Celso Amorim: Ataque de Israel ao Líbano é revoltante; Itamaraty deve retirar brasileiros

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Em Nova York, o assessor especial do presidente Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, disse nesta segunda-feira, 23, em avaliação "pessoal", que o ataque de Israel ao Líbano foi "tremendamente revoltante" e "muito perigoso", pelo risco de a escalada militar resultar em "guerra total".

"Estamos falando de um lugar com muitos brasileiros", acrescentou, observando também que o Itamaraty já estaria planejando, "com certeza", a retirada de brasileiros. "Já ouvi falar sobre isso, deles", disse, referindo-se ao Ministério de Relações Exteriores (MRE).

"Hoje a retirada seria ainda mais perigosa" do que foi o caso no passado, acrescentou Amorim, ex-chanceler e que esteve em 2006 no Líbano. "Deu muito trabalho naquela época", quando foram retirados 3 mil brasileiros, observou o ex-ministro, referindo-se à retirada de brasileiros do país, e que, desde então, a situação se agravou, o que tornaria a retirada, hoje, ainda mais complexa, com dificuldade maior para levar brasileiros para Síria ou Turquia, pela fronteira norte.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participam neste sábado do último dia do festival cultural "Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza", nome dado à iniciativa da presidência brasileira no G20.

O evento, realizado no Rio de Janeiro desde o último dia 14, antecede a Cúpula de Líderes do G20 marcada para os dias 18 e 19 de novembro. O festival é uma realizado pelo governo federal em parceria com a OEI, Serpro, Apex, Banco do Brasil, BNDES, Caixa Econômica Federal, Itaipu, Petrobras, Prefeitura do Rio de Janeiro, BID e PNUD.

O governo apresentou a Aliança Global em outubro na 52ª Sessão Plenária do Comitê de Segurança Alimentar (CSA), na sede da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em Roma. O Brasil quer a adesão de países desenvolvidos.

Segundo o ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), a proposta busca angariar recursos financeiros e, com base em experiências bem-sucedidas no tema, canalizar esforços para regiões com maior necessidade. O modelo de financiamento da iniciativa ainda não foi detalhado.

O Banco Mundial e o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) são duas instituições multilaterais de financiamento que manifestaram apoio formal à Aliança

A Aliança Global de combate à fome e o financiamento de nações ricas a ações climáticas estarão entre os principais legados da realização das reuniões do G20 no Brasil este ano, destacou há pouco o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta.

Em entrevista ao programa Giro Social, do Canal Gov., realizada no Rio de Janeiro, onde ocorre o G20, Pimenta lembrou que ainda hoje o presidente Lula irá aprovar um documento com políticas de combate à fome, que será entregue aos principais líderes mundiais.

"A Aliança Global de combate à fome já é uma realidade. E o presidente Lula nunca escondeu que irá lutar por isso. Essa vai ser uma marca dele Lula, em qualquer espaço que ele estiver", disse Pimenta.

Em relação ao financiamento às ações climáticas, o ministro pontuou que, pela primeira vez na resolução da cúpula do G20, poderá haver menção à necessidade de ações das nações ricas nesse sentido. "Não vejo outra forma de financiar política públicas de combate à fome, desigualdade e mudanças climáticas sem que aqueles que mais ganham com isso, os países ricos, possam de alguma forma pagar a maior parte dessa conta. Acho que esse é o caminho e direção que iremos avançar", disse Pimenta.

Integridade da informação

A integridade da informação no ambiente global e o combate à desinformação também ficaram entre os temas mais citados pelo ministro durante a entrevista. Para ele, trata-se de uma questão que terá bastante espaço nas discussões do G20 por ser um tema "inadiável". "Será mais um legado do Brasil, de introduzir esse tema na resolução do G20. O presidente Lula tem demonstrado muita preocupação nesse sentido", frisou.

A necessidade de políticas de regulação das chamadas big techs também deverá ser mencionada no documento final do encontro, segundo o ministro. Ele pontuou que, internamente, dentro do Congresso Nacional, trata-se de uma discussão que não pode mais ser adiada. Ao mesmo tempo, pontuou ele, apenas leis locais são insuficientes para regular o uso das redes no mundo, daí a necessidade da discussão em fóruns internacionais, como o G20.

Pimenta lembrou do "potencial corrosivo" que a disseminação de conteúdo falso ou discurso de ódio a partir das redes pode ter sobre a sociedade. Ele citou, por exemplo, a ação terrorista contra o Supremo Tribunal Federal nesta semana e a divulgação de informações falsas ou imprecisas durante as enchentes no Rio Grande do Sul. "A circulação de desinformação sobre a questão climática é um dos aspectos mais vulneráveis. Esse tema está sempre presente, e podemos dar 'um salto'" durante o G20 no sentido de criar políticas para integridade da informação especificamente para questões climáticas."

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou há pouco o hotel em Copacabana, onde está hospedado para participar do G20, no Rio de Janeiro, para o seu primeiro encontro bilateral com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, às 10h30.

As reuniões bilaterais vão ocorrer no Forte de Copacabana, em frente ao hotel onde Lula está hospedado. A comitiva e o presidente deixaram o hotel por volta das 10h15. Acompanhavam Lula o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira; o secretário especial da Presidência da República, Celso Amorim; a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, entre outros.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que está hospedado no mesmo hotel de Lula, não vai participar do encontro e permanece no hotel, segundo fontes.

Mais cedo, uma passeata com vários movimentos sociais protestavam contra o imperialismo e as decisões que estão sendo tomadas sem a participação popular. Pela primeira vez, porém, o G20, que reúne as vinte principais economias globais, foi precedido do G20 Social, que hoje entrega ao presidente um documento com as demandas da sociedade na luta contra a fome e a pobreza.

"O G20 destrói o planeta e as nossas vidas", era uma das palavras de ordem do movimento, se referindo às grandes potências mundiais.