MinC, MCTI e Finep lançam edital de R$ 250 milhões para recuperação e preservação de acervos

Cultura
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Chamada pública destina-se ao apoio de projetos de preservação, divulgação, pesquisa e restauração de acervos científicos, históricos e culturais

 

O Ministério da Cultura, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), lançou a chamada pública Infraestrutura e Pesquisa de Acervos 2024. Com um investimento de R$ 250 milhões, o edital destina-se a apoiar a preservação, divulgação, pesquisa e restauração de acervos científicos, históricos e culturais de alto valor para o país. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (11), no Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda (PE), com a presença das ministras Margareth Menezes (MinC) e Luciana Santos (MCTI).

Os recursos são provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), sendo R$ 125 milhões destinados a projetos de acervos científicos e tecnológicos; e R$ 125 milhões para acervos históricos e culturais.

"Estamos num momento de reestruturação das políticas culturais. E estamos aqui fazendo algo impactante para o setor museal do Brasil. Essa colaboração com o MCTI, traz um volume de ações de preservação do nosso patrimônio cultural e científico que vai chegar em todos os estados do Brasil, fazendo com que o fomento cultural chegue a todas as regiões", declarou a ministra Margareth Menezes.

E complementou: "As ações interministeriais do Governo do presidente Lula são para atender o povo brasileiro e mostrar esse potencial, a riqueza que é a nossa diversidade, acolhendo a todos", disse.

Já a ministra Luciana Santos ressaltou a importância da iniciativa para o desenvolvimento científico, tecnológico e cultural do Brasil.

"Nós precisamos resgatar as evidências científicas no Brasil e o sentido de ser do nosso povo. A nossa nação é a nossa identidade. E por isso batizamos esse edital com o nome: Edital Identidade Brasil, Recuperação e Preservação de Acervo de 2024. É a primeira vez que o MCTI faz um edital desta natureza, juntando cultura e ciência. Os acervos não só científicos, mas também históricos e culturais de alto valor para o país", afirmou.

Edital

O edital faz parte do programa Finep Identidade Brasil, alinhado às diretrizes da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) 2023-2030, e visa reverter o processo histórico de abandono dos acervos no país. Pelo menos 30% dos recursos serão destinados às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, como parte dos esforços para enfrentar as assimetrias regionais e promover a inclusão social.

A chamada pública é voltada para Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs), públicas ou privadas, órgãos públicos vinculados a ministérios e secretarias de estado, município ou Distrito Federal, além de organizações sociais vinculadas ao MCTI. Museus cadastrados no Cadastro Nacional de Museus do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) também estão elegíveis para participar.

Museus

A colaboração entre o MinC e o MCTI impulsionará a Política Nacional de Museus, ampliando o reconhecimento do Cadastro Nacional de Museus e da plataforma Brasiliana Museus entre os cientistas do país.

O Cadastro Nacional de Museus, parte do Sistema Brasileiro de Museus, reúne mais de 3.900 instituições, das quais 65% são públicas, incluindo 409 federais, com vastos acervos históricos, culturais e científicos que representam o patrimônio material e imaterial brasileiro.

O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), entidade vinculada ao Ministério da Cultura, encarregado de criar, implementar, monitorar e avaliar as políticas públicas do setor, com diversos órgãos públicos de diferentes esferas e organizações da sociedade civil, incluindo a Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciências (ABCMC) também integrará a esse cadastro mais de 500 Pontos de Memória espalhados pelo Brasil.

Margareth Menezes destacou ainda a importância dos museus para a construção da identidade brasileira.

"O aspecto museológico traz o desenvolvimento e o reconhecimento de tudo que a sociedade produz. O museu é um lugar que conta a história e guarda o futuro, pois é um lugar de referenciar, saber o passo que estamos dando e quem somos diante na construção da humanidade", comentou.

Educação

Segundo uma pesquisa do CGEE de 2024, o público jovem tem pouco acesso a museus e centros de ciência. A iniciativa também vai promover a cultura científica e cultural entre estes jovens brasileiros, como explicou a ministra Luciana Santos.

"Não temos como refletirmos sobre as culturas de influência africana indígena europeia e a formação das identidades regionais sem visitarmos um dia o Museu do Homem do Nordeste, por exemplo. Esse edital possibilitará também que essas instituições possam passar por melhorias e realizar projetos educativos que visam atender as escolas em tempo integral, em práticas museológicas, científicas, educacionais. O Brasil é algo que vai além dos livros e da sala de aula", concluiu a ministra Luciana Santos.

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Em meio a um cenário de otimismo cauteloso, o turismo brasileiro vive um novo momento em 2025. Impulsionado pela valorização do turismo sustentável, pelas viagens de experiência e pela alta do dólar, que favorece o turismo doméstico, o setor registra uma recuperação robusta e cheia de oportunidades.

Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o faturamento do setor cresceu 8,5% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Entre os destaques estão o Nordeste e o Centro-Oeste, que têm atraído visitantes em busca de ecoturismo, cultura regional e gastronomia típica.

A força do turismo interno

Com o dólar oscilando acima dos R$ 5,50, muitos brasileiros estão optando por conhecer melhor o próprio país. Destinos como Jalapão (TO), Chapada Diamantina (BA) e Alter do Chão (PA) estão no topo das buscas, segundo dados recentes da plataforma de viagens Booking.com.

“Estamos percebendo um novo perfil de turista, mais consciente e interessado em experiências autênticas, longe das multidões e com maior contato com a natureza”, afirma Paula Rezende, diretora de marketing de uma agência de viagens especializada em roteiros personalizados.

Turismo sustentável em alta

Outro destaque de 2025 é o crescimento do turismo sustentável. Projetos de hospedagem ecológica, trilhas com guias locais capacitados e parcerias com comunidades tradicionais estão se tornando diferenciais importantes na hora de escolher um destino.

A cidade de Bonito (MS), por exemplo, implementou um sistema de controle de visitantes em suas principais atrações naturais, equilibrando preservação ambiental e geração de renda para a população local.

Tecnologia e inteligência artificial como aliadas

A tecnologia também tem papel de protagonista na retomada do setor. Aplicativos de roteiros personalizados, guias virtuais com inteligência artificial e o uso de realidade aumentada em museus e atrações têm melhorado a experiência dos turistas e ajudado a descentralizar o fluxo de visitantes.

“A integração de ferramentas tecnológicas permite que o turista tenha mais autonomia, segurança e acesso a informações atualizadas em tempo real”, destaca Rafael Oliveira, pesquisador em turismo digital da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Perspectivas para o futuro

O cenário para o turismo em 2025 é promissor, mas requer atenção à qualificação da mão de obra, infraestrutura de acesso e políticas públicas de incentivo ao turismo sustentável.

Com a chegada do segundo semestre, o setor se prepara para a alta temporada e aposta na diversificação de roteiros e no fortalecimento do turismo de base comunitária como pilares de um crescimento duradouro.

O ano de 2025 está sendo generoso para quem busca por uma brecha no calendário para viajar. Isso porque há quatro feriados prolongados e oito pontos facultativos nacionais, que é quando as empresas podem ou não liberar os funcionários. O primeiro prolongado aconteceu em abril, mas durante todo o ano há oportunidades para viajar, e os roteiros de turismo sustentável vem ganhando espaço na agenda do brasileiro. Além de serem opções responsáveis e que se preocupam com o meio ambiente, quem os realiza também ganha ao se conectar com a natureza.

O ecoturismo cresce cerca de 20% todos os anos no Brasil, de acordo com o Brasilturis. Um dos motivos pela escolha da modalidade são os benefícios, principalmente ao bem estar mental e na conexão com si mesmo. É comprovado que a exposição à natureza diminui o estresse, regulando os níveis de cortisol no corpo e baixando a pressão arterial. A rotina do dia a dia faz com que seja difícil parar para contemplar um fim de tarde, o cair da chuva, o cantar dos pássaros ou pisar na grama e, assim, esquecemos o quão bom esse contato pode fazer. 

“Viagens em meio a natureza são como uma terapia em meio a um mundo digital, cheio de telas e obrigações profissionais. O ecoturismo vem se tornando um estilo de vida para aqueles que priorizam qualidade de vida, na qual saúde física e mental são inegociáveis”, ressalta Cecília Fortunatti, cofundadora da VaiViver - Ecoturismo e Aventura. 

Para quem busca uma pausa da rotina agitada das cidades, a VaiViver — iniciativa voltada para viagens com propósito — criou roteiros com saídas exclusivas durante os feriados prolongados. Em maio, no Dia do Trabalho (01), acontecem as primeiras expedições para explorar mais de 150 cachoeiras escondidas no coração da Serra da Canastra, em Delfinópolis (MG). Já em junho, durante o feriado de Corpus Christi, o destino é Nobres (MT), no coração do cerrado mato-grossense. 

Foco na experiência

Buscando mais do que apenas um destino, e sim vivências transformadoras em meio à natureza, Sandra de Araujo Rodrigues, de 53 anos, decidiu romper barreiras pessoais e encontrou na VaiViver a segurança e o acolhimento necessários para viajar sozinha pela primeira vez. Após o divórcio e em busca de um novo ciclo de vida, ela escolheu a Chapada dos Guimarães como ponto de partida para essa jornada. Lá, além de se reconectar consigo mesma, fez amizades e viveu momentos que marcaram sua trajetória. Foi nessa viagem que surgiu o convite para comemorar seu aniversário, em 2022, na Chapada das Mesas — uma experiência que, segundo ela, mudou sua vida. “Você tem noção do que foi iniciar um novo ciclo na Chapada das Mesas? Foi simplesmente emocionante”, conta.

A experiência com a VaiViver foi um ponto central na jornada de transformação de Sandra. Desde o início, ela se sentiu segura e amparada para explorar atividades que jamais imaginou realizar — como tirolesa e passeios por cachoeiras, mesmo sem saber nadar. “Pode ter certeza que o meu ciclo, que se iniciou naquele período, foi um dos mais lindos que eu tive”, relembra. Segundo ela, o cuidado e o suporte da equipe fizeram toda a diferença: “É uma das empresas que dá mais segurança, principalmente para a mulher que viaja sozinha. Quando ela fala assim: ‘quero que você só se preocupe em fazer a mala’, é exatamente isso”, complementa.  

Opções para o Dia do Trabalho

A VaiViver oferece um roteiro de quatro dias para a cidade, que é ideal para quem busca uma imersão profunda no ecoturismo. Iniciando na quinta-feira (01), o grupo se reúne em São Paulo (SP), na estação Vergueiro com a equipe e segue direto para a pousada. A aventura começa na sexta-feira, após um típico café mineiro, com pão de queijo e café quentinho. 

Para os amantes de queijo, o roteiro contempla uma parada em diversas queijarias premiadas para provar o queijo canastra e conhecer um pouco mais da região. Os viajantes ainda adentram o Parque Nacional da Serra da Canastra, recebendo as boas energias da água sagrada e conhecendo a biodiversidade local. O destino é uma opção repleta de belezas naturais e trilhas, indicadas para iniciantes no esporte e com nível de preparação baixo. Ao total, são aproximadamente 12 km de trilhas divididos durante o roteiro, mas sem grandes desníveis. 

Quem escolhe Delfinópolis como destino conhece ainda o Condomínio de Pedra, Vale da Gurita, Complexo do Ouro e do Claro e lindas cachoeiras, como a Cachoeira do Tombo, da Gruta e Tenebroso. Está incluído no roteiro todos os passeios e tickets de entrada, transfer ida e volta da sua cidade de origem em ônibus semi leito, transfer em 4x4 para os passeios na Serra, ônibus rural, hospedagem em pousada em Delfinópolis - próxima ao centrinho e barzinhos -, e as principais refeições com típicos cafés e almoços mineiros. 

 

Com uma rica herança africana presente na cultura, na história e na gastronomia, o Rio de Janeiro foi eleito o Melhor Destino Nacional de Afroturismo durante a 3ª edição do Prêmio Afroturismo, realizada nesta segunda-feira (14.04), em São Paulo. O anúncio foi feito na World Travel Market Latin America (WTM-LA) - um dos mais relevantes eventos globais do setor turístico. A premiação é promovida pela plataforma Guia Negro, que tem a valorização das raízes afro-brasileiras como um de seus pilares estratégicos.

A escolha do Rio reforça o papel da cidade na valorização da cultura afro e no fortalecimento de experiências turísticas ligadas à ancestralidade. Entre os roteiros destacados pelo júri estão a Pequena África, na região portuária, e o bairro de Madureira – trajetos que resgatam e celebram a contribuição da população negra na formação da identidade carioca.

Outro reconhecimento importante foi para o Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), localizado na Gamboa. Inaugurado em 2021, o espaço foi premiado como a Melhor Atração Turística do segmento, sendo descrito pelos jurados como um “local de resistência”, dedicado à preservação, promoção e celebração da cultura afro-brasileira, por meio de exposições, rodas de conversa e atividades culturais.

A premiação também reconheceu outros esforços que impulsionam o afroturismo no Brasil. São Luís (MA) foi destaque pelos investimentos no setor, recebendo o título de Destaque Guia Negro. A turismóloga Thaís Rosa Pinheiro, fundadora da agência Conectando Territórios e consultora do Ministério do Turismo, foi eleita a melhor profissional do segmento. 

ROTAS NEGRAS - O fortalecimento do Afroturismo também se reflete nas políticas públicas voltadas para a promoção internacional do Brasil. Como parte desse esforço, o Ministério do Turismo, em parceria com o Ministério da Igualdade Racial e outros órgãos do Governo Federal, lançou o Programa Rotas Negras.

A iniciativa tem como objetivo fomentar experiências turísticas que valorizem a ancestralidade africana em diferentes territórios – urbanos e rurais –, impulsionando oportunidades de inclusão e protagonismo para as populações negras. Com foco na economia criativa, circular e sustentável, o programa também visa fortalecer os destinos turísticos de matriz afro-brasileira presentes no Mapa do Turismo.

Além disso, o Rotas Negras prevê ações voltadas à educação e sensibilização dos turistas sobre a história e a cultura afro-brasileira, à capacitação de comunidades locais na gestão dos seus produtos turísticos e ao enfrentamento de estereótipos, contribuindo para a autoestima das populações envolvidas.