O Itaú Cultural recebe de 29 de maio a 1 de junho (quinta-feira a domingo) Um Grito Parado no Ar, texto clássico do ator, diretor e dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006), cuja nova montagem é apresentada pelo Teatro do Osso. Marco do teatro brasileiro, que estreou a sua primeira versão em 1973, o espetáculo reflete sobre os desafios da criação artística em períodos de censura e repressão. Ela dialoga, agora, com questões contemporâneas, por meio da dramaturgia assinada em conjunto pela companhia teatral, o dramaturgo Jonathan Silva e o diretor Rogério Tarifa.
Assim como toda a programação do Itaú Cultural, as apresentações da peça são gratuitas. Os ingressos podem ser reservados a partir das 12h do dia 27 (terça-feira), na plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br. Todas as apresentações contam com interpretação em Libras.
Um Grito Parado no Ar reflete sobre a precariedade e a persistência de se fazer arte em tempos complexos, ao acompanhar um grupo de artistas que ensaia uma peça a 10 dias da estreia e vê essa produção sendo ameaçada tanto pela censura, quanto por dívidas e restrições financeiras. A trama mantém a essência crítica proposta por Guarnieri há mais de 50 anos, no período da ditadura militar brasileira, expondo os desafios de se fazer arte em um contexto de repressão.
Nesta nova montagem, estreada em janeiro, o diretor Rogério Tarifa segue com foco na importância do teatro como ferramenta de questionamento e crítica social. No entanto, traça também diálogos com a atualidade, com improvisações do elenco baseadas em relatos reais sobre este cotidiano permeado por questões sociais e econômicas.
Ainda, ele faz uma conexão entre dois tempos de Um Grito Parado no Ar – o de 1973 e o de 2025 –, por meio da participação de Dulce Muniz. A atriz faz parte da história do teatro brasileiro e integrou o Teatro Arena, vivenciando situações como as levadas ao palco no papel da personagem Flora.
Com direção musical de William Guedes e composições originais de Jonathan Silva, este ato-espetáculo musical conta com um coro de oito integrantes, que se junta ao elenco e enriquece a conexão com o público. Assim, atrizes, atores e não atores, pessoas cis e pessoas trans, além de diferentes gerações, classes sociais e nacionalidades, colocam em cena uma pluralidade de vozes e experiências.
Curiosidades e história
Gianfrancesco Guarnieri foi um ator, diretor, dramaturgo e poeta italiano naturalizado brasileiro. Figura central do Teatro de Arena de São Paulo, ele marcou a dramaturgia nacional com textos que abordavam questões sociais e políticas. Entre as suas obras mais significativas está Eles Não Usam Black-Tie, reconhecida como um marco do teatro brasileiro, em 1958. O cineasta Leon Hirszman levou a peça para o cinema em 1981, sob sua direção e com fotografia de Lauro Escorel.
Um Grito Parado no Ar estreou há 52 anos, em um período de forte repressão política, e tornou-se um símbolo da resistência cultural. Dos movimentos das ruas nos anos 1970, levou para o palco a frase "Nós vamos estrear, nem que seja na marra!", dita em cena pelo personagem Fernando, mas que ecoava como um manifesto dos artistas contra a censura daquela época.
Itaú Cultural recebe nova montagem de Um Grito Parado No Ar, clássico de Gianfrancesco Guarnieri, com o Teatro do Osso
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