MinC assina primeiros contratos do Programa Rouanet Norte com Banco da Amazônia

Cultura
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Ministério e estatal também formalizaram protocolo de parceria para fortalecimento das cadeias produtivas da economia criativa da região


A ministra da Cultura, Margareth Menezes, participou da assinatura dos primeiros contratos de projetos selecionados pelo Programa Rouanet Norte com o Banco da Amazônia, um dos patrocinadores que aderiram ao edital. No evento, realizado na manhã do último dia 11, em Belém (PA), Margareth também assinou um protocolo de intenções para estabelecer cooperação técnica, científica e cultural junto ao banco na região amazônica.

O Programa Rouanet Norte selecionou 125 projetos do Norte que vão receber, ao todo, R$ 24 milhões em patrocínio. Ao menos R$ 2,5 milhões destinados a cada um dos estados da região por meio de incentivo fiscal concedido a quatro estatais. Banco da Amazônia (Basa), Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (Caixa) e Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios) contribuirão com R$ 6 milhões cada.

O valor investido por projeto é de até R$ 200 mil. As ações selecionadas começam neste mês de julho e vão até o final do primeiro semestre de 2025.

A ministra destacou que o Programa foi criado com o objetivo de nacionalizar o investimento na cultura brasileira e colocar os produtores culturais do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins como protagonistas da arte consumida pela população local.

"Com 33 anos de existência, a história da Lei Rouanet é muito exitosa, mas havia uma concentração de oportunidades no Rio de Janeiro e em São Paulo. E a região Norte era a que tinha sido menos contemplada em todo esse tempo", relatou. "Por isso decidimos trazer a oportunidade do fomento para o setor cultural dessa região tão maravilhosa que surpreende o Brasil a cada ação artística, mostrando a diversidade e a potência do nosso povo".

O presidente do Banco da Amazônia, Luiz Lessa, ressaltou que a iniciativa do Programa Rouanet foi construída no ano passado de forma a unir esforços e recursos de empresas estatais para o Norte. "Isso é fruto de uma construção coletiva dentro do propósito que o governo Lula tem defendido de que nada deve ser feito sozinho", explicou. "Com isso vieram o Banco do Brasil, a Caixa e os Correios e acreditamos que esse exemplo fará a iniciativa privada ser picada por essa mosquinha da cultura, de se integrar a esse desenvolvimento cultural da região".

Responsável pela gestão da Lei Rouanet no MinC, o secretário de Economia Criativa e Fomento Cultural (Sefic), Henilton Menezes, reforçou que a edição do programa na região Norte é pioneira e deve servir de exemplos para ações futuras. "Estamos mostrando que é possível, sim, trazer recursos para promover o desenvolvimento da cultura nesses estados e mudar a realidade de concentração histórica em alguns lugares, então que isso seja replicado em outras regiões brasileiras", declarou.

Contemplados

Três projetos assinaram o contrato com o Basa no evento, representando todos os selecionados no programa. "É maravilhoso ter o governo federal nos vendo como detentores de cultura, identificando que o Norte é uma região que precisa ser vista com um olhar diferente, que tem necessidades específicas por ter uma cultura muito rica", comentou a produtora Joanna Gwendolyn Denholm, representante do projeto Rodando o Carimbó, que fará circulação por 10 municípios paraenses para a difusão do carimbó, patrimônio imaterial do estado.

Ricardo Torres, o Palhaço Chico do projeto Esse rio é minha rua, exaltou a chegada dos recursos à região. "Esse momento é muito importante historicamente, a gente se sente acolhido e ouvido pelas políticas públicas, e percebe que o diálogo está aberto novamente, inclusive com o olhar mais direto ainda pela Rouanet Norte, o que nos deixa emocionados", celebrou.

Outro contemplado pelo programa por seu projeto Tó Teixeira: Mergulho na vida e obra, o fotógrafo Miguel Chikaoka completou: "Essa é uma grande vitória não só do nosso projeto em si, acho importante sublinhar que as regiões mais afastadas dos grandes centros econômicos acabam sendo prejudicadas na distribuição daquilo que cabe à população, do direito de conquistar esses lugares, então deve-se ainda dar mais apoio às populações tradicionais, de territórios indígenas e quilombola, para elaborarem projetos e serem contemplados também".

Parceria formalizada

Na cerimônia realizada na sede do Banco da Amazônia, em Belém, a ministra da Cultura e o presidente da estatal também assinaram um protocolo de intenções para desenvolver ações integradas de cooperação técnico-científica e cultural e intercâmbio de conhecimentos para fortalecer as cadeias produtivas e a economia criativa dos estados da Região Amazônica.

Uma das primeiras ações será a construção do Centro Cultural do Banco, que deve ser inaugurado em julho de 2025, e terá espaço para ações de artes visuais, artes cênicas, humanidades (literatura) e música, além da realização de oficinas.

O presidente Luiz Lessa ainda anunciou uma parceria entre o banco as empresas Companhia Energética Amazonense e Eneva, com a assinatura de um termo de compromisso para que elas invistam em projetos culturais da região Norte por meio da Lei Rouanet. "Cultura é mais um item de uma indústria que compõe o setor econômico nacional, assim como o turismo, eles estão intrinsecamente ligados. Com mais apoio para as manifestações culturais, a gente terá mais divulgação movimentando o turismo interno, nacional e quem sabe a gente consiga atingir também o turismo internacional", destacou.

Ao resumir as assinaturas do dia e a parceria entre o MinC e empresas estatais e privadas, Margareth Menezes lembrou a importância desses incentivos para artistas e toda a população brasileira. "A arte muda a vida das pessoas, educa, edifica, qualifica, emancipa o pensamento, traz construção e consciência crítica para fazer melhores escolhas, entender que a vida é comunitária", comentou. "Este país tem uma diversidade racial, de culturas e pessoas que nos leva a compreender a necessidade de uma equação mais justa para todos os brasileiros."

O grupo paraense Arraial do Pavulagem encerrou o evento com uma demonstração de seus famosos arrastões que ocupam as ruas de Belém.
 

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Em meio a um cenário de otimismo cauteloso, o turismo brasileiro vive um novo momento em 2025. Impulsionado pela valorização do turismo sustentável, pelas viagens de experiência e pela alta do dólar, que favorece o turismo doméstico, o setor registra uma recuperação robusta e cheia de oportunidades.

Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o faturamento do setor cresceu 8,5% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Entre os destaques estão o Nordeste e o Centro-Oeste, que têm atraído visitantes em busca de ecoturismo, cultura regional e gastronomia típica.

A força do turismo interno

Com o dólar oscilando acima dos R$ 5,50, muitos brasileiros estão optando por conhecer melhor o próprio país. Destinos como Jalapão (TO), Chapada Diamantina (BA) e Alter do Chão (PA) estão no topo das buscas, segundo dados recentes da plataforma de viagens Booking.com.

“Estamos percebendo um novo perfil de turista, mais consciente e interessado em experiências autênticas, longe das multidões e com maior contato com a natureza”, afirma Paula Rezende, diretora de marketing de uma agência de viagens especializada em roteiros personalizados.

Turismo sustentável em alta

Outro destaque de 2025 é o crescimento do turismo sustentável. Projetos de hospedagem ecológica, trilhas com guias locais capacitados e parcerias com comunidades tradicionais estão se tornando diferenciais importantes na hora de escolher um destino.

A cidade de Bonito (MS), por exemplo, implementou um sistema de controle de visitantes em suas principais atrações naturais, equilibrando preservação ambiental e geração de renda para a população local.

Tecnologia e inteligência artificial como aliadas

A tecnologia também tem papel de protagonista na retomada do setor. Aplicativos de roteiros personalizados, guias virtuais com inteligência artificial e o uso de realidade aumentada em museus e atrações têm melhorado a experiência dos turistas e ajudado a descentralizar o fluxo de visitantes.

“A integração de ferramentas tecnológicas permite que o turista tenha mais autonomia, segurança e acesso a informações atualizadas em tempo real”, destaca Rafael Oliveira, pesquisador em turismo digital da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Perspectivas para o futuro

O cenário para o turismo em 2025 é promissor, mas requer atenção à qualificação da mão de obra, infraestrutura de acesso e políticas públicas de incentivo ao turismo sustentável.

Com a chegada do segundo semestre, o setor se prepara para a alta temporada e aposta na diversificação de roteiros e no fortalecimento do turismo de base comunitária como pilares de um crescimento duradouro.

O ano de 2025 está sendo generoso para quem busca por uma brecha no calendário para viajar. Isso porque há quatro feriados prolongados e oito pontos facultativos nacionais, que é quando as empresas podem ou não liberar os funcionários. O primeiro prolongado aconteceu em abril, mas durante todo o ano há oportunidades para viajar, e os roteiros de turismo sustentável vem ganhando espaço na agenda do brasileiro. Além de serem opções responsáveis e que se preocupam com o meio ambiente, quem os realiza também ganha ao se conectar com a natureza.

O ecoturismo cresce cerca de 20% todos os anos no Brasil, de acordo com o Brasilturis. Um dos motivos pela escolha da modalidade são os benefícios, principalmente ao bem estar mental e na conexão com si mesmo. É comprovado que a exposição à natureza diminui o estresse, regulando os níveis de cortisol no corpo e baixando a pressão arterial. A rotina do dia a dia faz com que seja difícil parar para contemplar um fim de tarde, o cair da chuva, o cantar dos pássaros ou pisar na grama e, assim, esquecemos o quão bom esse contato pode fazer. 

“Viagens em meio a natureza são como uma terapia em meio a um mundo digital, cheio de telas e obrigações profissionais. O ecoturismo vem se tornando um estilo de vida para aqueles que priorizam qualidade de vida, na qual saúde física e mental são inegociáveis”, ressalta Cecília Fortunatti, cofundadora da VaiViver - Ecoturismo e Aventura. 

Para quem busca uma pausa da rotina agitada das cidades, a VaiViver — iniciativa voltada para viagens com propósito — criou roteiros com saídas exclusivas durante os feriados prolongados. Em maio, no Dia do Trabalho (01), acontecem as primeiras expedições para explorar mais de 150 cachoeiras escondidas no coração da Serra da Canastra, em Delfinópolis (MG). Já em junho, durante o feriado de Corpus Christi, o destino é Nobres (MT), no coração do cerrado mato-grossense. 

Foco na experiência

Buscando mais do que apenas um destino, e sim vivências transformadoras em meio à natureza, Sandra de Araujo Rodrigues, de 53 anos, decidiu romper barreiras pessoais e encontrou na VaiViver a segurança e o acolhimento necessários para viajar sozinha pela primeira vez. Após o divórcio e em busca de um novo ciclo de vida, ela escolheu a Chapada dos Guimarães como ponto de partida para essa jornada. Lá, além de se reconectar consigo mesma, fez amizades e viveu momentos que marcaram sua trajetória. Foi nessa viagem que surgiu o convite para comemorar seu aniversário, em 2022, na Chapada das Mesas — uma experiência que, segundo ela, mudou sua vida. “Você tem noção do que foi iniciar um novo ciclo na Chapada das Mesas? Foi simplesmente emocionante”, conta.

A experiência com a VaiViver foi um ponto central na jornada de transformação de Sandra. Desde o início, ela se sentiu segura e amparada para explorar atividades que jamais imaginou realizar — como tirolesa e passeios por cachoeiras, mesmo sem saber nadar. “Pode ter certeza que o meu ciclo, que se iniciou naquele período, foi um dos mais lindos que eu tive”, relembra. Segundo ela, o cuidado e o suporte da equipe fizeram toda a diferença: “É uma das empresas que dá mais segurança, principalmente para a mulher que viaja sozinha. Quando ela fala assim: ‘quero que você só se preocupe em fazer a mala’, é exatamente isso”, complementa.  

Opções para o Dia do Trabalho

A VaiViver oferece um roteiro de quatro dias para a cidade, que é ideal para quem busca uma imersão profunda no ecoturismo. Iniciando na quinta-feira (01), o grupo se reúne em São Paulo (SP), na estação Vergueiro com a equipe e segue direto para a pousada. A aventura começa na sexta-feira, após um típico café mineiro, com pão de queijo e café quentinho. 

Para os amantes de queijo, o roteiro contempla uma parada em diversas queijarias premiadas para provar o queijo canastra e conhecer um pouco mais da região. Os viajantes ainda adentram o Parque Nacional da Serra da Canastra, recebendo as boas energias da água sagrada e conhecendo a biodiversidade local. O destino é uma opção repleta de belezas naturais e trilhas, indicadas para iniciantes no esporte e com nível de preparação baixo. Ao total, são aproximadamente 12 km de trilhas divididos durante o roteiro, mas sem grandes desníveis. 

Quem escolhe Delfinópolis como destino conhece ainda o Condomínio de Pedra, Vale da Gurita, Complexo do Ouro e do Claro e lindas cachoeiras, como a Cachoeira do Tombo, da Gruta e Tenebroso. Está incluído no roteiro todos os passeios e tickets de entrada, transfer ida e volta da sua cidade de origem em ônibus semi leito, transfer em 4x4 para os passeios na Serra, ônibus rural, hospedagem em pousada em Delfinópolis - próxima ao centrinho e barzinhos -, e as principais refeições com típicos cafés e almoços mineiros. 

 

Com uma rica herança africana presente na cultura, na história e na gastronomia, o Rio de Janeiro foi eleito o Melhor Destino Nacional de Afroturismo durante a 3ª edição do Prêmio Afroturismo, realizada nesta segunda-feira (14.04), em São Paulo. O anúncio foi feito na World Travel Market Latin America (WTM-LA) - um dos mais relevantes eventos globais do setor turístico. A premiação é promovida pela plataforma Guia Negro, que tem a valorização das raízes afro-brasileiras como um de seus pilares estratégicos.

A escolha do Rio reforça o papel da cidade na valorização da cultura afro e no fortalecimento de experiências turísticas ligadas à ancestralidade. Entre os roteiros destacados pelo júri estão a Pequena África, na região portuária, e o bairro de Madureira – trajetos que resgatam e celebram a contribuição da população negra na formação da identidade carioca.

Outro reconhecimento importante foi para o Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), localizado na Gamboa. Inaugurado em 2021, o espaço foi premiado como a Melhor Atração Turística do segmento, sendo descrito pelos jurados como um “local de resistência”, dedicado à preservação, promoção e celebração da cultura afro-brasileira, por meio de exposições, rodas de conversa e atividades culturais.

A premiação também reconheceu outros esforços que impulsionam o afroturismo no Brasil. São Luís (MA) foi destaque pelos investimentos no setor, recebendo o título de Destaque Guia Negro. A turismóloga Thaís Rosa Pinheiro, fundadora da agência Conectando Territórios e consultora do Ministério do Turismo, foi eleita a melhor profissional do segmento. 

ROTAS NEGRAS - O fortalecimento do Afroturismo também se reflete nas políticas públicas voltadas para a promoção internacional do Brasil. Como parte desse esforço, o Ministério do Turismo, em parceria com o Ministério da Igualdade Racial e outros órgãos do Governo Federal, lançou o Programa Rotas Negras.

A iniciativa tem como objetivo fomentar experiências turísticas que valorizem a ancestralidade africana em diferentes territórios – urbanos e rurais –, impulsionando oportunidades de inclusão e protagonismo para as populações negras. Com foco na economia criativa, circular e sustentável, o programa também visa fortalecer os destinos turísticos de matriz afro-brasileira presentes no Mapa do Turismo.

Além disso, o Rotas Negras prevê ações voltadas à educação e sensibilização dos turistas sobre a história e a cultura afro-brasileira, à capacitação de comunidades locais na gestão dos seus produtos turísticos e ao enfrentamento de estereótipos, contribuindo para a autoestima das populações envolvidas.