Ao lado de Lula, ministra da Cultura participa da abertura da 36ª Feira do Livro de Bogotá

Cultura
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Também na quarta (17), eles marcaram presença na inauguração do Pavilhão do Brasil; país é o homenageado nesta edição

 

Na quarta-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a primeira-dama, Janja da Silva, e a ministra da Cultura, Margareth Menezes, participaram da abertura oficial da 36ª Feira Internacional do Livro de Bogotá (FILBo 2024), da qual o Brasil é o país convidado de honra pela terceira vez – as anteriores foram nas edições de 1995 e 2012. O ato também contou com a presença do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, da primeira-dama, Verónica Alcocer, e do ministro das Culturas, da Artes e dos Saberes, Juan David Correa.
 

Em seu discurso, o presidente Lula falou da importância da leitura e dos livros. "A literatura é um direito humano porque é um bem indispensável à nossa humanização. Ler é ser livre, mesmo quando fisicamente tentam nos isolar e prender, pois a luta por um país mais justo, uma vida digna e uma América Latina unida persiste, apesar daqueles que buscam ofuscar o progresso da nossa região. Precisamos de mais livros e menos armas. De mais conhecimento, educação, ciência e inovação". E finalizou: "Eu queria dizer a todos os escritores que estão aqui que, no Brasil, nós tomamos uma decisão muito importante. Todo conjunto habitacional feito no país a partir de agora terá uma biblioteca para que as pessoas não deixem de ler", disse, referindo-se às habitações populares do Minha Casa Minha Vida.
 

O presidente colombiano, Gustavo Petro, salientou a força das palavras e dos livros, lembrando que no passado obras já foram queimadas, mas que "a palavra escrita e a falada seguem crescendo como jardins".
 

"Nesse momento em que a humanidade precisa resgatar a conexão com a sua própria história, a potência de feiras do livro como essa, as bibliotecas, a leitura e a escrita têm que ser tratadas como um verdadeiro tesouro para a humanidade. A presença do Brasil na 36ª da Feira do Livro de Bogotá reforça o nosso compromisso em estreitar as nossas relações internacionais a partir da leitura, do livro e da biblioteca", afirmou a ministra Margareth Menezes.
 

A delegação brasileira na feira deste ano inclui 29 autores. Em retribuição, a Colômbia será o país homenageado na 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em setembro.
 

Entre os escritores, escritoras e quadrinistas estão nomes como Ailton Krenak, Amílcar Bettega, Auritha Tabajara, Bernardo Carvalho, Daiara Tukano, Daniel Munduruku, João Carrascoza, Marcelino Freire, Marcello Quintanilha, Raphael Montes e a autora convidada da programação literária, Ángela Cuartas. A curadoria é da poetisa Stephanie Borges.
 

Integrante da comitiva, a romancista baiana Luciany Aparecida, ressaltou o valor da leitura. "Creio que a leitura literária pode nos educar para que nos vejamos melhor e aos nossos ao redor. Esse é o nosso antigo método de sermos ambientalistas, é não desistirmos dos modos como tratamos a terra, como imaginamos as nuvens, como saudamos diariamente o sol, as matas, o vento e as águas. Ler nossos livros é aceder a uma intelectualidade que está dizendo que temos esperança em mundos possíveis, mas jamais poderemos esquecer o que nossos ancestrais viveram. Ler nossos livros é dizer se temos memória, e ela é uma companhia que está conosco agora".
 

Pavilhão do Brasil
 

Homenageado de honra desta edição, o Brasil inaugurou um pavilhão com três mil metros quadrados. O local dispõe de livraria e exposições artísticas, explorando a diversidade cultural e os biomas do Brasil, sobretudo a Amazônia.
 

A programação cultural inclui apresentações audiovisuais, palestras e homenagens a nomes representativos da literatura brasileira, além de artesanato e espaço gastronômico, promovendo uma imersão na cultura brasileira.
 

Uma das iniciativas é o Ciclo Afro, de 22 a 27 de abril, voltado para a celebração da literatura e estímulo ao intercâmbio cultural em nível global que enfatiza a importância dos intelectuais negros na produção de literatura e cultura.
 

No total, 12 empresas irão expor novidades no Pavilhão, organizado pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), e estarão nas rodadas no salão de negócios. São elas: Jujuba, Funcamp, Pingo de Luz, Ateliê da Escrita, Global Editora, Mil Caramiolas, Solisluna, Panda Books, Mais Ativos, Ôzé Editora, Callis e Companhia das Letras.
 

Para a edição deste ano, estima-se que a participação brasileira no evento resulte em US$ 215 mil em novos negócios e expectativas para os próximos meses.
 

A chefe da Cultura, acompanhada do ministro Juan David Correa, visitou a exposição El Árbol que Devoró um Mundo: los Rumbos del Caucho en La Vorágine, que promove uma reflexão sobre a exploração da borracha e suas consequências sociais e ambientais a partir de mapas, fotografias, ilustrações e material documental.
 

Promoção da leitura e da literatura
 

Com apoio de estatais, o Ministério da Cultura e MRE também levarão ao evento editores, livreiros, mediadores e promotores de leitura para participarem das jornadas profissionais, rodadas de negócios e dos encontros de promoção da leitura e da literatura.
 

A presença brasileira na FILBo 2024 é fruto de ação conjunta entre os ministérios da Cultura e das Relações Exteriores, por meio do Instituto Guimarães Rosa (IGR), da Embaixada do Brasil em Bogotá, da Fundação Biblioteca Nacional e do Instituto de Cultura Brasil Colômbia (Ibraco).
 

"A nossa participação na FILBo constitui uma política pública no âmbito da Política Nacional de Leitura e Escrita e do Plano Nacional do Livro e da Leitura no Brasil. Envolve a promoção e divulgação da literatura brasileira no exterior e o desenvolvimento da economia criativa do livro", comentou o secretário de Formação, Livro e Leitura (Sefli) do MinC, Fabiano Piúba.
 

E acrescentou: "A FILBo é uma das feiras do livro mais importantes não só da América Latina, mas também do mundo. Movimenta o ecossistema do livro, especialmente os de língua espanhola. É um território de democratização do acesso ao livro, de promoção da leitura e formação de leitores e um ambiente de desenvolvimento da economia do livro em toda a região, reunindo autores, tradutores, editores, livreiros, distribuidores, agentes literários, bibliotecários, mediadores e promotores da leitura e, principalmente, aproximando os leitores já formados e em formação. É uma bela celebração da leitura".
 

Com o tema "Ler a Natureza", a FILBo 2024 deverá receber mais de 600 mil pessoas até o dia 2 de maio. O evento representa uma oportunidade de difusão da cultura brasileira no exterior, além de promover o intercâmbio entre artistas e intelectuais latino-americanos.
 

Memorando
 

Também nesta quarta, o presidente da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Marco Lucchesi, se reuniu com representantes da Biblioteca Nacional da Colômbia. "Nós assinamos um memorando importantíssimo em termos de produção de conhecimento, os programas de tradução que as duas bibliotecas nacionais realizam, e o Projeto Resgate, em termos de documentação que existe aqui no Brasil, para ser digitalizado, e também da Colômbia, o que há no país de material deles. Por isso fazemos esses intercâmbios digitais. Esse é o Resgate, do MinC, projeto de estado feito pela FBN que busca, há muitos anos, trazer o que existe no mundo da documentação brasileira nesse sistema de cópia, digitalização e transcrição", contou sobre o programa de cooperação arquivística internacional que tem como objetivo catalogar e reproduzir a documentação histórica manuscrita referente ao Brasil, do período anterior à Independência.
 

Visitas
 

Integrante da comitiva do MinC, o presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues, esteve nesta quarta no Museu Nacional da Colômbia, acompanhado do coordenador de Mercosul na Assessoria Especial de Assuntos Internacionais, Laio Veloso, e da professora da Universidade Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), da Bahia e do Ceará, Miriam Reis.
 

Na ocasião foi proposta uma parceria entre MinC, Fundação Cultural Palmares e Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) para a construção de uma rede de museus afros e centros de interpretação da herança africana.
 

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Em meio a um cenário de otimismo cauteloso, o turismo brasileiro vive um novo momento em 2025. Impulsionado pela valorização do turismo sustentável, pelas viagens de experiência e pela alta do dólar, que favorece o turismo doméstico, o setor registra uma recuperação robusta e cheia de oportunidades.

Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o faturamento do setor cresceu 8,5% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Entre os destaques estão o Nordeste e o Centro-Oeste, que têm atraído visitantes em busca de ecoturismo, cultura regional e gastronomia típica.

A força do turismo interno

Com o dólar oscilando acima dos R$ 5,50, muitos brasileiros estão optando por conhecer melhor o próprio país. Destinos como Jalapão (TO), Chapada Diamantina (BA) e Alter do Chão (PA) estão no topo das buscas, segundo dados recentes da plataforma de viagens Booking.com.

“Estamos percebendo um novo perfil de turista, mais consciente e interessado em experiências autênticas, longe das multidões e com maior contato com a natureza”, afirma Paula Rezende, diretora de marketing de uma agência de viagens especializada em roteiros personalizados.

Turismo sustentável em alta

Outro destaque de 2025 é o crescimento do turismo sustentável. Projetos de hospedagem ecológica, trilhas com guias locais capacitados e parcerias com comunidades tradicionais estão se tornando diferenciais importantes na hora de escolher um destino.

A cidade de Bonito (MS), por exemplo, implementou um sistema de controle de visitantes em suas principais atrações naturais, equilibrando preservação ambiental e geração de renda para a população local.

Tecnologia e inteligência artificial como aliadas

A tecnologia também tem papel de protagonista na retomada do setor. Aplicativos de roteiros personalizados, guias virtuais com inteligência artificial e o uso de realidade aumentada em museus e atrações têm melhorado a experiência dos turistas e ajudado a descentralizar o fluxo de visitantes.

“A integração de ferramentas tecnológicas permite que o turista tenha mais autonomia, segurança e acesso a informações atualizadas em tempo real”, destaca Rafael Oliveira, pesquisador em turismo digital da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Perspectivas para o futuro

O cenário para o turismo em 2025 é promissor, mas requer atenção à qualificação da mão de obra, infraestrutura de acesso e políticas públicas de incentivo ao turismo sustentável.

Com a chegada do segundo semestre, o setor se prepara para a alta temporada e aposta na diversificação de roteiros e no fortalecimento do turismo de base comunitária como pilares de um crescimento duradouro.

O ano de 2025 está sendo generoso para quem busca por uma brecha no calendário para viajar. Isso porque há quatro feriados prolongados e oito pontos facultativos nacionais, que é quando as empresas podem ou não liberar os funcionários. O primeiro prolongado aconteceu em abril, mas durante todo o ano há oportunidades para viajar, e os roteiros de turismo sustentável vem ganhando espaço na agenda do brasileiro. Além de serem opções responsáveis e que se preocupam com o meio ambiente, quem os realiza também ganha ao se conectar com a natureza.

O ecoturismo cresce cerca de 20% todos os anos no Brasil, de acordo com o Brasilturis. Um dos motivos pela escolha da modalidade são os benefícios, principalmente ao bem estar mental e na conexão com si mesmo. É comprovado que a exposição à natureza diminui o estresse, regulando os níveis de cortisol no corpo e baixando a pressão arterial. A rotina do dia a dia faz com que seja difícil parar para contemplar um fim de tarde, o cair da chuva, o cantar dos pássaros ou pisar na grama e, assim, esquecemos o quão bom esse contato pode fazer. 

“Viagens em meio a natureza são como uma terapia em meio a um mundo digital, cheio de telas e obrigações profissionais. O ecoturismo vem se tornando um estilo de vida para aqueles que priorizam qualidade de vida, na qual saúde física e mental são inegociáveis”, ressalta Cecília Fortunatti, cofundadora da VaiViver - Ecoturismo e Aventura. 

Para quem busca uma pausa da rotina agitada das cidades, a VaiViver — iniciativa voltada para viagens com propósito — criou roteiros com saídas exclusivas durante os feriados prolongados. Em maio, no Dia do Trabalho (01), acontecem as primeiras expedições para explorar mais de 150 cachoeiras escondidas no coração da Serra da Canastra, em Delfinópolis (MG). Já em junho, durante o feriado de Corpus Christi, o destino é Nobres (MT), no coração do cerrado mato-grossense. 

Foco na experiência

Buscando mais do que apenas um destino, e sim vivências transformadoras em meio à natureza, Sandra de Araujo Rodrigues, de 53 anos, decidiu romper barreiras pessoais e encontrou na VaiViver a segurança e o acolhimento necessários para viajar sozinha pela primeira vez. Após o divórcio e em busca de um novo ciclo de vida, ela escolheu a Chapada dos Guimarães como ponto de partida para essa jornada. Lá, além de se reconectar consigo mesma, fez amizades e viveu momentos que marcaram sua trajetória. Foi nessa viagem que surgiu o convite para comemorar seu aniversário, em 2022, na Chapada das Mesas — uma experiência que, segundo ela, mudou sua vida. “Você tem noção do que foi iniciar um novo ciclo na Chapada das Mesas? Foi simplesmente emocionante”, conta.

A experiência com a VaiViver foi um ponto central na jornada de transformação de Sandra. Desde o início, ela se sentiu segura e amparada para explorar atividades que jamais imaginou realizar — como tirolesa e passeios por cachoeiras, mesmo sem saber nadar. “Pode ter certeza que o meu ciclo, que se iniciou naquele período, foi um dos mais lindos que eu tive”, relembra. Segundo ela, o cuidado e o suporte da equipe fizeram toda a diferença: “É uma das empresas que dá mais segurança, principalmente para a mulher que viaja sozinha. Quando ela fala assim: ‘quero que você só se preocupe em fazer a mala’, é exatamente isso”, complementa.  

Opções para o Dia do Trabalho

A VaiViver oferece um roteiro de quatro dias para a cidade, que é ideal para quem busca uma imersão profunda no ecoturismo. Iniciando na quinta-feira (01), o grupo se reúne em São Paulo (SP), na estação Vergueiro com a equipe e segue direto para a pousada. A aventura começa na sexta-feira, após um típico café mineiro, com pão de queijo e café quentinho. 

Para os amantes de queijo, o roteiro contempla uma parada em diversas queijarias premiadas para provar o queijo canastra e conhecer um pouco mais da região. Os viajantes ainda adentram o Parque Nacional da Serra da Canastra, recebendo as boas energias da água sagrada e conhecendo a biodiversidade local. O destino é uma opção repleta de belezas naturais e trilhas, indicadas para iniciantes no esporte e com nível de preparação baixo. Ao total, são aproximadamente 12 km de trilhas divididos durante o roteiro, mas sem grandes desníveis. 

Quem escolhe Delfinópolis como destino conhece ainda o Condomínio de Pedra, Vale da Gurita, Complexo do Ouro e do Claro e lindas cachoeiras, como a Cachoeira do Tombo, da Gruta e Tenebroso. Está incluído no roteiro todos os passeios e tickets de entrada, transfer ida e volta da sua cidade de origem em ônibus semi leito, transfer em 4x4 para os passeios na Serra, ônibus rural, hospedagem em pousada em Delfinópolis - próxima ao centrinho e barzinhos -, e as principais refeições com típicos cafés e almoços mineiros. 

 

Com uma rica herança africana presente na cultura, na história e na gastronomia, o Rio de Janeiro foi eleito o Melhor Destino Nacional de Afroturismo durante a 3ª edição do Prêmio Afroturismo, realizada nesta segunda-feira (14.04), em São Paulo. O anúncio foi feito na World Travel Market Latin America (WTM-LA) - um dos mais relevantes eventos globais do setor turístico. A premiação é promovida pela plataforma Guia Negro, que tem a valorização das raízes afro-brasileiras como um de seus pilares estratégicos.

A escolha do Rio reforça o papel da cidade na valorização da cultura afro e no fortalecimento de experiências turísticas ligadas à ancestralidade. Entre os roteiros destacados pelo júri estão a Pequena África, na região portuária, e o bairro de Madureira – trajetos que resgatam e celebram a contribuição da população negra na formação da identidade carioca.

Outro reconhecimento importante foi para o Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), localizado na Gamboa. Inaugurado em 2021, o espaço foi premiado como a Melhor Atração Turística do segmento, sendo descrito pelos jurados como um “local de resistência”, dedicado à preservação, promoção e celebração da cultura afro-brasileira, por meio de exposições, rodas de conversa e atividades culturais.

A premiação também reconheceu outros esforços que impulsionam o afroturismo no Brasil. São Luís (MA) foi destaque pelos investimentos no setor, recebendo o título de Destaque Guia Negro. A turismóloga Thaís Rosa Pinheiro, fundadora da agência Conectando Territórios e consultora do Ministério do Turismo, foi eleita a melhor profissional do segmento. 

ROTAS NEGRAS - O fortalecimento do Afroturismo também se reflete nas políticas públicas voltadas para a promoção internacional do Brasil. Como parte desse esforço, o Ministério do Turismo, em parceria com o Ministério da Igualdade Racial e outros órgãos do Governo Federal, lançou o Programa Rotas Negras.

A iniciativa tem como objetivo fomentar experiências turísticas que valorizem a ancestralidade africana em diferentes territórios – urbanos e rurais –, impulsionando oportunidades de inclusão e protagonismo para as populações negras. Com foco na economia criativa, circular e sustentável, o programa também visa fortalecer os destinos turísticos de matriz afro-brasileira presentes no Mapa do Turismo.

Além disso, o Rotas Negras prevê ações voltadas à educação e sensibilização dos turistas sobre a história e a cultura afro-brasileira, à capacitação de comunidades locais na gestão dos seus produtos turísticos e ao enfrentamento de estereótipos, contribuindo para a autoestima das populações envolvidas.