Museu do Futebol inaugura a mostra Jaraguá Kunhague Ouga'a - O jogo das mulheres do Jaraguá

Cultura
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Uma homenagem à luta, à alegria e à resistência das mulheres Guarani Mbyá: esse é o mote de Jaraguá Kunhague Ouga'a - O jogo das mulheres do Jaraguá, a mostra temporária que abre ao público no dia 31 de maio do Museu do Futebol, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo de São Paulo. A exposição retrata a prática de futebol de mulheres na aldeia, localizada na região noroeste da cidade de São Paulo, entrelaçada a elementos sobre a espiritualidade e práticas culturais das guaranis, além de sua luta pela demarcação do território como terra indígena. 

A mostra celebra o futebol das mulheres Guaranis Mbyá da Terra Indígena Jaraguá, e apresenta a importância do jogo no contexto da resistência na manutenção do modo de vida indígena no meio urbano paulistano. Apresenta fotografias produzidas também pelas próprias jogadoras guaranis, vídeos e objetos que documentam o futebol e o cotidiano das mulheres indígenas.  

Abertura 

Para marcar a estreia, acontece às 12h uma apresentação de Tangará, dança feminina com movimentos inspirados nos pássaros, que representam alegria, liberdade e reflexão. As mulheres expressam a proteção, de forma acolhedora, a resistência do povo Guarani Mbyá, e a ligação da alma feminina com o universo.  Haverá também o canto coral que acompanha os movimentos de dança da aldeia, com acompanhamento de músicos xondaro. São seis mulheres dançarinas e cantoras, quatro músicos com instrumentos, e canto coral da plateia Guarani presente, além de feira de artesanato guarani.   

Jaraguá Kunhague Ouga'a também promoveu uma parceria com o Museu das Culturas Indígenas. A curadoria é das jogadoras guaranis Lurdes Yva Poty Roseane Reté, com co-curadoria de Maíra Vaz Valente. Há também a participação da artista pataxó Tamikuã Txihi, residente na terra indígena do Jaraguá, com uma tela comissionada pela exposição. “A exposição está muito linda e sei que vai ser um aprendizado para todos, os alunos, os adultos, para quem não conhece o futebol feminino indígena”, diz a curadora Roseane Reté. 

Jaraguá Kunhague Ouga'a - O jogo das mulheres do Jaraguá inaugura um novo formato de mostra temporária no Museu do Futebol, com duração mais curta, na Sala Osmar Santos. Toda a exposição é bilíngue, com textos, legendas em português e guarani, língua falada ativamente no território indígena do Jaraguá. 

Há semelhanças e diferenças na prática do futebol realizada pelas mulheres brasileiras não-indígenas: pelo direito de jogar, as guaranis também precisaram negociar o espaço do campinho com os homens da aldeia para garantir o que consideram uma das poucas formas de lazer que têm à disposição. Algumas relatam como o futebol foi importante para construírem sua posição de liderança na comunidade. Por outro lado, sua relação com o jogo não está tão atrelada à ideia de competição: mesmo em torneios, a ideia do convívio e diversão em grupo é mais importante do que ganhar ou perder.    

Sobre a visita 

Partindo da opy, a casa de reza, o visitante começa a exposição conhecendo o ka’a, ritual guarani da erva mate, que marca a passagem do inverno, o “tempo velho”, para o “tempo novo” Ara Pyau, da primavera e verão. 

Além das fotografias, a mostra apresenta relatos das jogadoras em vídeo e objetos usados pelas mulheres Guarani Mbyá que permitem ao público mergulhar nas histórias das cinco equipes da Terra Indígena mostram que as futebolistas do Jaraguá como protagonistas de um vibrante presente. Entre os objetos em exposição, estão as camisas dos times, desenhadas pelas próprias jogadoras, a partir de elementos da arte guarani.  

A maior parte do acervo em exibição é de autoria guarani, produzidos por fotógrafos e pelas próprias jogadoras, com contribuições de pessoas parceiras e aliadas. As fotografias foram feitas originalmente para uma exposição realizada no Centro Cultural Vergueiro, com apoio do PROAC. 

Terra Indígena do Jaraguá 

A Terra Indígena do Jaraguá já foi a menor Terra Indígena demarcada do Brasil, com apenas 1,7. hectares, equivalente a dois campos oficiais de futebol. A área demarcada em 1987 incluía somente duas das sete aldeias existentes no território: Tekoa Ytu, Tekoa Puay, Tekoa Itakupé, Tekoa Itaverá, Tekoa Itaendy e Tekoa Yvy Porã.  

Em maio de 2025, a republicação da declaratória do Ministério da Justiça reconheceu os 532 hectares do território, dando um importante passo na ampliação oficial da área da terra indígena. Na mesma ocasião, o Governo de São Paulo assinou um acordo com a comunidade, reconhecendo a gestão compartilhada de áreas sobrepostas entre o Parque Estadual Jaraguá e a Terra Indígena Jaraguá. 

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Em meio a um cenário de otimismo cauteloso, o turismo brasileiro vive um novo momento em 2025. Impulsionado pela valorização do turismo sustentável, pelas viagens de experiência e pela alta do dólar, que favorece o turismo doméstico, o setor registra uma recuperação robusta e cheia de oportunidades.

Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o faturamento do setor cresceu 8,5% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Entre os destaques estão o Nordeste e o Centro-Oeste, que têm atraído visitantes em busca de ecoturismo, cultura regional e gastronomia típica.

A força do turismo interno

Com o dólar oscilando acima dos R$ 5,50, muitos brasileiros estão optando por conhecer melhor o próprio país. Destinos como Jalapão (TO), Chapada Diamantina (BA) e Alter do Chão (PA) estão no topo das buscas, segundo dados recentes da plataforma de viagens Booking.com.

“Estamos percebendo um novo perfil de turista, mais consciente e interessado em experiências autênticas, longe das multidões e com maior contato com a natureza”, afirma Paula Rezende, diretora de marketing de uma agência de viagens especializada em roteiros personalizados.

Turismo sustentável em alta

Outro destaque de 2025 é o crescimento do turismo sustentável. Projetos de hospedagem ecológica, trilhas com guias locais capacitados e parcerias com comunidades tradicionais estão se tornando diferenciais importantes na hora de escolher um destino.

A cidade de Bonito (MS), por exemplo, implementou um sistema de controle de visitantes em suas principais atrações naturais, equilibrando preservação ambiental e geração de renda para a população local.

Tecnologia e inteligência artificial como aliadas

A tecnologia também tem papel de protagonista na retomada do setor. Aplicativos de roteiros personalizados, guias virtuais com inteligência artificial e o uso de realidade aumentada em museus e atrações têm melhorado a experiência dos turistas e ajudado a descentralizar o fluxo de visitantes.

“A integração de ferramentas tecnológicas permite que o turista tenha mais autonomia, segurança e acesso a informações atualizadas em tempo real”, destaca Rafael Oliveira, pesquisador em turismo digital da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Perspectivas para o futuro

O cenário para o turismo em 2025 é promissor, mas requer atenção à qualificação da mão de obra, infraestrutura de acesso e políticas públicas de incentivo ao turismo sustentável.

Com a chegada do segundo semestre, o setor se prepara para a alta temporada e aposta na diversificação de roteiros e no fortalecimento do turismo de base comunitária como pilares de um crescimento duradouro.

O ano de 2025 está sendo generoso para quem busca por uma brecha no calendário para viajar. Isso porque há quatro feriados prolongados e oito pontos facultativos nacionais, que é quando as empresas podem ou não liberar os funcionários. O primeiro prolongado aconteceu em abril, mas durante todo o ano há oportunidades para viajar, e os roteiros de turismo sustentável vem ganhando espaço na agenda do brasileiro. Além de serem opções responsáveis e que se preocupam com o meio ambiente, quem os realiza também ganha ao se conectar com a natureza.

O ecoturismo cresce cerca de 20% todos os anos no Brasil, de acordo com o Brasilturis. Um dos motivos pela escolha da modalidade são os benefícios, principalmente ao bem estar mental e na conexão com si mesmo. É comprovado que a exposição à natureza diminui o estresse, regulando os níveis de cortisol no corpo e baixando a pressão arterial. A rotina do dia a dia faz com que seja difícil parar para contemplar um fim de tarde, o cair da chuva, o cantar dos pássaros ou pisar na grama e, assim, esquecemos o quão bom esse contato pode fazer. 

“Viagens em meio a natureza são como uma terapia em meio a um mundo digital, cheio de telas e obrigações profissionais. O ecoturismo vem se tornando um estilo de vida para aqueles que priorizam qualidade de vida, na qual saúde física e mental são inegociáveis”, ressalta Cecília Fortunatti, cofundadora da VaiViver - Ecoturismo e Aventura. 

Para quem busca uma pausa da rotina agitada das cidades, a VaiViver — iniciativa voltada para viagens com propósito — criou roteiros com saídas exclusivas durante os feriados prolongados. Em maio, no Dia do Trabalho (01), acontecem as primeiras expedições para explorar mais de 150 cachoeiras escondidas no coração da Serra da Canastra, em Delfinópolis (MG). Já em junho, durante o feriado de Corpus Christi, o destino é Nobres (MT), no coração do cerrado mato-grossense. 

Foco na experiência

Buscando mais do que apenas um destino, e sim vivências transformadoras em meio à natureza, Sandra de Araujo Rodrigues, de 53 anos, decidiu romper barreiras pessoais e encontrou na VaiViver a segurança e o acolhimento necessários para viajar sozinha pela primeira vez. Após o divórcio e em busca de um novo ciclo de vida, ela escolheu a Chapada dos Guimarães como ponto de partida para essa jornada. Lá, além de se reconectar consigo mesma, fez amizades e viveu momentos que marcaram sua trajetória. Foi nessa viagem que surgiu o convite para comemorar seu aniversário, em 2022, na Chapada das Mesas — uma experiência que, segundo ela, mudou sua vida. “Você tem noção do que foi iniciar um novo ciclo na Chapada das Mesas? Foi simplesmente emocionante”, conta.

A experiência com a VaiViver foi um ponto central na jornada de transformação de Sandra. Desde o início, ela se sentiu segura e amparada para explorar atividades que jamais imaginou realizar — como tirolesa e passeios por cachoeiras, mesmo sem saber nadar. “Pode ter certeza que o meu ciclo, que se iniciou naquele período, foi um dos mais lindos que eu tive”, relembra. Segundo ela, o cuidado e o suporte da equipe fizeram toda a diferença: “É uma das empresas que dá mais segurança, principalmente para a mulher que viaja sozinha. Quando ela fala assim: ‘quero que você só se preocupe em fazer a mala’, é exatamente isso”, complementa.  

Opções para o Dia do Trabalho

A VaiViver oferece um roteiro de quatro dias para a cidade, que é ideal para quem busca uma imersão profunda no ecoturismo. Iniciando na quinta-feira (01), o grupo se reúne em São Paulo (SP), na estação Vergueiro com a equipe e segue direto para a pousada. A aventura começa na sexta-feira, após um típico café mineiro, com pão de queijo e café quentinho. 

Para os amantes de queijo, o roteiro contempla uma parada em diversas queijarias premiadas para provar o queijo canastra e conhecer um pouco mais da região. Os viajantes ainda adentram o Parque Nacional da Serra da Canastra, recebendo as boas energias da água sagrada e conhecendo a biodiversidade local. O destino é uma opção repleta de belezas naturais e trilhas, indicadas para iniciantes no esporte e com nível de preparação baixo. Ao total, são aproximadamente 12 km de trilhas divididos durante o roteiro, mas sem grandes desníveis. 

Quem escolhe Delfinópolis como destino conhece ainda o Condomínio de Pedra, Vale da Gurita, Complexo do Ouro e do Claro e lindas cachoeiras, como a Cachoeira do Tombo, da Gruta e Tenebroso. Está incluído no roteiro todos os passeios e tickets de entrada, transfer ida e volta da sua cidade de origem em ônibus semi leito, transfer em 4x4 para os passeios na Serra, ônibus rural, hospedagem em pousada em Delfinópolis - próxima ao centrinho e barzinhos -, e as principais refeições com típicos cafés e almoços mineiros. 

 

Com uma rica herança africana presente na cultura, na história e na gastronomia, o Rio de Janeiro foi eleito o Melhor Destino Nacional de Afroturismo durante a 3ª edição do Prêmio Afroturismo, realizada nesta segunda-feira (14.04), em São Paulo. O anúncio foi feito na World Travel Market Latin America (WTM-LA) - um dos mais relevantes eventos globais do setor turístico. A premiação é promovida pela plataforma Guia Negro, que tem a valorização das raízes afro-brasileiras como um de seus pilares estratégicos.

A escolha do Rio reforça o papel da cidade na valorização da cultura afro e no fortalecimento de experiências turísticas ligadas à ancestralidade. Entre os roteiros destacados pelo júri estão a Pequena África, na região portuária, e o bairro de Madureira – trajetos que resgatam e celebram a contribuição da população negra na formação da identidade carioca.

Outro reconhecimento importante foi para o Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), localizado na Gamboa. Inaugurado em 2021, o espaço foi premiado como a Melhor Atração Turística do segmento, sendo descrito pelos jurados como um “local de resistência”, dedicado à preservação, promoção e celebração da cultura afro-brasileira, por meio de exposições, rodas de conversa e atividades culturais.

A premiação também reconheceu outros esforços que impulsionam o afroturismo no Brasil. São Luís (MA) foi destaque pelos investimentos no setor, recebendo o título de Destaque Guia Negro. A turismóloga Thaís Rosa Pinheiro, fundadora da agência Conectando Territórios e consultora do Ministério do Turismo, foi eleita a melhor profissional do segmento. 

ROTAS NEGRAS - O fortalecimento do Afroturismo também se reflete nas políticas públicas voltadas para a promoção internacional do Brasil. Como parte desse esforço, o Ministério do Turismo, em parceria com o Ministério da Igualdade Racial e outros órgãos do Governo Federal, lançou o Programa Rotas Negras.

A iniciativa tem como objetivo fomentar experiências turísticas que valorizem a ancestralidade africana em diferentes territórios – urbanos e rurais –, impulsionando oportunidades de inclusão e protagonismo para as populações negras. Com foco na economia criativa, circular e sustentável, o programa também visa fortalecer os destinos turísticos de matriz afro-brasileira presentes no Mapa do Turismo.

Além disso, o Rotas Negras prevê ações voltadas à educação e sensibilização dos turistas sobre a história e a cultura afro-brasileira, à capacitação de comunidades locais na gestão dos seus produtos turísticos e ao enfrentamento de estereótipos, contribuindo para a autoestima das populações envolvidas.