O Ministério da Cultura (MinC) participa, entre os dias 24 e 25 de junho, de missão oficial à Abuja, capital da Nigéria, liderada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. Na agenda, representantes da Pasta acompanham o vice-presidente na 2ª Reunião do Mecanismo de Diálogo Estratégico Brasil-Nigéria, nesta terça-feira, (24), às 10h15 (horário local), onde, entre outros atos, será assinado o Acordo de Coprodução Audiovisual Brasil-Nigéria.
País com maior economia e maior população do continente africano, a Nigéria é o único da África Ocidental com o qual o Brasil mantém o Mecanismo de Diálogo Estratégico, instrumento que é conduzido pelos Vice-Presidentes dos dois países. Na atual gestão, o vice-presidente Geraldo Alckmin assumiu, em 2023, o compromisso de realizar a segunda reunião do Mecanismo. Ambos os governos concordaram com a criação de seis grupos de trabalho temáticos para dar andamento às ações do relacionamento bilateral. Os temas da Cultura são tratados no Grupo de Trabalho de Cultura, Educação, Ciência, Tecnologia e Saúde.
O MinC será representado pela secretária do Audiovisual, Joelma Gonzaga, pela Secretária de Financiamento da Agência Nacional do Cinema (ANCINE), Fabiana Trindade Machado, e pela diretora de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Cultural Palmares (FCP), Fernanda Thomaz.
Coprodução Audiovisual
Conhecida como Nollywood, a indústria audiovisual da Nigéria é a segunda maior do mundo em termos de produção, superando Hollywood e ficando atrás apenas de Bollywood, da Índia. Com uma produção de cerca de 2.500 filmes por ano, a indústria tem forte impacto na cultura e economia nigerianas. Os dados mostram a relevância do acordo que é resultado de tratativas conduzidas pelo MinC e a Corporação Nigeriana de Cinema.
O documento estabelece as bases para a realização de coproduções audiovisuais oficiais entre os dois países, permitindo que produtores brasileiros e nigerianos colaborem na criação de filmes, séries, documentários, animações e outras obras. O texto define critérios técnicos, criativos e financeiros que garantem o reconhecimento dessas obras como nacionais em ambos os territórios, assegurando o acesso a benefícios, financiamentos e incentivos previstos nas legislações locais.
Para a secretária Joelma Gonzaga, a iniciativa marca um avanço importante na relação cultural entre os dois países. "A assinatura do acordo de coprodução audiovisual abre um novo capítulo na aproximação entre Brasil e África. É um passo importante para valorizar ambas culturas, criar novas pontes por meio do audiovisual e ampliar a visibilidade das nossas histórias no mundo. Essa parceria tem um enorme potencial para gerar intercâmbios criativos, formação profissional e oportunidades para quem faz audiovisual nos dois países," reforça.
Relações culturais entre Brasil e Nigéria
A missão também reafirma o fortalecimento das relações culturais entre os dois países. Em novembro de 2024, por ocasião da Reunião de Ministros de Cultura do G20, realizada em Salvador, a ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes, e a ministra nigeriana de Arte, Cultura e Economia Criativa, Hannatu Musa Musawa, deram início às negociações de acordos, destacando o interesse mútuo em estreitar laços especialmente nas áreas de música e audiovisual. A aproximação foi reforçada na Cúpula de Líderes do G20, ocorrida no mesmo mês, quando as ministras voltaram a se encontrar para discutir iniciativas de promoção da diversidade cultural, do patrimônio compartilhado e de ações conjuntas.
Atualmente, está em curso a negociação de um Memorando de Entendimento em Matéria Cultural, que contemplará iniciativas conjuntas nas áreas de artes visuais, artes cênicas, música, dança, artesanato, patrimônio cultural, educação patrimonial e economia criativa.
Para Fernanda Thomaz, diretora de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Cultural Palmares, a retomada do Mecanismo de Diálogo Estratégico Brasil-Nigéria é também um gesto de reconhecimento das raízes históricas e culturais que unem Brasil e Nigéria. "Essa agenda é extremamente importante, porque retoma uma iniciativa iniciada ainda no governo Dilma e resgata uma relação bilateral que reconhece a proximidade histórica entre as duas regiões. A Nigéria formou parte essencial da nossa cultura, especialmente no Nordeste. E o Brasil, por sua vez, abriga hoje a maior população afrodescendente fora da África. Essa troca é vital para fortalecer os dois países culturalmente, politicamente e simbolicamente", afirma.
Brasil e Nigéria mantêm uma relação tradicional e diversificada, com forte influência nigeriana na formação cultural e social brasileira. As relações bilaterais são intensas desde a independência da Nigéria, em 1960, com a inauguração das embaixadas em 1961 (Brasília) e 1966 (Abuja), e sucessivas visitas de alto nível desde 1999. O Acordo de Cooperação Cultural e Educacional, assinado em 2000, segue em vigor e prevê programas de intercâmbio artístico, exposições, publicações literárias e visitas técnicas entre os dois países.
Em missão oficial à Nigéria com o vice-presidente, MinC assinará acordo de coprodução audiovisual
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