Suposto atirador de Trump pediu em livro que o Irã matasse ex-presidente dos EUA

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Ryan Wesley Routh, o homem detido por supostamente tentar atirar em Donald Trump no domingo, 15, se apresentou na internet como um construtor de casas para pessoas sem teto no Havaí, recrutador de combatentes para Ucrânia se defender da Rússia e descreveu seu apoio e, posteriormente, desdenho a Trump - chegando a até incitar o Irã a matar o ex-presidente.

"Vocês são livres para assassinar Trump", Routh escreveu sobre o Irã em um livro que publicou de maneira independente em 2023, A Guerra Impossível de Vencer da Ucrânia, no qual descreve o ex-presidente como um "idiota" e "bufão" por causa da invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 e pelo "tremendo erro" de ter deixado o acordo nuclear com o Irã.

Routh escreveu que uma vez ele votou no Trump e deve assumir parte da culpa pela "criança que nós elegemos pelos próximos quatro anos que acabou sendo desprovida de cérebro."

O homem, de 58 anos, foi preso no domingo e indiciado nesta segunda-feira, 16, depois de autoridades afirmarem que ele perseguiu Trump enquanto o candidato republicano jogava golfe em West Palm Beach, Florida, com um rifle AK-47 em uma aparente tentativa de assassinato interrompida pelo Serviço Secreto.

Por meio de sua extensa presença na internet, registros públicos, entrevistas à imprensa e vídeos, o que emergiu foi uma imagem de Routh como um homem com um passado criminal, cheio de indignação e opiniões que variam da esquerda à direita, incluindo apoio a Bernie Sanders, Tulsi Gabbard, Nikki Haley e Trump.

Registros de eleitores mostram que ele se registrou como eleitor não filiado na Carolina do Norte em 2012, tendo votado presencialmente pela última vez nas primárias democratas do Estado em março. Routh também fez 19 pequenas doações totalizando US$ 140 desde 2019 para o ActBlue, um comitê de ação política que apoia candidatos democratas, de acordo com registros federais de financiamento de campanhas.

Em um post no X, na época Twitter, em junho de 2020, depois de um policial matar George Floyd, Routh disse que o então presidente Trump poderia ser reeleito emitindo uma ordem executiva para processar a má conduta policial. No entanto, nos últimos anos, suas postagens parecem ter se voltado contra Trump, e ele expressou apoio a Joe Biden e a Kamala Harris. "A DEMOCRACIA está em jogo e não podemos perder", escreveu ele no X em abril, em apoio a Biden.

Em julho, após a tentativa de assassinato de Trump no comício na Pensilvânia, uma postagem na conta de Routh pediu a Biden e Kamala que visitassem os feridos no tiroteio e comparecessem ao funeral do bombeiro que foi morto. "Trump nunca fará nada por eles", escreveu Routh.

Em seu livro, listado na Amazon, Routh disse: "Fico tão cansado das pessoas me perguntarem se sou democrata ou republicano, pois me recuso a ser colocado em uma categoria". O mundo seria melhor se fosse governado por mulheres, escreveu ele no livro, que contém links para seu site e sua conta no X, porque "parece que a totalidade dos problemas do mundo gira em torno de homens com insegurança massiva e inteligência e comportamento infantis".

Protestos pela Ucrânia e tweet para Bruno Mars

Ele postava com frequência nas redes sociais sobre a Ucrânia e outros conflitos, e tinha um site que buscava arrecadar dinheiro e recrutar voluntários para lutar por Kiev. Uma foto de Routh, magro e com cabelo bagunçado, em seu site o mostra sorrindo, vestindo uma camiseta e uma jaqueta com bandeiras dos EUA. "Isso é sobre o bem contra o mal", disse Routh em um vídeo que circula online. E em um tweet, ele disse: "Vou lutar e morrer pela Ucrânia".

Um vídeo filmado pela AP mostrou Routh em uma pequena manifestação na Praça da Independência de Kiev em abril de 2022, dois meses após o presidente russo Vladimir Putin ordenar a invasão do país. Um cartaz que ele segurava dizia: "Não podemos tolerar corrupção e mal por mais 50 anos. Acabem com a Rússia pelos nossos filhos". No mesmo dia, ele também visitou um memorial improvisado para "Estrangeiros mortos por Putin."

No entanto, Routh nunca serviu no exército ucraniano nem trabalhou com suas forças militares, disse Oleksandr Shahuri, do Departamento de Coordenação de Estrangeiros do Comando das Forças Terrestres Ucranianas. Shahuri disse à AP que Routh contatou periodicamente a Legião Internacional da Ucrânia com o que descreveu como "ideias sem sentido" que "podem ser melhor descritas como delirantes".

Routh apareceu em um vídeo em frente ao Capitólio dos EUA expressando frustração porque a Ucrânia não estava aceitando mais dos comandos afegãos que ele tentou recrutar. "Eles têm medo de que qualquer um e todos sejam espiões russos", disse ele ao site de notícias Semafor em 2023.

No início deste ano, ele até tuitou para os cantores Bruno Mars e Dave Matthews para organizar um esforço no estilo "We are the World" em prol de Kiev. "Precisamos de uma canção de tributo emocional para a Ucrânia, já que o apoio está estagnado", escreveu ele. "Tenho letras e música."

Routh também tuitou para o ex-jogador de basquete Dennis Rodman, pedindo ajuda para suspender as sanções contra a Coreia do Norte e aliviar as tensões com o país. Em outro tweet, ele convidou uma dúzia de manifestantes em Hong Kong para ficar em sua casa no Havaí e escapar da repressão chinesa.

Vida no Havaí

Routh viveu a maior parte de sua vida em Greensboro, Carolina do Norte, onde teve vários confrontos com a lei, incluindo uma condenação por crime em 2002 por supostamente possuir "uma metralhadora totalmente automática". Embora os registros do tribunal não forneçam detalhes sobre o caso, o Greensboro News & Record relatou que a prisão ocorreu depois que Routh fugiu de uma blitz de trânsito e resistiu à polícia por três horas com a arma em uma empresa de telhados. Registros estaduais o listavam como o proprietário da empresa.

Os registros também mostram que Routh foi condenado por posse de bens roubados em 2010, além de contravenções, incluindo porte ilegal de arma, atropelamento e fuga, excesso de velocidade e dirigir com a carteira revogada. Registros do tribunal do caso de 2010 indicam que detetives determinaram que Routh estava armazenando materiais de construção roubados e outros itens em um depósito de sua empresa de telhados, onde morava na época.

O dinheiro da venda dos bens roubados foi usado para comprar crack, de acordo com um depoimento da polícia usado para obter um mandado de busca. Em ambos os casos de crime, os registros do tribunal mostram que os juízes sentenciaram Routh à liberdade condicional ou a uma sentença suspensa, permitindo que ele escapasse da prisão.

Ainda não se sabe como Routh conseguiu obter uma arma. Na maioria dos Estados americanos, geralmente é proibido que uma pessoa condenada por crime compre ou possua uma arma de fogo.

Em 2018, Routh mudou-se para a pequena cidade de Kaaawa, no Havaí, a cerca de 45 minutos de Honolulu, para entrar no negócio com seu filho adulto, construindo pequenos galpões de madeira. De acordo com sua página no LinkedIn, as estruturas ajudariam a "resolver a maior taxa de desabrigados nos Estados Unidos devido à gentrificação sem precedentes."

"Estamos todos cansados de ver as pessoas desabrigadas por toda a ilha sem ter para onde ir", disse ele ao Star-Advertiser de Honolulu em 2019.

Ninguém atendeu à porta no domingo em sua casa azul perto da praia, pintada de forma colorida com recortes de madeira de peixes. Uma caminhonete branca com um adesivo de para-choque Biden-Kamala e um pneu furado estava na entrada. O vizinho Christopher Tam disse que Routh era reservado, respeitoso, cordial e gentil. "Tem sido muito surpreendente", disse Tam. "Se ele teve algo a ver com isso, é muito chocante para nós."

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O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, afirmou nesta segunda-feira, 18, que a repercussão das declarações da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, sobre o bilionário Elon Musk ganhou uma dimensão maior do que deveria, e que o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva já tinha emitido uma declaração a respeito.

"O Brasil é cruel com as mulheres. Se fosse um homem que tivesse falado o mesmo, não teria a mesma repercussão. Acho que já foi superado, de forma nenhuma vai virar problema diplomático, temos que virar a página", defendeu Teixeira a jornalistas, após participar do primeiro dia da cúpula de líderes do G20, no Rio de Janeiro.

Durante um dos eventos do G20 Social, no fim de semana, Janja xingou Musk durante sua participação em uma mesa de debates. "Eu não tenho medo de você. Inclusive, fuck you, Elon Musk", disse Janja, na ocasião.

O Senado encerrou a votação do projeto de lei complementar que regulamenta as emendas parlamentares nesta segunda-feira, 18, e vai devolver o texto para a Câmara dos Deputados.

Os senadores aprovaram três modificações em relação ao texto-base. Pelo fato de o texto ter sido alterado, tem de ser votado novamente pelos deputados antes de ser enviado à sanção presidencial.

O Palácio do Planalto chegou a um acordo com o relator e retomou a redação original do trecho que trata do limite para o crescimento das emendas parlamentares.

O relator, senador Angelo Coronel (PSD-BA), concordou em retirar um dispositivo que abria uma brecha para que emendas ficassem de fora do limite que o projeto impõe (crescimento seguindo as regras do arcabouço fiscal ou apenas pela inflação). O dispositivo incluído por Coronel dizia que o limite "compreende todas as emendas parlamentares aos projetos de lei orçamentária anual em despesas primárias, ressalvadas aquelas emendas previstas na alínea a, inciso III, ? 3º, art. 166 da Constituição Federal e aquelas que não sejam identificadas nos termos do caput deste artigo, desde que sejam de interesse nacional ou regional e não contenham localização específica, exceto na hipótese de programação".

Por outro lado, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi derrotado em dois dispositivos. A maior derrota foi a retirada da possibilidade de o Poder Executivo realizar o bloqueio dos recursos de emendas parlamentares. Com a mudança aprovada pelos parlamentares, esses recursos poderão apenas ser contingenciados.

O texto do relator incluía a possibilidade de as emendas parlamentares serem bloqueadas. Na Câmara, os deputados aprovaram a permissão apenas para o contingenciamento.

Na prática, o contingenciamento acontece quando há frustração de receitas. O bloqueio, por sua vez, acontece quando os gastos crescem além do permitido.

Os dois são cortes temporários de despesas que podem ser revertidos ao longo do ano, mas o motivo que leva a cada um deles está no cerne do debate.

Os parlamentares da oposição - e de vários partidos de centro - alegam que a possibilidade de bloquear os recursos das emendas daria mais poder ao Poder Executivo na negociação com o Congresso, já que haveria mais margem para o corte temporário.

Senado derruba obrigatoriedade de aplicação de ao menos 50% das emendas de comissão na saúde

O Senado derrubou a obrigatoriedade de aplicação de ao menos 50% das emendas de comissão em investimentos em saúde. Os senadores rejeitaram, por 39 votos a 25, o dispositivo que estabelecia esse porcentual mínimo.

Trata-se de mais uma derrota do governo, que orientou o voto a favor da manutenção do texto do relator, o senador Angelo Coronel (PSD-BA). Esse porcentual mínimo para saúde já estava previsto no texto aprovado pelos deputados.

O destaque foi apresentado pelo União Brasil, partido da base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O argumento para derrubar o porcentual mínimo para a saúde foi permitir a distribuição conforme prioridades definidas pelos parlamentares.

Por se tratar de um destaque supressivo (os autores pretendiam retirar um trecho do texto-base), era preciso reunir 41 votos para manter o dispositivo.

Com essas mudanças, o texto será encaminhado à Câmara dos Deputados, onde pode ser analisado nesta semana.

A Controladoria-Geral da União (CGU) anunciou nesta segunda-feira, 18, uma série de alterações no Portal da Transparência, plataforma oficial destinada à divulgação dos gastos públicos do governo federal. A principal inovação é a implementação de novos recursos que ampliam a capacidade de monitoramento dos repasses de emendas parlamentares.

A reformulação foi uma resposta à determinação do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que, no âmbito dos processos relacionados à inconstitucionalidade de emendas do "orçamento secreto", ordenou que os recursos tivessem maior grau de rastreabilidade.

Com as atualizações, agora é possível acessar informações sobre as emendas de forma mais detalhada, como consultar os convênios que recebem os repasses, verificar quais beneficiários receberam as emendas, e ainda consultar documentos relacionados às despesas. Além disso, foram criados filtros de busca que permitem rastrear as emendas por região e tipo de recurso, facilitando o controle social sobre esses gastos.

Vinícius Marques de Carvalho, ministro da CGU, destacou que todas as medidas de transparência exigidas pelo STF foram cumpridas pela Controladoria. "O Portal da Transparência é uma importante conquista da sociedade brasileira e está completando 20 anos", afirmou.

Além da atualização no portal, Flávio Dino também determinou à CGU a realização de auditorias para avaliar a eficiência e os riscos associados às emendas. O ministério realizará ainda uma inspeção em 20 municípios que receberam repasses de comissões, além de revisar os repasses feitos a organizações não governamentais (ONGs).

Essa movimentação segue a decisão do STF, em dezembro de 2022, que declarou as emendas RP 8 e RP 9 (tipos de emendas de relator, apelidadas de "orçamento secreto") inconstitucionais. Após essa decisão, o Congresso Nacional aprovou uma resolução que alterou as regras de distribuição de recursos por meio das emendas de relator, ajustando-se às determinações da Corte. No entanto, o PSOL, partido que questionou a constitucionalidade das emendas, afirmou que a mudança ainda não está sendo completamente cumprida.

Após a aposentadoria da ministra Rosa Weber, que era a relatora original do caso, o ministro Flávio Dino assumiu a condução das ações. Em agosto deste ano, ele decidiu suspender os repasses de emendas e exigiu a rastreabilidade dos recursos, além de mandar auditar os repasses feitos pelos parlamentares através do orçamento secreto.