de Imposto de Renda.

Além disso, magistrados têm direito a 60 dias de descanso remunerado por ano - fora o recesso de fim de ano e feriados. É comum que eles usem apenas 30 dias, sob o argumento de excesso de trabalho e acúmulo de ações. Posteriormente, passam a receber esse "estoque", a título de indenização de férias não gozadas a seu tempo.

Todos os pagamentos estão previstos expressamente na Lei Orgânica da Magistratura, em regimentos internos dos tribunais e em legislações.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um ano após ser preso sob suspeita de envolvimento no assassinato do advogado Roberto Zampieri - apontado como 'lobista dos tribunais' - o coronel reformado do Exército Etevaldo Caçadini de Vargas se vê acuado em uma outra ação, na qual é acusado de ligação com os atos golpistas do 8 de Janeiro. Ex-subsecretário de Integração de Segurança Pública de Minas (2019), Caçadini recorreu ao Superior Tribunal Militar em uma tentativa de se livrar de possível julgamento no Supremo Tribunal Federal por incitar a "animosidade entre as Forças Armadas e os Poderes Constitucionais". No STF, o relator dos autos do 8 de Janeiro é o ministro Alexandre de Moraes.

Caçadini nega os crimes. Em um deles ele é apontado como 'intermediário' na contratação de um pistoleiro para matar Zampieri em dezembro de 2023 em Cuiabá. O mandante teria sido um fazendeiro. O arquivo de conversas por WhatsApp no celular do advogado levou a outra pista, a de um suposto esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Mato Grosso - a investigação mostra que os contatos e acertos de Zampieri se espraiaram até o Tribunal de Mato Grosso do Sul e chegaram a gabinetes de ministros do Superior Tribunal de Justiça.

O outro crime atribuído ao coronel é de incitar a "animosidade entre as Forças Armadas e os Poderes Constitucionais", no caso, um golpe. Seus advogados buscam reverter no Superior Tribunal Militar uma decisão de primeira instância da Justiça Militar que remeteu ao Supremo a ação penal aberta em maio do ano passado contra ele.

Nessa ação ele é formalmente acusado de "incitar a desobediência e a indisciplina militar, ao propalar fatos capazes de ofender a dignidade das Forças Armadas e ao imputar ao comandante do Exército fato ofensivo à sua reputação". A Procuradoria militar imputa a ele os crimes de incitamento, ofensa às Forças Armadas e difamação - todos os delitos previstos no Código Penal Militar.

O caso foi remetido ao STF após a Justiça Militar entender que as condutas imputadas a Caçadini "teriam sido praticadas no contexto" dos atos golpistas do 8 de Janeiro, quando extremistas invadiram e depredaram a sede dos Três Poderes em Brasília.

A decisão de subir o caso ao Supremo atendeu um pedido do Ministério Público Militar, que argumentou que as condutas do coronel reformado "teriam sido praticadas no contexto dos fatos ocorridos no dia '8 de janeiro de 2023', após o pleito eleitoral de 2022, indicando conotação político-ideológica".

A Procuradoria defendeu inclusive que o militar seja processado não por incitamento, mas por incitação ao crime (delito previsto no Código Penal), vez que se visava "objetivava promover, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas e os Poderes Constitucionais".

Os advogados de Caçadini pedem ao STM que reverta a decisão e que o coronel seja julgado pela Justiça Militar e não pelo STF. A defesa alegou que os vídeos questionados pelo MP foram publicados da metade de janeiro de 223 para frente, ou seja, após o dia 8 de janeiro - " não podendo ser uma das inúmeras causas, portanto, dos lamentáveis acontecimentos de Brasília".

O recurso de Caçadini foi remetido à Corte superior militar em dezembro. O Estadão apurou que a tendência é que a ação penal contra o coronel seja mantida sob a alçada do Supremo.

Tanto o STF como o STM têm precedentes nesse sentido. Em 2023, o Supremo fixou sua competência para processar e julgar crimes que culminaram no 8 de Janeiro, independente de os investigados serem civis ou militares, das Forças Armadas ou dos Estados.

A jurisprudência foi invocada, por exemplo, na decisão que mandou para o STF a investigação sobre coronéis supostamente responsáveis pela 'Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro'. O documento visava pressionar o general Freire Gomes, então comandante do Exército, a aderir a um golpe de Estado que teria sido gestado no governo Jair Bolsonaro.

Essa ação penal em que Caçadini é réu tem como base publicações que ele fez em suas redes sociais em janeiro de 2023, tanto via grupos de WhatsApp como em páginas que administra no Youtube e Instagram, denominadas 'Frente Ampla Patriótica'.

Segundo o Ministério Público Militar, os conteúdos "incitam a quebra da hierarquia e disciplina militar, além de ofenderem a dignidade das Forças Armadas".

Ao denunciar Caçadini, a Procuradoria Militar narrou que o coronel, "descontente com a atuação das Forças Armadas, particularmente do Exército Brasileiro, que teria "passado pano" para o que aconteceu no final de 2022, com a eleição do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou a sugerir que os manuais militares foram feitos para serem rasgados e que a hierarquia e a disciplina podem ser quebradas em determinadas situações, incitando, dessa forma, a desobediência e a indisciplina militar".

Em uma publicação, o militar escreveu: "Os Traidores da Pátria!!! Nós brasileiros e patriotas não podemos esquecer jamais de duas datas a partir de 2023: a virada do ano com a traição das FFAA e o Dia 8 Janeiro. Mas vamos voltar às ruas e dizer quem manda neste País: O POVO!!!?".

De acordo com a Procuradoria, em outro vídeo Caçadini "ofendeu a reputação" do atual comandante do Exército, general Tomás Paiva, o acusando de "omissão e traição por colocar seus objetivos pessoais acima dos interesses da instituição, abandonando o patriotismo e a ética".

Caçadini se tornou réu na ação penal do 8 de JAneiro quando estava preso em razão da outra acusação, que lhe atribui ligação com o assassinato a tiros do advogado Roberto Zampieri, o 'lobista dos tribunais', em dezembro de 2023. A investigação é conduzida pela Polícia Federal com supervisão do ministro Cristiano Zanin, do Supremo.

Caçadini foi identificado pelo assassino confesso de Zampieri, o 'capelão' Antônio Gomes da Silva, como o homem que lhe pagou um sinal de R$ 20 mil que havia sido combinado pela execução do advogado de Cuiabá.

Segundo o pistoleiro contou à Polícia, o coronel fez a intermediação entre ele, o instrutor de tiro que 'contratou' o crime e o fazendeiro suspeito de ser o mandante.

No celular do coronel, a Polícia encontrou informações relacionadas ao assassinato de Zampieri: foto da certidão de óbito do advogado, foto do instrutor de tiro e uma imagem da caixa em que foi escondida a pistola 9 milímetros usada para o crime.

Também foram anexados aos autos outros arquivos resgatados no celular do coronel Caçadini, como imagens do 'capelão' no hotel onde ficou hospedado antes do assasssinato e trechos do inquérito policial.

O prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), anunciou um pacote de medidas para contenção de despesas na capital cearense, incluindo a redução de 20% em seu próprio salário e nos vencimentos do primeiro escalão do Executivo municipal. A medida foi oficializada nesta quarta-feira, 15, para reequilibrar as contas públicas, segundo o prefeito.

O salário bruto do chefe do Executivo, que era de R$ 28.600,00, passa agora a R$ 22.880,00. A vice-prefeita Gabriella Aguiar (PSD), que recebia R$ 25.700,00, terá os vencimentos reduzidos para R$ 20.560,00, enquanto os secretários, anteriormente com salários de R$ 22.300,00, passam a receber R$ 17.840,00. Essas mudanças integram um plano que visa economizar R$ 500 milhões ao longo de um ano.

Entre as medidas anunciadas, estão a suspensão de licitações e contratos considerados não essenciais, a redução de 30% nos gastos com servidores terceirizados e de 25% com pessoal contratado por cooperativas. Também estão previstos cortes de 50% nas gratificações por Trabalho Relevante, Técnico ou Científico (TTR) e a reavaliação de contratos de locação de imóveis.

A cidade tem um déficit de R$ 2 bilhões, o que motivou a necessidade de ajustes imediatos, segundo o prefeito. As medidas, afirmou, não afetarão o funcionamento das políticas públicas. Evandro Leitão disse que os cortes incidem sobre "gorduras acumuladas ao longo dos anos, que agora iremos eliminar".

Entidades sociais que prestam serviços à administração pública também serão impactadas, com uma redução de 25% no valor dos contratos. No entanto, serviços essenciais, como os ligados à saúde e à segurança pública, terão prioridade e continuarão funcionando normalmente.

O pacote ainda inclui a suspensão de diárias e horas extras para servidores, terceirizados e colaboradores, com exceção de setores como a Secretaria Municipal de Saúde, o Instituto Dr. José Frota e a Guarda Municipal. A contenção de gastos também abrange a suspensão de apoio financeiro a eventos e patrocínios.

A prefeitura de Fortaleza estima movimentar cerca de R$ 2 bilhões em operações de crédito, amortizações e pagamentos a fornecedores. Segundo Leitão, o momento exige "planejamento e ajustes" para garantir a continuidade das políticas públicas.