Guerra interna por poder de Cartel de Sinaloa eclode no México

Internacional
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Uma guerra interna do Cartel de Sinaloa se desencadeou nesta semana no México, depois que um de seus fundadores, que se declarou inocente em Nova York nesta sexta-feira, 13, de uma acusação de 17 acusações de assassinato e tráfico de drogas, foi preso em julho. De um lado, o povo de Los Chapitos, os filhos de Joaquín El Chapo Guzmán, e de outro, os leais a El Mayo, disputam o poder na capital do Estado de Sinaloa, Culiacán.

Até quinta-feira, 12, as autoridades estaduais haviam relatado pelo menos 12 mortos, 11 pessoas com ferimentos a bala, 20 relatos de pessoas desaparecidas e 31 casos de roubos de carros. O jornal mexicano El Universal descreveu Culiacán como uma cidade "paralisada em meio aos confrontos - escolas foram fechadas, comemorações do dia da independência de Culiacán neste fim de semana foram canceladas e comerciantes optaram por permanecer de portas fechadas, à medida que criminosos trocavam tiros a luz do dia.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, pediu nesta sexta-feira às facções em guerra que ajam "de forma responsável" para evitar mais morte após a semana de violência crescente. Questionado por um jornalista se confiava que os cartéis atenderiam ao seu apelo, López Obrador respondeu de forma direta: "O presidente do México sempre é ouvido."

"Mesmo pelos criminosos?" insistiu o jornalista. "Por todos, ainda mais quando se tem autoridade moral", respondeu o presidente.

Membros da Guarda Nacional do México foram destacados para Sinaloa, no noroeste do país, em meio à escalada de violência.

Julgamento em Nova York

Nesta sexta-feira em Nova York, nos Estados Unidos, Ismael "El Mayo" Zambada, o poderoso líder do cartel de drogas de Sinaloa se declarou inocente em um caso federal de tráfico de drogas, no qual é acusado de participar de planos de assassinato e ordenar torturas. Durante uma audiência judicial, com a ajuda de um intérprete de espanhol, Zambada falou pouco, respondendo apenas brevemente às perguntas habituais do juiz sobre se ele entendia os documentos e procedimentos. Seus advogados declararam sua inocência em seu nome.

Fora do tribunal, Frank Perez, advogado de Zambada, afirmou que seu cliente não estava considerando a possibilidade de um acordo com o governo, e que esperava que o caso fosse a julgamento. "É um caso complexo", disse ele.

Procurado pelas autoridades americanas por mais de duas décadas, Zambada foi preso nos Estados Unidos em 25 de julho, quando chegou em um avião particular em um aeroporto nos arredores de El Paso, Texas, acompanhado de outro chefe fugitivo, Joaquín Guzmán López, de acordo com autoridades federais. Zambada afirmou posteriormente, em uma carta, que foi sequestrado no México e levado aos Estados Unidos por Guzmán López, filho do cofundador do cartel de Sinaloa, Joaquín "El Chapo" Guzmán. O advogado de Zambada não deu detalhes sobre essas alegações.

Agora há uma disputa pelo poder entre os filhos restantes de El Chapo, conhecidos localmente como "os Chapitos", e aqueles leais a Zambada. Desde 25 de julho, 75 homicídios dolosos foram registrados. O número real de vítimas dos confrontos entre as facções pode ser maior do que o reportado pelas autoridades, pois os cartéis muitas vezes recolhem seus próprios mortos.

O juiz federal James Cho ordenou que Zambada permanecesse preso até o julgamento. Seus advogados não solicitaram fiança, e a promotoria federal pediu que ele continuasse detido. "Ele era um dos capos do narcotráfico mais poderosos do mundo, se não o mais poderoso", disse o vice-procurador federal Francisco Navarro. "Ele foi cofundador do cartel de Sinaloa e liderou o tráfico de narcóticos por décadas."

Zambada, de 76 anos, compareceu ao tribunal de cadeira de rodas no mês passado, e foi auxiliado por policiais federais ao caminhar até a sala do tribunal federal no Brooklyn. Após a breve audiência, ele se levantou com ajuda, mas depois caminhou lentamente sem precisar de assistência. Perez afirmou que Zambada estava saudável e "de bom humor".

Zambada também se declarou inocente das acusações em audiências anteriores no Texas. Sua próxima audiência está marcada para 31 de outubro.

De acordo com as autoridades, Zambada e "El Chapo" Guzmán expandiram o cartel de Sinaloa de uma organização regional para um grande fabricante e traficante de cocaína, heroína e outras substâncias ilícitas para os Estados Unidos. A Agência de Combate às Drogas dos EUA (DEA) descreveu a derrota do cartel como uma das principais prioridades operacionais. Zambada sempre foi considerado o estrategista e negociador do grupo, sendo uma figura menos extravagante que Guzmán. Até sua prisão em julho, ele nunca havia estado atrás das grades.

"O dia de ser julgado em um tribunal americano chegou, e a justiça será feita", disse Breon Peace, procurador federal no Brooklyn, em comunicado divulgado na sexta-feira.

Em outra categoria

O ex-vice-governador de Minas Gerais Antônio Andrade (MDB) morreu na manhã desta quarta-feira, 5, aos 71 anos. Ele integrou o governo de Fernando Pimentel (PT) no mandato 2015/2019.

Entre 2013 e 2014, Antônio Andrade foi ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do governo Dilma Rousseff (PT). Ele também ocupou uma cadeira na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) por três mandatos consecutivos, entre os anos de 1994 e 2002, e foi deputado federal de 2006 a 2014.

Andrade passou seus últimos anos de vida na cidade de Vazante, no noroeste mineiro, de onde foi prefeito entre 1989 a 1992. De acordo com a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o corpo dele será velado na Câmara Municipal de Vazante e sepultado na mesma cidade. A causa da morte não foi divulgada.

Ele era engenheiro de formação e atuou também no agronegócio, como produtor rural. Durante sua trajetória política, sempre foi filiado ao MDB.

Em seu perfil no X (antigo Twitter), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse ter recebido a notícia da morte com tristeza. "Meus sentimentos à família e aos amigos", escreveu.

O deputado federal Newton Cardoso Jr. (MDB-MG), presidente da sigla no Estado, publicou uma nota de pesar no Instagram. "Será sempre lembrado por nós, emedebistas, pelo seu trabalho, fidelidade e dedicação ao partido", disse. Ele também afirmou que Antônio Andrade contribuiu "para o desenvolvimento do agronegócio no País".

A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), lidera o ranking de aprovação entre os chefes de Ministérios do governo Lula, de acordo com uma pesquisa da AtlasIntel. O levantamento aponta que Tebet é a mais bem avaliada pelos brasileiros, enquanto o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, registra a maior rejeição.

Com 62% de aprovação, Tebet se destaca como a ministra mais bem avaliada, seguida por Mauro Vieira, das Relações Exteriores, e Macaé Evaristo, dos Direitos Humanos e Cidadania, ambos com 54%. Wellington Dias, responsável pela Assistência Social, aparece com 51%, enquanto Ricardo Lewandowski, da Justiça, soma 47% de aprovação.

Na outra ponta, Juscelino Filho lidera a rejeição, sendo avaliado negativamente por 70% dos entrevistados. Anielle Franco, da Igualdade Racial, aparece em seguida, com 59% de reprovação. Já Fernando Haddad, da Fazenda, Carlos Lupi, da Previdência Social, e André Fufuca, dos Esportes, registram um índice de desaprovação de 55% cada.

A pesquisa ouviu 2.595 pessoas entre os dias 24 e 27 de fevereiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.

O levantamento também questionou os entrevistados sobre a necessidade de uma reforma ministerial no governo Lula. A maioria, 58%, afirmou que o presidente deve promover mudanças na equipe, enquanto 30% defenderam a manutenção dos atuais ministros e 12% não souberam opinar.

Quando perguntados sobre o impacto dessas possíveis alterações, 51% acreditam que trocas na equipe podem melhorar o governo, ao passo que 29% consideram que não haveria diferença significativa, e 20% não souberam responder.

Entre as prioridades para uma eventual reforma, a melhoria na articulação política foi apontada como a mais urgente, mencionada por 34% dos entrevistados. Em seguida, aparecem a busca por maior eficiência na gestão pública (28%) e a substituição de ministros com altos índices de rejeição (22%).

O presidente Lula deu início a sua reforma ministerial na última semana. Nísia Trindade deixou o comando do Ministério da Saúde, sendo substituída por Alexandre Padilha, que, por sua vez, abriu espaço para Gleisi Hoffmann assumir a Secretaria de Relações Institucionais.

O Brasil caiu seis posições no ranking global de democracia (Democracy Index) de 2024, elaborado pela empresa de inteligência da The Economist, ficando agora no 57º lugar.

No capítulo dedicado ao Brasil, intitulado 'democracia brasileira em risco', o estudo afirma que a polarização política aumentou na última década e gerenciar o impacto das plataformas de mídia social na democracia brasileira tem sido problemático, o que levou a Suprema Corte a "passar do limite".

O documento diz que a questão chegou ao auge em agosto de 2024, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou o bloqueio à empresa de mídia social X porque representava uma "ameaça direta à integridade do processo democrático" antes das eleições locais nacionais de outubro de 2024.

"Restringir o acesso a uma grande plataforma de mídia social dessa forma por várias semanas não tem paralelo entre países democráticos. A censura de um grupo de usuários ultrapassou os limites do que pode ser considerado restrições razoáveis à liberdade de expressão, especialmente no meio de uma campanha eleitoral", argumenta o texto. E acrescenta: "Tornar certos discursos ilegais, com base em definições vagas, é um exemplo de politização do judiciário".

Na sequência, a The Economist cita um levantamento do Latinobarómetro de 2023 sobre liberdade de expressão que apontou que 64% dos brasileiros afirmaram que ela "é mal garantida ou não é garantida", porcentual que estaria acima da média regional de 45%.

Além disso, 62% dos brasileiros dizem que não expressam suas opiniões sobre os problemas que o País enfrenta, ficando atrás apenas de El Salvador e bem acima da média regional de 44%.

A pontuação do Brasil, segundo a pesquisa, também foi afetada negativamente por novos detalhes da "suposta tentativa de golpe" em 2022 contra o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e membros do STF, que teria sido organizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e membros do alto escalão das Forças Armadas, que negam irregularidades.

"O plano de golpe também sugere que há uma tolerância perturbadora à violência política no Brasil que está ausente em democracias mais consolidadas", afirma a pesquisa.

O ranking de democracia da The Economist é liderado pela Noruega, seguido pela Nova Zelândia e Suécia. Coreia do Norte, Mianmar e Afeganistão ocupam as três ultimas posições, de uma lista de 167 países.