No último discurso na Assembleia-Geral da ONU, Biden pede por acordo de cessar-fogo em Gaza

Internacional
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Em seu último discurso na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se disse otimista na resolução dos atuais conflitos mundiais mas também pediu o fim imediato da guerra em Gaza e mais apoio para que a Ucrânia vença a guerra contra a Rússia.

Em um discurso de pouco mais de meia hora, ele citou exemplos de conflitos do passado, como a guerra do Vietnã, para exemplificar que os conflitos podem ser resolvidos.

Em tom de despedida e retrospectiva, o presidente norte-americano disse que está prestes a deixar a vida pública e pediu esperança para resolver os desafios atuais, especialmente conflitos como em Gaza e na Ucrânia.

Biden falou das guerras em curso na Ucrânia e em Gaza, as incertezas relacionadas aos impactos da inteligência artificial, as ameaças das armas nucleares e a urgência das mudanças climáticas. "Eu realmente acredito que estamos em outro ponto de inflexão na nossa história", disse o presidente. "As escolhas que fazemos hoje determinarão nosso futuro pelas próximas décadas."

Biden manteve um tom esperançoso em seu discurso, ressaltando que, como ele já viu muito da história, não reage com desespero. "Nós somos mais fortes do que pensamos", disse.

Esse foi o último discurso de Biden na Assembleia como presidente dos EUA. Antes dele, discursaram António Guterres, secretário-geral da ONU, o camaronês Philémon Yange, presidente da Assembleia Geral, e Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil.

Ao final do seu discurso, Biden falou sobre a sua decisão de não seguir com a sua candidatura a presidente dos EUA neste ano. "Há muito mais que quero realizar. Mas, por mais que eu ame o trabalho, amo mais o meu país (...). Lembrem-se: algumas coisas são mais importantes do que permanecer no poder." A fala foi recebida com diversos aplausos.

Guerra em Gaza

Biden destacou que é hora de "finalizar os termos" para um cessar-fogo que acabe com o conflito, em referência ao acordo mediado por EUA, Catar e Egito. O plano inclui "trazer os reféns para casa", garantindo a segurança de Israel e Gaza "das garras do Hamas". Ele também apontou para uma solução de dois Estados que assegure a segurança em ambos os lados, e condenou a violência dos colonos israelenses contra civis palestinos na Cisjordânia.

O presidente dos EUA ainda alertou sobre o perigo de uma "guerra em grande escala" no Líbano. "Embora a situação tenha se agravado, ainda é possível uma solução diplomática", acrescentou, reforçando o seu tom esperançoso do discurso.

"A humanidade não pode hesitar diante dos horrores de 7 de outubro", disse Biden em seu discurso, em referência ao ataque do Hamas em um festival de música em Israel, o marco do início da guerra entre o grupo terrorista e o país. Ele ressaltou o "inferno" que viveram as pessoas presentes e os parentes das vítimas no ataque, assim como aquele em que estão vivendo civis inocentes em Gaza. "Eles nunca pediram por essa guerra que o Hamas começou", disse.

Guerra na Ucrânia

Ao falar da guerra russa na Ucrânia, Biden afirma que "a guerra de Putin já falhou em seu objetivo principal. Ele ressaltou que os países mantenham seu apoio até que a Ucrânia alcance uma "paz justa e duradoura".

"Ele [Putin] pretendia destruir a Ucrânia, mas a Ucrânia continua livre. Ele pretendia enfraquecer a Otan, mas a Otan está maior, mais forte e mais unida do que nunca", afirmou Biden.

Feitos do governo

Em sua despedida como presidente dos EUA, Biden aproveitou a oportunidade para também fazer uma síntese da sua gestão. Ele ressaltou que era o seu objetivo retirar o país da "guerra eterna" com o Afeganistão. "Eu estava determinado a acabar com ela, e eu acabei," disse Biden sobre a saída dos EUA do país. Ele ainda lamentou as vidas perdidas e agradeceu pelo serviço de militares que lutaram pelos EUA.

Em tom otimista, ele ressalta que os conflitos podem acabar e resultar em cooperações, como é o caso hoje dos EUA e o Vietnã, atualmente "parceiros e amigos", nas palavras do presidente americano.

Ele ainda destacou os avanços dos EUA em relação violência contra crianças e mulheres e no combate ao terrorismo, citando especificamente a Al Qaeda e Osama Bin Laden. "Nós [ele e o então presidente Obama] encerramos uma guerra que começou no 11 de setembro", disse.

Ajuda para a África

Biden anunciou que os EUA vão investir US$ 500 milhões de dólares para contribuir no combate ao crescente surto de Mpox, a varíola dos macacos, na África, além de doar 1 milhão de doses de vacinas para prevenir o vírus. Ele chamou outros países a seguirem seu exemplo.

Guerra civil no Sudão

No Sudão, onde uma catástrofe humanitária foi criada por uma brutal guerra civil, Biden disse que "o mundo precisa parar de armar os generais", sem citar nações específicas.

Ele ressaltou que é preciso dizer a esses líderes que "parem de destruir seu país. Deixem de bloquear a ajuda ao povo sudanês. Ponham fim a esta guerra agora", afirmou.

Perigos da IA

O presidente também alertou sobre os impactos incertos dos avanços do desenvolvimento da inteligência artificial. Ele citou o perigo em relação à desinformação, ao respeito pela vida humana e à potencial exploração por poderes totalitários.

"Devemos garantir que as incríveis capacidades da I.A. sejam usadas para elevar e capacitar as pessoas comuns, e não para dar aos ditadores grilhões mais poderosos sobre o espírito humano," afirmou aos líderes mundiais. Com informações da Associated Press.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. Para seu lugar irá a ex-ministra do Desenvolvimento Social Márcia Lopes. A troca no comando do ministério é a segunda no governo em menos de uma semana. Como revelou o Estadão, Cida foi alvo de denúncias formais feitas por ex-servidoras da pasta por suposta prática de assédio moral e xenofobia no ministério.

Foram apresentadas cinco denúncias formais, inclusive dossiês escritos e três gravações de reuniões internas feitas pelas denunciantes e entregues à Controladoria Geral da União (CGU) e à Comissão de Ética. Além da ministra, foram apresentadas acusações contra a secretária-executiva do ministério, Maria Helena Guarezi, a corregedora interna, Dyleny Teixeira Alves da Silva, e a ex-diretora de Articulação Institucional Carla Ramos.

Os relatos envolvem ameaças de demissão a servidoras, cobrança de trabalho em prazo exíguo, tratamento hostil, manifestações de preconceito e gritos.

O caso chegou a ser tratado na Comissão de Ética da Presidência, mas foi arquivado em fevereiro deste ano. Apesar do arquivamento, o caso gerou incômodo no governo, mas Cida foi mantida no posto nos últimos meses.

Outro ponto que levou o presidente a sacramentar a decisão para a troca foram os resultados apresentados pela gestão de Cida Gonçalves e o impacto na avaliação do governo na sociedade. De acordo com aliados petistas de Lula, o presidente trata a pasta das Mulheres como essencial para alavancar a aprovação da gestão de seu terceiro mandato.

O presidente esperava "políticas populares", que revertessem a imagem do governo entre as mulheres. De acordo com pesquisa Genial/Quaest divulgada no dia 2 de abril, a avaliação negativa do governo Lula superou a positiva entre as mulheres. São 53% as mulheres que reprovam a gestão federal, enquanto 43% a aprovam e 4% não souberam responder.

A reprovação disparou em relação à rodada anterior, de janeiro, quando 49% das mulheres disseram aprovar o governo, enquanto 47% o rejeitavam, situação que configurava um empate técnico, dentro da margem de erro do levantamento.

A decisão pela troca de Cida foi sacramentada após mais um dos comandados por Lula, o então ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), deixar o cargo na sexta-feira, dia 2, após ser pressionado por uma série de denúncias de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Ao participar da inauguração de uma estação de trem na Grande São Paulo nesta segunda-feira, 5, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), exaltou o papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para viabilizar projetos no Estado.

As declarações foram feitas durante evento de inauguração da estação Ambuitá, na cidade de Itapevi, na grande São Paulo.

A estação faz parte do projeto de expansão e modernização das linhas 8 e 9 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e contou com apoio de R$ 3,4 bilhões do BNDES, em financiamento e debêntures.

"Queremos contar muito com o BNDES aqui em São Paulo", disse Tarcísio durante sua fala no evento, que também teve presença do presidente do banco de desenvolvimento, Aloizio Mercadante.

Tarcísio afirmou que aguarda o apoio do banco especialmente para projetos de mobilidade, mencionando as obras do túnel Santos-Guarujá e os projetos de Trem Intercidades (TICs), ligando São Paulo e Campinas; São Paulo e Sorocaba; São Paulo e São José dos Campos e São Paulo e Santos.

Segundo Tarcísio, a parceria entre governo estadual e federal não se limita apenas ao BNDES e tem tido endosso do próprio presidente Lula.

Ao comentar a viabilização do túnel Santos-Guarujá, Tarcísio disse que Lula "teve sensibilidade" com o projeto, o que permitiu a antecipação do cronograma da obra, cujo leilão para execução deve acontecer já no próximo mês de agosto.

O governador de São Paulo também disse que está "sempre" conversando com o presidente Lula para viabilizar projetos no Estado.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, confirmou nesta segunda-feira, 5, a demissão da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e a indicação de Márcia Lopes para o cargo. Esta é a 12ª mudança que o presidente faz em sua equipe ministerial desde que assumiu o cargo, em 1º de janeiro de 2023.

A confirmação veio por uma nota oficial divulgada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República nesta segunda-feira. O anúncio limita-se a dizer que a demissão de Cida Gonçalves e a nomeação de Márcia Lopes serão publicadas em edição extra do Diário Oficial da União ainda nesta segunda.

"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou e deu posse, na manhã desta segunda-feira, 5 de maio, à assistente social e professora Márcia Lopes para o cargo de ministra das Mulheres, até então ocupado por Cida Gonçalves. A exoneração de Cida Gonçalves e a nomeação de Márcia Lopes serão publicadas ainda hoje, em edição extra do Diário Oficial da União", afirma o comunicado.

Márcia Lopes foi ministra do Desenvolvimento Social em 2010, no segundo mandato de Lula na Presidência da República. Antes, foi secretária-executiva da pasta e secretária nacional de Assistência Social.

A nova ministra também tem experiência em cargos eletivos. Foi vereadora de Londrina de 2001 a 2004. Também ocupou o cargo de secretária de Assistência Social da cidade.

Filiada ao PT desde 1982, Márcia Lopes tem 67 anos. É irmã de Gilberto Carvalho, quadro histórico do PT que já foi ministro da Secretaria-Geral da Presidência de Dilma Rousseff e chefe de gabinete de Lula de 2003 a 2010.

Reforma ministerial

A saída de Cida era esperada desde o início do ano na reforma ministerial que o presidente pretendia fazer. Pesavam contra ela acusações de assédio moral, como mostrou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Em fevereiro deste ano, a Comissão de Ética Pública da Presidência rejeitou um processo contra Cida por uma denúncia de assédio moral. A agora ex-ministra nega as acusações.

Cida Gonçalves se reuniu com Lula na sexta-feira, 2. Na oportunidade, não houve anúncio de saída da ministra do cargo.

Reforma a conta-gotas

A reforma ministerial aguardada no início do ano, até aqui, tem sido realizada a conta-gotas. Essa é a terceira mudança no governo Lula promovida por questões de "desempenho" - ou seja, sem uma acusação que motive o afastamento do ministro.

A primeira foi a troca na Secretaria de Comunicação Social. Paulo Pimenta foi demitido e substituído por Sidônio Palmeira. Em março deste ano, Lula demitiu Nísia Trindade do Ministério da Saúde. Em seu lugar, assumiu Alexandre Padilha, que comandava a Secretaria de Relações Institucionais. A deputada Gleisi Hoffmann, por sua vez, foi indicada para o ministério responsável pela articulação política.

Outras duas mudanças realizadas neste ano foram as demissões de Carlos Lupi, da Previdência Social, e Juscelino Filho, das Comunicações. Os dois casos, no entanto, não estão relacionados a uma avaliação negativa do governo do desempenho dos ministros, mas por acusações e escândalos nos quais seus nomes foram envolvidos.

Lupi pediu demissão por causa da investigação de fraudes no pagamento de benefícios do INSS. Mesmo sem ter seu nome citado nas apurações, conduzidas pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União, o agora ex-ministro sofreu um grande desgaste, principalmente após a revelação de que ele fora informado das denúncias de fraude em 2023 e que as providências só surgiram após quase um ano.

Juscelino Filho, por sua vez, foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. A defesa do ex-ministro alega que ele é inocente. A suspeita é de que ele teria desviado emendas parlamentares destinadas por ele pelo seu mandato enquanto deputado federal. Juscelino destinou emendas parlamentares à prefeitura de Vitorino Freire (MA), cidade que era administrada por sua irmã Luanna Rezende. Segundo a denúncia da PGR, ele teria recebido propinas em troca da destinação dos recursos e do direcionamento de contratos a certas empresas.

Até o momento, porém, Lula não fez mudanças que afetam a participação dos partidos do Centrão no governo. Essa era uma das principais expectativas em torno da reforma ministerial, já que um dos objetivos era reestruturar a Esplanada e garantir uma governabilidade maior ao presidente na reta final de seu mandato.