Itamaraty: prioridade na reunião do Brics é criar categoria de países parceiros do bloco

Internacional
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O principal tema da reunião da cúpula do Brics, que será realizada em Kazan (Rússia) de 22 a 24 de outubro, será a criação de uma categoria de países parceiros do bloco. A informação foi repassada a jornalistas pelo Ministério das Relações Exteriores em uma entrevista coletiva para explicar a próxima viagem do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

"O principal tema da reunião de Kazan é a criação da categoria de países parceiros. Na cúpula de Joanesburgo, em 2023, foram incorporados novos membros plenos", disse o embaixador Eduardo Paes Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty.

Em 2023, Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes, Etiópia e Egito se juntaram ao grupo, que era composto só por Brasil, Rússia, Índia e África do Sul.

O embaixador disse que as atividades da presidência do Brics em 2025, que será do Brasil, ficarão concentrados no primeiro semestre.

O motivo é a Conferência do Clima, que será realizada em Belém (PA) na segunda metade do ano. Segundo ele, no ano que vem deverão ser buscados avanços no Brics Bridge, uma espécie de sistema para pagamentos que não envolve o dólar.

Além disso, o embaixador afirmou que pode haver alguma menção ao conflito no Oriente Médio na declaração final da cúpula dos Brics. No fim de semana, Israel atacou uma base de forças de paz da ONU no sul do Líbano. A ação foi condenada pelo governo brasileiro.

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A Câmara dos Deputados publicou uma licitação para a troca do carpete dourado da Casa e a aquisição de um novo tapete cerimonial. O valor da concorrência, que será aberta oficialmente em 25 de outubro, é de quase R$ 2,3 milhões. A troca do carpete contemplará os auditórios Nereu Ramos e Freitas Nobre, o túnel de ligação do Edifício Anexo II ao Edifício Anexo IV e o 10º andar do Edifício Anexo IV.

A compra será de um carpete de pelo cortado feito por meio de tufting (técnica na qual os fios de lã são costurados em um tecido inteiriço) em cor dourada. Os dois produtos são novos e para primeiro uso. Além disso, a licitação exige assistência técnica de no mínimo um ano para a instalação e de cinco anos para o carpete e o tapete.

Em nota, a Câmara informou que a troca se faz necessária devido aos desgastes do carpete atual. "A última substituição completa do revestimento nos três locais indicados aconteceu no segundo semestre de 2011, de modo que a vida útil do carpete completou-se em 2021, conforme a estimativa do Plano de Manutenção", disse.

Sobre o tapete, a Casa afirmou que a armazenagem desgastou o item. "Está bastante desgastado, nem tanto pelo tráfego que recebe, mas principalmente pelos incontáveis ciclos de montagem e desmontagem a que foi submetido", escreveu.

Do valor total, R$ 1.714.412,96 são destinados para o serviço de retirada e instalação do novo produto. Outros R$ 143.398,80 são para a compra de 360 metros quadrados do carpete dourado, e R$ 435.996,00 para a compra de 1,1 mil metros quadrados do tapete para cerimonial do tipo passadeira.

Os tapetes devem ser feitos de náilon tingido e com as bordas com acabamento do tipo debrum (técnica que dobra o tecido e o costura para deixar as margens retas). O contrato exige que os tecidos sejam "previamente protegidos contra proliferação de ácaros e micróbios, desbotamento e impregnação de manchas e sujeiras". Além disso, que as peças sejam feitas para ter controle de geração de estática.

Como mostrou o Estadão em setembro, por conta da seca em Brasília e o material do tapete, os transeuntes do Congresso estavam se dando choques.

A pouco mais de uma semana do segundo turno das eleições municipais em São Paulo, o novo levantamento divulgado pelo Datafolha nesta quinta-feira, 17, aponta o prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) à frente da disputa, com 51% das intenções de voto.

Concorrendo com ele, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) aparece com 33% das menções no cenário estimulado, em que os nomes da dupla são apresentados para os entrevistados.

Segundo o levantamento, 14% dos eleitores afirmaram que votariam em branco ou anulariam o voto caso o pleito fosse hoje. Outros 2% não sabem em quem votar.

O Datafolha entrevistou 1.204 eleitores de São Paulo entre os dias 15 e 17 de outubro. A margem de erro do levantamento é de três pontos porcentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número SP-05561/2024.

Apagão não se traduz em votos para Boulos

O apagão que atingiu São Paulo e se tornou o centro dos debates e das propagandas eleitorais dos dois candidatos não se traduziu em votos no candidato psolista. No novo Datafolha, Nunes caiu quatro pontos -além da margem de erro- em relação ao levantamento anterior. Os votos do atual prefeito, no entanto, não se transferiram para o psolista, e sim foram convertidos em brancos e nulos, que passaram de 10% para 14%.

Na pesquisa anterior do instituto, publicada há uma semana, Nunes figurava com 55% das intenções de voto, e Boulos com 33% das menções. Nela, a maioria dos entrevistados, 85%, afirmou já estar "totalmente decidida" sobre o voto em seu candidato escolhido. Os outros 15% afirmaram que ainda poderiam rever e mudar de decisão.

O índice de decisão se manteve alto entre os eleitores paulistanos, com 86% dizendo que têm certeza sobre o candidato escolhido. Entre os 14% restantes, 72% dos entrevistados prefeririam votar branco ou nulo.

Na pesquisa espontânea - em que os nomes dos candidatos não são informados aos eleitores -, Nunes manteve os 41%, enquanto Boulos cresceu um ponto porcentual, atingindo 30%. Nesse cenário, brancos e nulos são 10% e indecisos são 12%. Outros nomes foram citados por 3% dos eleitores, enquanto 2% mencionaram o "atual prefeito", sem citar o nome do emedebista, e 2% disseram "no 15", número do emedebista na urna.

Rejeição

O levantamento também questionou em quem os eleitores não votariam. A rejeição de Nunes oscilou de 37% para 35%, uma queda similar à de Boulos, que passou de 58% para 56%.

Após os acenos de Boulos aos eleitores de Pablo Marçal (PRTB), terceiro colocado no primeiro turno, 8% dos eleitores do ex-coach declararam ao Datafolha que votariam no psolista; na semana passada, esse porcentual era de 4% Já entre os eleitores de Marçal que votariam em Nunes houve uma queda de 7 pontos porcentuais, para 77%. Dos votantes de Tabata Amaral (PSB), a quarta colocada no pleito paulistano, 52% optaram por Boulos, ante 27% que preferem Nunes.

Entre os entrevistados que votaram no presidente Lula (PT) em 2022, 65% preferem eleger o psolista, enquanto 36% escolhem o atual prefeito. Já entre aqueles que votaram no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), 83% declararam voto em Nunes.

Ao defender o arquivamento da investigação sobre "eventual apropriação indevida de recursos públicos" pela Transparência Internacional na Lava Jato, nesta terça, 15, o procurador-geral da República Paulo Gonet invocou um argumento constantemente usado nos julgamentos da extinta operação: a declaração de suspeição do ex-juiz Sérgio Moro.

Em sua manifestação, Gonet ressaltou que "não há elementos mínimos de convicção que justifiquem" a continuidade das investigações. Ele destacou o princípio do juiz natural, que se refere ao juízo competente para analisar determinado caso.

Segundo o procurador, a regra impede a investigação sobre a Transparência Internacional, vez que o Supremo Tribunal Federal é incompetente para conduzir apuração sobre a entidade - composta por executivos sem foro por prerrogativa de função.

O princípio do juiz natural, um pilar do Direito, foi citado pelos ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski no julgamento que declarou Moro parcial para julgar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dinamitando os processos do petista na Lava Jato.

Gilmar afirmou, à época do julgamento, que os atos de Moro, hoje senador, mostravam uma "atuação acusatória proativa, seja para restringir a possibilidade de defesa dos acusados, seja para passar por cima dos limites da demarcação do princípio constitucional do juiz natural".

Na avaliação de Gonet, o princípio do juiz natural, aliado ao da segurança jurídica, impediriam o processamento da apuração sobre a Transparência Internacional. A investigação foi aberta por solicitação do deputado petista Rui Falcão.

Em fevereiro, o ministro Dias Toffoli acolheu o pedido do parlamentar indicando que a Transparência Internacional teria sido designada como responsável por administrar a aplicação de R$ 2,3 bilhões em investimentos sociais previstos no acordo de leniência da J&F no âmbito da Lava Jato.

Transparência nega ter recebido ou gerenciado valores do acordo.

No parecer em que defende o arquivamento do caso, Gonet fez um alerta: prosseguir com a investigação sobre a Transparência Internacional "acabaria por transformar o Supremo Tribunal Federal em juízo universal para dirimir questões relacionadas a avenças de natureza financeira pactuadas por réus e pessoas jurídicas colaboradoras no âmbito das operações deflagradas no cenário político e jurídico de 2015/2016 de combate à corrupção".

O procurador indicou que a continuidade da apuração sobre a Transparência Internacional poderia abrir um precedente para que a Corte tenha de resolver todos aspectos ligados à parte financeira das delações fechadas na Lava Jato - tanto por investigados que fizeram colaboração premiada, como por empresas, que fecharam acordos de leniência. A Corte iria se transformar em algo que já havia combatido, segundo o procurador.

A petição de Gonet aportou no gabinete de Toffoli no final da tarde desta terça-feira, 15, logo após o ministro do STF usar a sessão da Segunda Turma do STF para defender suas próprias decisões em favor de réus da Operação Lava Jato - anulação em série de provas e condenações, abrindo caminho para pedidos de revisão de acordos de delatores.

O ministro alegou "erro na origem" e afirmou: "A lei existe para todos e o Estado não pode sobrepor à lei".

Para sustentar seu alerta quanto à investigação sobre a Transparência Internacional, o procurador-geral recuperou um caso, relatado por Toffoli no bojo da Lava Jato, no qual o Supremo assentou que "nenhum órgão jurisdicional pode-se arvorar de juízo universal".

A citação consta de um voto de Toffoli em 2015, quando o STF decidiu tirar da alçada da 13ª Vara Federal de Curitiba (base da Lava Jato, então sob a tutela de Moro) uma investigação sobre supostas fraudes no Ministério do Planejamento. O caso foi remetido para a Justiça Federal em São Paulo.

Gonet citou o voto antigo de Toffoli ao apontar que o pedido de investigação sobre a Transparência Internacional não poderia superar as regras de competência e deslocar o caso "direta e indevidamente" para o STF, ainda mais com "direção de relatoria". Para ele, a petição de Rui Falcão foi apresentada no âmbito de um processo polêmico herdado por Toffoli do ministro aposentado Ricardo Lewandowski: a reclamação no qual foram anuladas as provas do acordo de leniência da Odebrecht.

Lançando mão dessa estratégia, Falcão garantiu que seu pedido ficasse no gabinete de Toffoli. No entanto, Gonet frisou que o fato de uma reclamação apresentar um tema em tese similar ao do pedido de apuração não faz do Supremo o foro adequado para supervisionar uma investigação.

Alguém consegue citar alguma realização concreta do governo Lula até agora?

O procurador destacou que não há conexão entre os fatos aventados no pedido de Rui Falcão e o feito em que ele foi apresentado - a reclamação no qual foram anuladas as provas da Odebrecht nos processos de Lula e, posteriormente, nas ações de vários réus da Lava Jato.

Segundo o procurador, "divorciam-se todos os elementos dos feitos, desde as partes às causas de pedir e pedidos".

Enquanto Falcão narrou suposto direcionamento de recursos públicos à Transparência por parte de integrantes da Procuradoria da República no Distrito Federal - no âmbito do acordo de leniência da J&F -, a reclamação de Lula pedia, inicialmente, acesso à íntegra do acordo de leniência da antiga Odebrecht.

Segundo Gonet, a diferença entre os casos já havia sido ressaltada pelo MPF perante o Superior Tribunal de Justiça, antes de o caso chegar ao Supremo.

"Não se descuida, por lealdade processual, que a presente Petição aventa, ao final, a possibilidade de que poderia ter ocorrido o alegado "desvio de recursos públicos" em benefício da TI também no contexto da Operação Lava Jato. Nada obstante, a Petição não dispõe de exposição de fatos concretos ou de elementos mínimos a indicar a ocorrência de prática criminosa. Propõe-se a desencadear atos genéricos de elucidação da hipótese sugerida", anotou Gonet.