Israel rejeita cessar-fogo com o Hezbollah após pressão política de extremistas, diz jornal

Internacional
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O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, rejeitou o acordo de cessar-fogo com o Hezbollah proposto pelos Estados Unidos depois de sofrer pressão interna de membros do seu governo, noticiou o jornal israelense Hareetz nesta quinta-feira, 26. Mais cedo, o gabinete do premiê silenciou sobre o acordo, mas declarou que as tropas estão instruídas a "lutar com força total".

Segundo o Hareetz, Netanyahu, que viajou para Nova York para participar da Assembleia-Geral da ONU nesta sexta, havia feito compromissos verbais com os Estados Unidos de aceitar o acordo, mas recuou depois de ser pressionado por membros do seu governo.

Publicamente, pelo menos um ministro israelense, Israel Katz (Relações Exteriores), descartou a possibilidade de um cessar-fogo. "Não haverá cessar-fogo no norte", escreveu Katz no seu perfil no X. "Continuaremos a lutar contra a organização terrorista Hezbollah com força total até a vitória e o retorno seguro dos moradores do norte para suas casas."

Outro membro do governo, o ministro Bezalel Smotrich (Finanças), também fez declarações que indicam a continuidade dos ataques israelenses - e a consequente rejeição do cessar-fogo. "A campanha no norte deve terminar com um cenário: o esmagamento do Hezbollah e a eliminação de sua capacidade de afetar os moradores do norte", declarou.

Smotrich faz parte da ala extremista do governo israelense, cujo apoio é necessário para a continuidade de Netanyahu no poder. O ministro é citado pelo jornal The New York Times como um dos políticos responsáveis por travar o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, com a alegação de que a guerra somente acabaria com a destruição total do grupo terrorista Hamas.

"Não devemos dar tempo ao inimigo para se recuperar dos golpes duros que recebeu e se reorganizar para a guerra contínua após 21 dias", escreveu Smotrich no seu perfil do X. "A rendição do Hezbollah ou a guerra - somente dessa forma traremos de volta os moradores e a segurança para o norte e para o país."

O acordo de cessar-fogo rejeitado foi construído pelos Estados Unidos e pela França depois da escalada da guerra na fronteira Israel-Líbano, que deixou quase 600 mortos somente na segunda-feira. Desde o fim da guerra civil do Líbano em 1990, o país não vivia um dia com tantas mortes. Pelo menos um brasileiro morreu nos ataques.

A escalada aconteceu após Israel anunciar uma nova fase na guerra contra o Hezbollah, com quem está em conflito há 11 meses em consequência da campanha militar na Faixa de Gaza. Os bombardeios ao longo da fronteira nesse período forçaram a retirada de moradores do norte de Israel, o que aumentou a pressão sobre o governo de Netanyahu, já criticado por falhas na segurança de Israel que permitiram o ataque terrorista de 7 de outubro e no resgate dos reféns. O governo afirma que a nova fase contra o Hezbollah tem o objetivo de fazer o grupo recuar e garantir o retorno dos israelenses ao norte.

O Hezbollah, no entanto, afirma que não vai recuar da ofensiva com Israel até um cessar-fogo na Faixa de Gaza. A milícia xiita baseada no Líbano começou os ataques na fronteira em apoio ao Hamas após Israel iniciar a campanha militar na Faixa de Gaza em resposta ao ataque terrorista de 7 de outubro.

A milícia também não respondeu à proposta de cessar-fogo dos EUA. Entretanto, por não ser um Estado, o grupo não é formalmente solicitado a aceitar a proposta. A intermediação acontece com o governo do Líbano.

Enquanto as duas partes não chegam à trégua, os ataques continuaram nesta quinta. O Exército israelense afirmou que atacou alvos no sul do Líbano em resposta a uma bateria de foguetes disparados pelo Hezbollah contra o norte israelense nesta quarta. O ministério da saúde do Líbano disse que 20 pessoas foram mortas em um ataque aéreo israelense em Younine, uma cidade no Vale do Bekaa, e que três pessoas foram mortas no distrito de Tyre, na costa mediterrânea do país.

O ataque aéreo em Beirute, que teve como alvo o comandante da unidade de drones do Hezbollah, matou duas pessoas e feriu outras quinze, de acordo com o ministério. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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O advogado da plataforma de vídeos Rumble e da Trump Media Group, Martin de Luca, classificou a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes como "censura" e afirmou que a empresa não tomou nenhuma ação sobre as decisões do magistrado.

"É particularmente agravante quando sabemos que a ordem judicial é para censurar contas dentro dos Estados Unidos, de um residente americano, um residente político brasileiro, que mantém contas bancárias dentro dos Estados Unidos. E a ordem também pede para parar o fluxo de fundo e monetização das contas para esse residente político", afirmou Luca em entrevista à CNN.

"O mandado do ministro Alexandre de Moraes está solicitando que uma empresa americana bloqueie fundos dentro dos Estados Unidos, para um residente dos Estados Unidos e bloqueie as contas globalmente de um residente americano", disse. O advogado afirmou que não sabe se a empresa irá recorrer da decisão do bloqueio.

O ministro determinou na última sexta-feira, 21, a suspensão do funcionamento da rede social Rumble no Brasil por descumprir a determinação judicial que exigia da empresa a indicação de um representante legal no Brasil, o que não ocorreu. O bloqueio é por tempo indeterminado, até o cumprimento da ordem judicial e o pagamento de multas.

Luca afirmou ainda que a empresa ainda não tomou nenhuma ação a respeito da medida e negou que a Rumble devesse indicar um representante no Brasil por não ter operações no País, sob o argumento de que não é um modelo viável para a atuação das empresas na era digital.

"Não é um mecanismo no qual, na era digital, as empresas podem operar, você não pode contratar um representante legal em 193 países do mundo simplesmente porque seu conteúdo se espalha pelo mundo", afirmou Luca.

Sem a atuação de advogados no caso, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a empresa indicasse representantes no Brasil dentro de 48 horas. "O ordenamento jurídico brasileiro prevê a necessidade de que as empresas que administram serviços de internet no Brasil tenham sede no território nacional, bem como atendam às decisões judiciais que determinam a retirada de conteúdo ilícito gerado por terceiros", destacou Moraes em despacho.

CEO da Rumble desafiou Moraes nas redes sociais

O CEO da plataforma de vídeos Rumble, Chris Pavlovski, desafiou Moraes através do X (antigo Twitter). Pavlovski mencionou o ministro em uma publicação na última quarta-feira, 19, dizendo que não cumpriria as ordens legais de Moraes.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a responder a postagem na rede social dizendo que "o mundo precisa ser livre". Pavlovski voltou a provocar o ministro do STF no dia seguinte, afirmando que recebeu "mais uma ordem ilegal e sigilosa" de Moraes e que ele não tem autoridade sobre a Rumble nos Estados Unidos. "Repito - nos vemos no tribunal", escreveu o CEO.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou o início dos pagamentos do programa Pé-de-Meia e confirmou a gratuidade dos 41 medicamentos do Farmácia Popular, durante pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, nesta segunda-feira, 24. As falas ocorrem em meio à queda na popularidade do petista, que atingiu o pior índice dos seus três mandatos na Presidência. A aprovação do governo Lula chegou a 24%, segundo o último levantamento do Datafolha.

Lula destacou que os pagamentos do programa Pé-de-Meia começam a ser feitos nesta terça-feira, 25. O benefício, no valor de R$ 1.000, será pago a estudantes que concluíram o ensino médio e atenderam aos critérios do programa. O presidente afirmou que mais de 90% dos jovens participantes passaram de ano e que a iniciativa já atende mais de 4 milhões de alunos em todo o País.

O programa prevê o pagamento mensal de R$ 200 aos estudantes que frequentam as aulas regularmente, podendo chegar a um total de R$ 9.200 para aqueles que concluírem o ciclo escolar e realizarem o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Além disso, Lula anunciou a criação do Pé-de-Meia Licenciatura, um incentivo para estudantes que tiveram bom desempenho no Enem e desejam seguir a carreira de professor.

Outro ponto abordado no pronunciamento foi a ampliação da gratuidade do Farmácia Popular. A partir de agora, todos os 41 medicamentos oferecidos pelo programa serão distribuídos gratuitamente. O presidente destacou que a medida beneficiará especialmente pacientes com doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e asma. Além dos medicamentos, o programa também passa a ofertar fraldas geriátricas de forma gratuita.

"Depois de dois anos de reconstrução de um país que estava destruído, estamos trabalhando muito para trazer prosperidade para todo o Brasil, principalmente para quem mais precisa", afirmou o presidente.

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta segunda-feira, 24, que não tem motivos para ser impedido de participar do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito do golpe.

A defesa do ex-presidente informou que vai pedir o impedimento dele. O requerimento terá como base uma queixa-crime movida por Dino contra Bolsonaro em 2021.

"Em relação a mim, não há nenhum desconforto, nenhum incômodo, nada desse tipo", disse o ministro a jornalistas antes de uma palestra na PUC de São Paulo.

"O Supremo é composto por 11 ministros. Todos chegaram lá do mesmo modo. Todos os ministros foram escolhidos por presidentes da República e aprovados no Senado. Existem ministros indicados por cinco presidentes da República diferentes", acrescentou.

Flávio Dino afirmou ainda que o julgamento "vai se dar de acordo com as regras do jogo previstas na lei e no regimento interno, com isenção e com respeito à ampla defesa".

A expectativa é que a votação sobre o recebimento da denúncia ocorra na Primeira Turma do STF, o que também contraria a defesa de Bolsonaro. O ex-presidente quer ser julgado no plenário. Hoje, pelas regras internas do Supremo, as duas turmas da Corte são responsáveis pelos julgamentos de casos criminais.

"Todos os outros casos criminais estão sendo julgados nas turmas. Isso já vem de alguns anos. Então, para haver uma mudança nisso, seria preciso rever o regimento interno", declarou. "Pode mudar de novo? Pode. Mas isso depende da presidência. E os advogados podem fazer os pedidos que entenderem necessários."

Relator dos processos sobre a distribuição de emendas, que pressionam o Congresso para dar mais transparência aos repasses, Flávio Dino disse que espera avançar em um consenso na reunião prevista nesta semana.

"O que é importante é compreender que existe um sentido de cumprimento da Constituição. E a minha expectativa é positiva, no sentido de que novos passos serão dados, o que não significa que os processos vão ser finalizados."

Mais cedo, o ministro esteve na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Durante a palestra aos calouros do Largo do São Francisco, rebateu as críticas por decisões "ativistas". "Nenhum ministro do Supremo foi visto de toga ou sem ela, de capa ou sem ela, correndo na Praça dos Três Poderes atrás de processos", disparou Dino.

O ministro defendeu que o volume de direitos previstos na Constituição de 1988 e de políticas públicas constitucionalizadas, somado ao rol de atores legitimados a acionar o STF, abre caminho para a intervenção do tribunal em diferentes assuntos sociais, políticos e econômicos.

"Os tempos são outros, e obrigaram a que o STF, esse terceiro poder, outrora desconhecido, se tornasse de algum modo partícipe da vida das pessoas, e isto não é derivado de uma deformação moral, ou de uma opção individual dos atuais jogadores do Supremo", disse aos calouros.

O ministro afirmou também que, quando é acionado, o STF não poder se omitir, caso contrário se tornará uma instituição "acovardada, omissa, prevaricadora".

Dino adereçou, por exemplo, a decisão em que ele determinou que o município de São Paulo retomasse a cobrança de serviços cemiteriais e funerários em valores anteriores à concessão dessas atividades à iniciativa privada.

"Eu só posso falar nos autos ou em palestra, então me perdoem o desabafo. O que é mais fundamental do que o direito de uma família conseguir sepultar com dignidade o seu ente querido, sem ser submetido a uma situação de vexame? O que pode ser mais fundamental do que isto?"