Relatório aponta erros em atentado de julho

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O Serviço Secreto dos EUA admitiu nesta sexta, 20, uma série de falhas de segurança ao revisar sua atuação no comício do ex-presidente Donald Trump, em 13 de julho, que acabou com uma tentativa de assassinato do republicano.

Um relatório, feito pelo próprio Serviço Secreto, divulgado ontem, é o primeiro sobre o ataque. Na ocasião, Trump realizava um comício na cidade de Butler, na Pensilvânia, quando foi alvo de um tiro, que acertou de raspão sua orelha direita.

A análise interna constatou que os agentes não usaram a tecnologia que poderia ter detectado o agressor quando ele sobrevoou o local do comício com um drone antes do ataque. A equipe de proteção de Trump também não tinha ideia de que a polícia estava procurando freneticamente por uma pessoa suspeita, até que os tiros foram disparados contra a multidão.

Fracasso

O atirador, Thomas Matthew Crooks, abriu fogo de um terraço próximo do palanque. O Serviço Secreto, principal agência encarregada da segurança de presidentes, ex-líderes e outras autoridades de alto escalão dos EUA, nunca orientou a polícia local a vigiar um telhado próximo, embora os atiradores estivessem dispostos a fazê-lo, segundo o relatório.

A diretora do Serviço Secreto, Kimberly Cheatle, admitiu que se tratou do "maior fracasso operacional em décadas". Ela renunciou ao cargo dias depois do atentado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos, disse "não ser aceitável" propor anistia a pessoas que atentam contra o Estado Democrático de Direito. A declaração foi dada durante entrevista coletiva à imprensa encerrada nesta quinta-feira, 14, para prestar esclarecimentos sobre as explosões na Praça dos Três Poderes na noite de quarta-feira, 13. Um homem atirou explosivos contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e, em seguida, se matou.

Passos disse que faz "coro" às palavras do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, que mais cedo mandou recado ao Congresso sobre a proposta de anistia aos envolvidos na invasão dos prédios dos Três Poderes no 8 de Janeiro de 2023, em tramitação na Câmara, dizendo não ser possível pacificação com "anistia a criminosos".

"Não é aceitável que se proponha anistia para esse tipo de pessoa", declarou Passos na entrevista. "Hoje, o ministro Alexandre de Moraes já comentou esse assunto e faço coro às suas palavras. Vejo a gravidade e extensão desse processo. Não é razoável pessoas cometerem atos terroristas, tensionarem, assassinarem, atentarem contra um Poder. Tentar vitimar policiais, porque ele sabia que policiais iam na sua residência e deixou um artefato para matar os policiais que ingressaram na residência", declarou. O diretor-geral da PF relatou que a equipe entrou com um robô na casa onde o homem que se matou na Praça dos Três Poderes se hospedou em Ceilândia (DF). Esse robô antibombas, ao abrir gavetas na residência, causou uma "explosão gravíssima", nas palavras de Passos.

Passos disse que a investigação da PF "dirá se a pessoa agiu isoladamente ou em conjunto, com apoio financeiro". Mas ele afirmou na coletiva não acreditar que o caso seja um "fato isolado". "Grupos extremistas estão ativos e é preciso que atuemos de maneira enérgica, não só PF, mas todo o sistema de justiça criminal. Episódio de ontem não é fato isolado, mas conectado com diversas ações que a PF tem investigado", disse o diretor-geral da Polícia Federal.

Segundo ele, a Polícia Federal investiga o fato a partir de duas perspectivas: primeiro, a tentativa de atentado contra o Estado Democrático de Direito e, segundo, uma ação terrorista. Por isso, disse, o caso foi encaminhado ao Supremo.

Passos afirmou ainda que a PF apreendeu um celular e vários artefatos na residência alugada e no trailer do homem responsável pelas explosões. Esses itens serão usados na investigação sobre o caso.

O diretor-geral da PF confirmou que há relatos da ex-mulher do homem responsável pelo ato de que o alvo seria o ministro Alexandre de Moraes. "O áudio (da ex-esposa do autor do atentado) é muito categórico, e há outras mensagens de redes sociais, inclusive enviadas ao STF ameaçando a Corte como um todo. A fala da senhora é que o alvo dessa pessoa era o ministro Alexandre de Moraes", completou.

O carro que explodiu no anexo IV da Câmara dos Deputados na noite desta quarta-feira, 13, pertencia a Francisco Wanderley Luiz, natural de Santa Catarina. Uma hora antes da explosão, ele fez uma publicação nas redes sociais com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos presidentes das duas Casas do Congresso Nacional. Francisco Luiz, conhecido como Tiü França, é o mesmo homem que foi encontrado morto em frente ao tribunal após as explosões nesta quarta-feira.

Em seu perfil no Facebook, Luiz reproduzia teorias conspiratórias anticomunistas como o QAnon, populares na extrema-direita americana. Em 2020, Luiz foi candidato a vereador em Rio do Sul (SC) pelo PL, partido hoje do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele chegou a visitar o plenário da Corte no dia 24 de agosto e ainda postou uma foto no local. "Deixaram a raposa entrar no galinheiro (chiqueiro)", escreveu. Francisco Luiz reproduziu em seu perfil no Facebook mensagens que mandou para ele mesmo no Whatsapp. Após as 22h o Facebook tirou do ar o perfil de Francisco Luiz.

Uma das publicações traz uma foto dele sorrindo dentro do plenário do STF, numa data indeterminada. Ele escreveu abaixo: "Deixaram a raposa entrar no galinheiro (chiqueiro) ou não sabem o tamanho das presas ou é burrice mesmo. Provérbios 16:18 (A soberda precede a queda)".

No seu perfil Francisco escreveu textos com mensagens que indicam o possível atentado em Brasília. "Pai, Tiü França não é terrorista, né? (...) Ele apenas soltou uns foguetinhos para comemorar o dia 13. Tem cheiro de carniça, igual cachorro quando morre".

Em outra postagem, faz referência direta à Brasília e a data desta quarta-feira, 13.

"Distrito Federal Brasília 13 novembro 2024. Eu: Francisco Wanderley Luiz mais conhecido Tiü França (ETE x PNEU) 'Miguel' Sugiro a vocês uma data especial para iniciar uma revolução. Após este grande acontecimento, vocês poderão comemorar a verdadeira proclamação da república!!! 'Em espírito estarei na linha de frente com minha espada erguida" DEUS NOS ABENÇOE", escreveu em uma delas, mostrando ter premeditado o ataque.

Em seu Facebook, ele segue várias páginas de direita, como Movimento Avança Brasil - RS, Espaço Enéas Carneiro, Terça livre - Cursos, Brasil Paralelo, Jornal da Cidade Online, Jair Messias Bolsonaro e Olavo de Carvalho. Em sua conta no X (antigo Twitter), há o mesmo padrão.

Em 2020, Luiz foi candidato a vereador em Rio do Sul (SC) pelo PL, partido hoje do ex-presidente Jair Bolsonaro. À Justiça Eleitoral, ele declarou ter Ensino Médio incompleto, ser casado e ter R$ 263 mil em bens, entre eles quatro veículos e um prédio residencial na área urbana de sua cidade.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, questionou nesta quinta-feira, 14, a tese de o homem que atirou bombas na Praça dos Três Poderes na quarta-feira, 13, ter se suicidado. Segundo Pimenta, as imagens indicam que ele morreu por acidente. "Por que seria suicídio?", disse o ministro.

"Não trato como caso isolado", disse Pimenta sobre o ocorrido. Ele afirma que isso foi fruto de um clima de "intolerância e ódio". Também disse que o homem das bombas, Francisco Wanderley Luiz, era parte do movimento que pedia um golpe para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. "Esse camarada estava na frente dos quartéis."

O sistema de câmeras do Supremo Tribunal Federal (STF), prédio mais próximo das explosões, mostra o homem lançando artefatos e depois se deitando sobre outro, que explodiu sob sua cabeça. Paulo Pimenta também afirmou que os protocolos do G20 estão mantidos, e que não haverá alterações no planejamento por causa das explosões.

O ministro ainda pregou contra o projeto de anistia dos presos pelo 8 de janeiro apoiado por bolsonaristas no Congresso. "Eu acho que não existe anistia de um processo que não está concluso", declarou. Ele afirmou ainda que as explosões de quarta-feira precisam ser investigadas e que não pode haver impunidade.

É pouco provável que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dê declarações sobre o assunto, ao menos por conta própria. Ele poderá eventualmente falar sobre o tema se perguntado por jornalistas.