Espirais Transfluentes: projeto multicultural reúne circo, teatro, música, oficinas e roda de conversa numa celebração afropindorâmica de alegria e saberes ancestrais

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Programação ocupará no Ylê Asè Egi Omim, em Santa Teresa, de 27 a 29 de setembro com diversas atividades sobre saberes e práticas afro-brasileiras, e destaca os espetáculos Cabeça de Nego e Noite do Sorriso Negro 

Na estreia do projeto Espirais Transfluentes, os espetáculos Cabeça de Nego e Noite do Sorriso Negro se unem em uma celebração ao corpo negro brincante e suas potências. Com apresentações que combinam teatro, música, reflexão e festa, o evento acontece de 27 a 29 de setembro, no Ylê Asé Egi Omim, estrada Joaquim Mamede, 45 - coração de Santa Teresa, Rio de Janeiro. No dia 27, em celebração ao Dia de São Cosme e São Damião, junto com as oficinas, haverá distribuição de doces e guloseimas para crianças. O evento é aberto e os artistas convidam à uma contribuição consciente  no link:  Espirais Transfluentes em Rio de Janeiro - Sympla 

 

O projeto Espirais Transfluentes surge com o objetivo de unir arte e ancestralidade, trazendo à cena duas obras que já são referências na análise sobre o corpo negro e sua expressão festiva e brincante. Cabeça de Nego e Noite do Sorriso Negro são brinquedos cênicos que, juntos, celebram a alegria e o riso, ao mesmo tempo em que provoca reflexões sobre as muitas formas de ser e existir.

 

Sobre o surgimento do projeto, o criador e artista João Carlos Artigo reflete: "Espirais Transfluentes surge da necessidade de aprofundar meus estudos sobre o riso, a corporeidade negra brincante, ativar as diversas conexões que a arte do palhaço me permitiu performar ao longo de 38 anos de atuação nas cenas variadas da sociedade brasileira. Assim, a partir do PROGRAMA FUNARTE RETOMADA 2023 - CIRCO, propus a renovação dos espetáculos Cabeça de Nego e Noite do Sorriso Negro. Nesta oportunidade, a arte, como uma das camadas da vida, está em diálogo com múltiplas linguagens, modos de pensar, produzir encantamentos e feitiços. Vamos abrir o picadeiro-terreiro do Escritório da Mata para a grande família afetiva, se achegar com seus fazeres ligados às artes, outras economias, educação, meio ambiente, agroecologia e muita festa.

 

Cabeça de Nego é uma performance solo que já percorreu seis países e vários estados brasileiros, explorando temas ligados à palhaçaria e à ancestralidade, esse espetáculo contará com apresentação de João Carlos Artigos, com supervisão de Vilma Melo e dramaturgia assinada por João Carlos Artigos e Sérgio Machado. Já Noite do Sorriso Negro é um espetáculo de variedades, com música, tetro e poesia, onde os corpos se cruzam em cena, criando uma experiência sensível e única para o público, com direção de João Carlos Artigos e elenco formado por Fabio Freitas, Fernanda Dias, Hugo Germano e Verônica Pereira Gomes, além da participação especial da multiartista JuJuliete.

 

Rodas de conversa, ações formativas e oficinas

Mais do que espetáculos, o evento promove ações formativas que visam fortalecer saberes e práticas afro-brasileiras. A Escola de Artes Práticas, ação promovida pelo Centro de Tradições Afro-Brasileiras Ylê Asè Egi Omim, abre as atividades no dia 27 com oficinas voltadas para crianças e jovens. Entre as ações, destacam-se a oficina de circo com Maria Angélica Gomes, a construção de máscaras com Rona e a contação de histórias Heroínas Negras da História não contada no Brasil, com Mirela.  

 

A programação também inclui a Jornada da Mata, que acontece no dia 28 de setembro. Trata-se de uma atividade imersiva que explora práticas sustentáveis e outras economias, abordando temas como plantio orgânico, alimentação consciente, espiritualidade e autocuidado. A jornada conta com a participação de Luísa e da Rede Muda, que trarão ponderações sobre formas alternativas de economia. 

 

Espirais Transfluentes também propõe a ação Artes Práticas, que reúne vivências criativas envolvendo artes urbanas (Circo, Grafitti, Hip-hop) e meio ambiente (plantio orgânico, compostagem e manejo de áreas). O candomblé, o circo e as artes urbanas mantêm-se próximas por serem culturas familiares, circulares e por se tratarem de culturas que prezam o bem estar físico, entendendo o corpo como a porta para os processos de aprendizagem oral e para a promoção da saúde. Além disso, o Candomblé e essas artes, estão ancorados na sabedoria dos mais velhos, neste caso, buscando formas de preservar a identidade da ancestralidade dos povos de matriz africana e dos povos originários do Brasil.

 

Artes Práticas é o resultado da organicidade da pedagogia de terreiro aplicada às artes circenses, às artes de rua e à agricultura e formas de preservação ambiental.

 

Para fechar com chave de ouro, o evento promove o Ajeum de Ideias no dia 29, uma roda de conversa que reúne os professores Uã Flor do Nascimento e Luiz Ruffino. O tema central será "Corpo negro brincante e outros feitiços como fluxo de sabedorias", abordando as múltiplas dimensões do corpo negro na cultura e na arte, e suas conexões com saberes ancestrais.

 

 

PROGRAMAÇÃO:

Sexta feira, 27/09

  • 14h: Escola de Artes Práticas - Oficinas de circo, máscaras e contação de histórias
  • 19h: Espetáculos Cabeça de Nego e Noite do sorriso Negro

Sábado, 28/09

  • 14h: Jornada da Mata - Experiência imersiva sobre outras economias
  • 19h: Espetáculos Cabeça de Nego e Noite do sorriso Negro

Domingo, 29/09

  • 14h: Ajeum de Ideias - Roda de conversa com professores
  • 19h: Espetáculos Cabeça de Nego e Noite do sorriso Negro

 

O evento acontecerá no Ylê Asé Egi Omim, Estrada Joaquim Mamede, 45 - Santa Teresa, Rio de Janeiro.

 

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Em meio a um cenário de otimismo cauteloso, o turismo brasileiro vive um novo momento em 2025. Impulsionado pela valorização do turismo sustentável, pelas viagens de experiência e pela alta do dólar, que favorece o turismo doméstico, o setor registra uma recuperação robusta e cheia de oportunidades.

Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o faturamento do setor cresceu 8,5% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Entre os destaques estão o Nordeste e o Centro-Oeste, que têm atraído visitantes em busca de ecoturismo, cultura regional e gastronomia típica.

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Com o dólar oscilando acima dos R$ 5,50, muitos brasileiros estão optando por conhecer melhor o próprio país. Destinos como Jalapão (TO), Chapada Diamantina (BA) e Alter do Chão (PA) estão no topo das buscas, segundo dados recentes da plataforma de viagens Booking.com.

“Estamos percebendo um novo perfil de turista, mais consciente e interessado em experiências autênticas, longe das multidões e com maior contato com a natureza”, afirma Paula Rezende, diretora de marketing de uma agência de viagens especializada em roteiros personalizados.

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Perspectivas para o futuro

O cenário para o turismo em 2025 é promissor, mas requer atenção à qualificação da mão de obra, infraestrutura de acesso e políticas públicas de incentivo ao turismo sustentável.

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O ano de 2025 está sendo generoso para quem busca por uma brecha no calendário para viajar. Isso porque há quatro feriados prolongados e oito pontos facultativos nacionais, que é quando as empresas podem ou não liberar os funcionários. O primeiro prolongado aconteceu em abril, mas durante todo o ano há oportunidades para viajar, e os roteiros de turismo sustentável vem ganhando espaço na agenda do brasileiro. Além de serem opções responsáveis e que se preocupam com o meio ambiente, quem os realiza também ganha ao se conectar com a natureza.

O ecoturismo cresce cerca de 20% todos os anos no Brasil, de acordo com o Brasilturis. Um dos motivos pela escolha da modalidade são os benefícios, principalmente ao bem estar mental e na conexão com si mesmo. É comprovado que a exposição à natureza diminui o estresse, regulando os níveis de cortisol no corpo e baixando a pressão arterial. A rotina do dia a dia faz com que seja difícil parar para contemplar um fim de tarde, o cair da chuva, o cantar dos pássaros ou pisar na grama e, assim, esquecemos o quão bom esse contato pode fazer. 

“Viagens em meio a natureza são como uma terapia em meio a um mundo digital, cheio de telas e obrigações profissionais. O ecoturismo vem se tornando um estilo de vida para aqueles que priorizam qualidade de vida, na qual saúde física e mental são inegociáveis”, ressalta Cecília Fortunatti, cofundadora da VaiViver - Ecoturismo e Aventura. 

Para quem busca uma pausa da rotina agitada das cidades, a VaiViver — iniciativa voltada para viagens com propósito — criou roteiros com saídas exclusivas durante os feriados prolongados. Em maio, no Dia do Trabalho (01), acontecem as primeiras expedições para explorar mais de 150 cachoeiras escondidas no coração da Serra da Canastra, em Delfinópolis (MG). Já em junho, durante o feriado de Corpus Christi, o destino é Nobres (MT), no coração do cerrado mato-grossense. 

Foco na experiência

Buscando mais do que apenas um destino, e sim vivências transformadoras em meio à natureza, Sandra de Araujo Rodrigues, de 53 anos, decidiu romper barreiras pessoais e encontrou na VaiViver a segurança e o acolhimento necessários para viajar sozinha pela primeira vez. Após o divórcio e em busca de um novo ciclo de vida, ela escolheu a Chapada dos Guimarães como ponto de partida para essa jornada. Lá, além de se reconectar consigo mesma, fez amizades e viveu momentos que marcaram sua trajetória. Foi nessa viagem que surgiu o convite para comemorar seu aniversário, em 2022, na Chapada das Mesas — uma experiência que, segundo ela, mudou sua vida. “Você tem noção do que foi iniciar um novo ciclo na Chapada das Mesas? Foi simplesmente emocionante”, conta.

A experiência com a VaiViver foi um ponto central na jornada de transformação de Sandra. Desde o início, ela se sentiu segura e amparada para explorar atividades que jamais imaginou realizar — como tirolesa e passeios por cachoeiras, mesmo sem saber nadar. “Pode ter certeza que o meu ciclo, que se iniciou naquele período, foi um dos mais lindos que eu tive”, relembra. Segundo ela, o cuidado e o suporte da equipe fizeram toda a diferença: “É uma das empresas que dá mais segurança, principalmente para a mulher que viaja sozinha. Quando ela fala assim: ‘quero que você só se preocupe em fazer a mala’, é exatamente isso”, complementa.  

Opções para o Dia do Trabalho

A VaiViver oferece um roteiro de quatro dias para a cidade, que é ideal para quem busca uma imersão profunda no ecoturismo. Iniciando na quinta-feira (01), o grupo se reúne em São Paulo (SP), na estação Vergueiro com a equipe e segue direto para a pousada. A aventura começa na sexta-feira, após um típico café mineiro, com pão de queijo e café quentinho. 

Para os amantes de queijo, o roteiro contempla uma parada em diversas queijarias premiadas para provar o queijo canastra e conhecer um pouco mais da região. Os viajantes ainda adentram o Parque Nacional da Serra da Canastra, recebendo as boas energias da água sagrada e conhecendo a biodiversidade local. O destino é uma opção repleta de belezas naturais e trilhas, indicadas para iniciantes no esporte e com nível de preparação baixo. Ao total, são aproximadamente 12 km de trilhas divididos durante o roteiro, mas sem grandes desníveis. 

Quem escolhe Delfinópolis como destino conhece ainda o Condomínio de Pedra, Vale da Gurita, Complexo do Ouro e do Claro e lindas cachoeiras, como a Cachoeira do Tombo, da Gruta e Tenebroso. Está incluído no roteiro todos os passeios e tickets de entrada, transfer ida e volta da sua cidade de origem em ônibus semi leito, transfer em 4x4 para os passeios na Serra, ônibus rural, hospedagem em pousada em Delfinópolis - próxima ao centrinho e barzinhos -, e as principais refeições com típicos cafés e almoços mineiros. 

 

Com uma rica herança africana presente na cultura, na história e na gastronomia, o Rio de Janeiro foi eleito o Melhor Destino Nacional de Afroturismo durante a 3ª edição do Prêmio Afroturismo, realizada nesta segunda-feira (14.04), em São Paulo. O anúncio foi feito na World Travel Market Latin America (WTM-LA) - um dos mais relevantes eventos globais do setor turístico. A premiação é promovida pela plataforma Guia Negro, que tem a valorização das raízes afro-brasileiras como um de seus pilares estratégicos.

A escolha do Rio reforça o papel da cidade na valorização da cultura afro e no fortalecimento de experiências turísticas ligadas à ancestralidade. Entre os roteiros destacados pelo júri estão a Pequena África, na região portuária, e o bairro de Madureira – trajetos que resgatam e celebram a contribuição da população negra na formação da identidade carioca.

Outro reconhecimento importante foi para o Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), localizado na Gamboa. Inaugurado em 2021, o espaço foi premiado como a Melhor Atração Turística do segmento, sendo descrito pelos jurados como um “local de resistência”, dedicado à preservação, promoção e celebração da cultura afro-brasileira, por meio de exposições, rodas de conversa e atividades culturais.

A premiação também reconheceu outros esforços que impulsionam o afroturismo no Brasil. São Luís (MA) foi destaque pelos investimentos no setor, recebendo o título de Destaque Guia Negro. A turismóloga Thaís Rosa Pinheiro, fundadora da agência Conectando Territórios e consultora do Ministério do Turismo, foi eleita a melhor profissional do segmento. 

ROTAS NEGRAS - O fortalecimento do Afroturismo também se reflete nas políticas públicas voltadas para a promoção internacional do Brasil. Como parte desse esforço, o Ministério do Turismo, em parceria com o Ministério da Igualdade Racial e outros órgãos do Governo Federal, lançou o Programa Rotas Negras.

A iniciativa tem como objetivo fomentar experiências turísticas que valorizem a ancestralidade africana em diferentes territórios – urbanos e rurais –, impulsionando oportunidades de inclusão e protagonismo para as populações negras. Com foco na economia criativa, circular e sustentável, o programa também visa fortalecer os destinos turísticos de matriz afro-brasileira presentes no Mapa do Turismo.

Além disso, o Rotas Negras prevê ações voltadas à educação e sensibilização dos turistas sobre a história e a cultura afro-brasileira, à capacitação de comunidades locais na gestão dos seus produtos turísticos e ao enfrentamento de estereótipos, contribuindo para a autoestima das populações envolvidas.