Mostra nacional contará com 226 projetos inovadores de estudantes brasileiros

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A Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE) estará aberta para a imprensa a partir de amanhã (19/03). Evento acontece na USP, em São Paulo, até sexta-feira.
 

Superlarvicida natural contra a dengue; copo detector de droga em bebidas; robô salva-vidas para resgate noturno; "madeira" feita de roupas descartadas; "areia" higiênica para gato feita de casca de coco; site que auxilia a leitura de crianças com TDAH e dislexia; borra de café para tratamento de efluentes têxteis; óculos para controle de motor em cadeira de rodas; caixas feitas de fibra de coco. Essas são algumas das inovações, feitas por estudantes do ensino básico de todo o Brasil, que estarão em exposição na 22ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE) – a maior mostra do gênero do País. O evento acontece na Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista. A feira estará aberta para a imprensa e autoridades a partir do dia 19 e março. O público poderá visitar a mostra entre 20 e 22 de março.

 

Confira abaixo detalhes de alguns dos projetos:

 

Superlarvicida contra dengue - As estudantes Anna Nicolly de Araújo Ferreira e Marília Clara da Silva, da Escola Estadual Rui Barbosa, em Tibau (RN), desenvolvem dois produtos, um larvicida líquido e uma biopastilha, que se mostraram mais rápidos para eliminar as larvas do Aedes aegypti em águas paradas. Os produtos foram desenvolvidos a partir de matérias-primas naturais (folha da mamona e algas marinhas), que não impactam o meio ambiente. O larvicida líquido pode ser aplicado em reservatórios de águas da chuva para consumo doméstico, comuns nas zonas rurais. Já a biopastilha é destinada principalmente para caixas d'água e piscinas. Nos testes, o larvicida líquido eliminou as larvas em um período de cinco horas, e impediu a reprodução delas. A biopastilha, por sua vez, obteve o mesmo feito em três horas. Tudo isso sem alteração do pH da água. Os resultados do larvicida líquido também foram melhores, quando comparados aos industrializados: mataram as larvas 30 minutos mais rapidamente.

 

Pisos e pias feitas de mexilhão – O sururu é uma espécie de mexilhão popular em todo o litoral do nordeste, principalmente nas praias de Alagoas, onde se configura como uma importante atividade econômica para a população local. Todavia, seu consumo gera o descarte inadequado de centenas de toneladas de cascas, o que geralmente acontece às beiras dos lagos e mares. A solução para este problema ambiental partiu dos estudantes Feliphe Oliveira, Gabriely de Oliveira Barros e Vittória da Silva Barros, da Escola Estadual Professor Teotônio Vilela Brandão, em Maceió. Eles transformaram as cacas do mexilhão em uma cerâmica de coloração azulada que pode ser utilizada em pisos e pias. Uma vez trituradas, as cascas substituem a areia na produção da cerâmica, com boa resistência. Sua produção também é simples e de baixo custo. Para a criação dos protótipos de pias, que serão apresentados na feira, eles investiram apenas R$ 12,00, custo que inclui os materiais hidráulicos, como canos e válvulas.

 

Copo antidrogas - Paulo Maia Nogueira, Marcos Vinicius Guerreiro da Silva, Francisco Ribeiro da Cunha, estudantes do Instituto Federal do Ceará, campus de Limoeiro do Norte, desenvolveram um copo que busca prevenir o golpe "Boa Noite, Cinderela", crime que consiste em drogar a vítima com substâncias químicas, sem seu consentimento, para dopá-la e depois roubá-la ou estuprá-la. Além de vedado com tampa, o que dificulta a inserção dos comprimidos, o copo conta com um dispositivo para alertar a vítima da presença da droga. O dispositivo coleta micropartículas da bebida e faz a análise toxicológica com reagentes. Se o resultado for positivo, é liberado um líquido que muda a coloração da bebida, indicando a presença da droga. Além disso, para baladas ou festas em locais de baixa ou alta luminosidade, o copo é equipado com um display de LED, que emite luz quando a coloração for alterada. O dispositivo e o LED funcionam com bateria, que pode ser recarregada. A tecnologia pode ser utilizada não apenas para identificar drogas, sendo eficaz também na detecção de metais pesados, que contaminam a água, por exemplo.

 

Robô salva-vidas - Otávio Sousa Abreu, Giovana Moreira de Sousa e Maria Rocha Lucena, estudantes do Colégio Militar do Corpo de Bombeiros do Ceará, em Fortaleza (CE), desenvolveram um robô capaz de auxiliar bombeiros no resgate de vítimas de afogamento — sobretudo à noite, quando a visibilidade é dificultada e, muitas vezes, o bombeiro não pode atuar devido ao risco elevado. O robô atua sobre a água, como uma boia, por um período de até quatro horas. Ele pode ser controlado pelo bombeiro ou atuar de forma automatizada. Neste último caso, por meio de um sensor infravermelho que faz com que o robô opere apenas dentro de uma área de busca pré-configurada. O robô possui uma câmera 360º fixada na parte submersa, que é programada para reconhecer pessoas, diferenciando-as de peixes e pedras. Ao localizar a vítima, o robô emite um sinal para o bombeiro. Sua eficiência foi testada em experimentos feitos na piscina olímpica do Colégio, em diversas condições: com água limpa, suja, de manhã e à noite. Feito inteiramente de materiais reciclados, como canos de PVC e fios, o robô tem um custo de produção de R$ 300,00.

 

"Madeira" de roupas descartadas - Para reduzir os impactos da indústria têxtil no meio ambiente, Henrique de Mello Pisaroglo e Brenda Viana Severo, estudantes do curso técnico de Mecânica do Senai Plínio Gilberto Kroeff, de São Leopoldo (RS), conseguiram reaproveitar diversos tecidos de roupas produzindo um material que pode substituir a madeira com uma resistência duas vezes maior, de acordo com os estudos de compressão e impacto. E com a vantagem de ter baixo custo: apenas R$ 5,00 uma tábua de 40 cm. Nas instalações da escola, os alunos trituram os tecidos e adicionaram uma resina. Depois, prensaram essa mistura em um molde criado por eles, que resultou em uma prancha. A partir disso, foi possível criar diversos tipos de objetos, como cadeiras e até cabos de ferramentas. Com o material, também é possível produzir tampas de pia, bancos e outros objetos, já que esse se mostrou também impermeável nos testes.

 

Prótese fiel da aréola da mama – A mastectomia é um procedimento cirúrgico invasivo que, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), ocorre em cerca de 70% dos casos de câncer de mama e implica na remoção total ou parcial do seio para a retirada do tumor, o que geralmente elimina a auréola. A cirurgia de reconstrução da mama, feita pelo SUS, não inclui a reconstrução da auréola – procedimento que deve ser feito em outra cirurgia, com custos arcados pelas pacientes. Visando diminuir o impacto na autoestima dessas pacientes, as estudantes Júlia Reis Marques, Patrícia Dário Bertasso e Nicole Isabelle Borge Fernandes, do Colégio Puríssimo Coração de Maria, em Rio Claro (SP), desenvolveram uma prótese de baixo custo da aréola da mama. Feita de silicone, a prótese pode ser fixada pelas próprias pacientes com cola de peruca, que não traz danos à saúde. São criadas a partir de imagens em 3D das mamas e auréolas da paciente antes da cirurgia, e depois produzidas com impressora 3D. O molde é preenchido com silicone e recebe micropigmentação, que mimetiza a auréola da forma como era originalmente na paciente.

 

"Areia" higiênica de casca de coco – Vinicius da Silva Carvalho e Lavínia Mota Santos, estudantes do curso técnico de Administração da Escola Estadual Centro Territorial de Educação Profissional, em Serrinha (BA), buscavam uma forma de reduzir o custo da areia sanitária para gatos, comercializada em uma média de R$ 12,00 por quilo. Eles conseguiram isso ao substituir a areia por um material produzido a partir da casca do coco verde, que custa R$ 8,00 e rende dez vezes mais que a areia. De quebra, também ofereceram uma solução para um problema ambiental do estado: a Bahia é um grande produtor de coco, mas não possui um programa eficaz para o descarte das milhares de toneladas de cascas que são geradas. O produto também é simples de ser feito. Basta triturar a casca. Já o bagaço que sobra pode ser usado como adubo. Segundo avaliações de veterinários convidados pelos estudantes, o produto não traz nenhuma alteração à saúde do animal ou dificuldade de adaptação.

 

Refrigerador portátil para insulina - A insulina é um medicamento de alto custo que está em falta em muitas regiões do mundo. Para piorar, em geladeiras ou em temperatura ambiente não é possível armazená-los na temperatura indicada em sua bula — entre dois e oito graus celsius —, o que reduz o tempo de conservação das ampolas de quatro a oito semanas para duas a três semanas. De forma a resolver esse problema, as estudantes Giovana Rocha dos Santos e Letícia Petitto, do curso técnico de Eletrônica do Instituto Federal de São Paulo, campus de Campinas, desenvolveram um refrigerador portátil que atua na temperatura correta e é capaz de armazenar até duas ampolas de insulinas, o suficiente para atender o paciente por mais de um mês. Fora da tomada, o refrigerador, que pesa apenas 1,5 quilo, consegue manter o medicamento na temperatura por até quatro horas, o que torna possível utilizá-lo em viagens — uma dificuldade dos pacientes (a insulina se deteriora rapidamente em exposição ao sol ou em temperaturas acima de 30 graus). Em até oito minutos, conectado à tomada, o aparelho já atinge a temperatura recomendada pelos fabricantes de insulina. A tecnologia pode ainda ser adaptada para a conservação de vacinas, uma vez que elas também exigem a mesma temperatura de armazenamento.

 

Papel de bagaço de cana-de-açúcar - Alagoas tem como principal produto agrícola a cana-de-açúcar, que movimenta milhões de dólares da sua economia. Todavia, essa produção também tem um grande impacto ambiental devido à queima do bagaço. Amanda de França Lima, Jamyle Gomes da Silva e Bruna Alves Tenório, estudantes da Escola Estadual Prof.ª Benedita de Castro Lima, em Maceió (AL), propõem uma alternativa para o uso desse bagaço. A partir dele, elas produziram papel, com folhas flexíveis e resistentes. Para tanto, elas desenvolveram um novo método de produção, o primeiro a utilizar apenas o bagaço, já que outras metodologias também utilizam o amido de batata, que encarecem e dificultam o processo de produção. Depois de triturar o bagaço com água, secar o material e peneirá-lo, os grãos de celulose obtidos passam por uma peneira e um tratamento físico-químico simples (apenas água sanitária, soda cáustica e calor). O custo para produção de cada folha, em pequena escala, é de R$ 0,39.

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"Fábulas Fabulosas" aborda temas urgentes como consumo consciente, alimentação saudável e relação com mundo digital; obra será lançada dia 22 de junho em São Paulo

Num mundo onde as telas disputam cada minuto da atenção infantil, como resgatar o encanto das histórias que se lêem (e se vivem) com os cinco sentidos? Essa é a proposta de "Fábulas Fabulosas" (60 págs., 2025), da escritora, jornalista e artista Titila Tornaghi, obra que conta com uma história ("O Ladrão do Tempo") finalista do Prêmio UBE de Literatura Infantil 2024. O livro é mais do que um livro, trata-se de um convite à experiência: uma coletânea de contos, poemas e atividades manuais que abordam com humor e sensibilidade temas urgentes como consumo consciente, alimentação saudável e nossa relação com a tecnologia.

A obra será lançada na Bienal do Rio de Janeiro. No dia 18 de junho, a autora estará no espaço do coletivo Escreva, Garota em sessão de autógrafos das 13h às 15h, e no dia 19, às 11h, no estande da editora Arpillera. Já a participação na Feira do Livro de São Paulo será no dia 22 de junho, das 12h às 14h. E na Flip, o lançamento está confirmado para 30 de julho, das 13h às 17h. Ambos no espaço do Escreva, Garota.

A autora traz para a literatura infantil a mesma versatilidade que marcou sua carreira. Nascida no bairro do Leme, no Rio de Janeiro, Titila (que como jornalista assina Cecilia Tornaghi) começou no programa Viva o Gordo ao lado de Jô Soares, rodou o Brasil com teatro independente e, após se mudar para os EUA em 1994, construiu uma sólida trajetória no jornalismo econômico – passou 13 anos na Bloomberg TV e comandou revistas como Latin Finance e Americas Quarterly. Agora, ao lançar "Fábulas Fabulosas", completa um círculo: "É o retorno da Titila à superfície, querendo compartilhar com as crianças de hoje a alegria que é ler e brincar de fazer coisas".

Celebração da imaginação infantil

"A imaginação é um bem precioso, e precisa de espaço para se desenvolver, precisa de tempo livre, sem telas. Precisa até de um pouquinho de solidão!", reflete a autora, cuja trajetória atravessa palcos, redações e agora as páginas coloridas da literatura infantil. Entre as pérolas do livro estão "O Ladrão de Tempo" – uma fábula moderna sobre celulares que "sequestram" horas de brincadeira –, "João, o Rei do Fogão" (história inspirada em suas próprias aventuras culinárias como mãe) e "O Lixinho Sonhador", versão revisada de seu primeiro livro infantil, que fala de reciclagem com poesia.

O projeto é profundamente pessoal: "'Fábulas' é um presente para a minha menina interior", confessa Titila. A obra funciona como uma espécie de álbum de memórias criativas, reunindo textos escritos ao longo de três décadas – desde os anos 1990, quando viajava com o grupo teatral Lanavevá, até seu período como jornalista em Nova York. As ilustrações e atividades propostas (como criar brinquedos com material reciclado ou inventar histórias a partir de sons) homenageiam publicações que marcaram sua infância nos anos 1960/70: "A Revista Recreio na primeira versão, lançada em 1969, foi sem dúvida uma das minhas maiores influências, ao me apresentar a autores como Ruth Rocha e Ana Maria Machado".

O livro chama atenção pela abordagem que combina entretenimento e reflexão. Em "Memórias de uma Lagarta" (baseado na primeira peça que interpretou no teatro) e "Os Trigêmeos" (sobre irmãos com personalidades vibrantes), a autora prova que é possível falar de autoconhecimento e diversidade sem didatismo.

Escritora, que também é roteirista, transporta seus ambientes de trabalho para dentro de uma trama recheada de amor e segundas chances

“De inimigos a amantes”, em poucas palavras, é o que define o cerne de “O Roteiro do Amor” (Verus Editora), quinto livro da escritora e roteirista Ray Tavares, que traz para dentro das páginas da obra dois universos muito familiares para ela: a literatura e o audiovisual. O livro foi o destaque da quinta caixa do Clube de Romance da Verus e, posteriormente, estará disponível  para venda nas principais livrarias e marketplaces.

Verônica Nakamura, protagonista de “O Roteiro do Amor”, é uma autora que não abre mão de nenhuma cena da sua história. Em seu caminho, porém, aparece um roteirista arrogante que topa o trabalho aparentemente impossível de fazer o filme baseado no seu mais recente livro. Será que passar um mês morando juntos vai amolecer o coração dos dois?

 

Foi muito gostoso poder fazer um romance entre uma autora e um roteirista, mundos que a primeira vista podem parecer similares, mas que são tão diferentes. Pude explorar um pouco as delícias e os perrengues de ambas as carreiras!” – Ray Tavares, roteirista e escritora

 

Prestes a dar fim à tentativa de fazer a adaptação, em caráter de última tentativa para não perder o investimento, a produtora contrata Daniel Ortega, um roteirista experiente e arrogante que promete fazer o filme acontecer. Para isso, ele vai viver um mês na cidade em que a história se passa. Mas Verônica jamais deixaria que um roteirista cínico, que não entende nada de histórias de amor, fizesse o trabalho sozinho. Assim, eles viajam juntos para uma mansão em Atibaia, onde vão precisar deixar as diferenças de lado se quiserem que ‘A trilha do coração’ ganhe as telas.

Entre sessões compartilhadas de escrita, alfinetadas e drinques na piscina, Verônica começa a conhecer um outro lado de Daniel, mais suave e interessante. Mas será que ela está pronta para sair do roteiro que criou para o próprio coração?

 

Estamos acostumados a consumir romances sobre os bastidores da literatura e do audiovisual norte-americano; eu quis trazer uma visão brasileiras dessas indústrias, e, quem sabe, inspirar mais autores a ambientarem suas histórias no Brasil, e, quem sabe, se interessarem em trabalhar na área!” – Ray Tavares, roteirista e escritora

 

Neste, que é seu livro mais “adulto”, Ray busca atingir públicos mais maduros com diálogos e cenas mais picantes. “Acredito que o público que lê meus livros cresceu, amadureceu e, com isso, minha escrita pode seguir esse mesmo rumo”, esclarece a autora. “O Roteiro do Amor”, diferente de seus lançamentos anteriores, feitos pela Galera Record, agora, é lançado pela Verus, selo romântico do Grupo Editorial Record.

 

 

Serviço:

Livro: O Roteiro do Amor

Autora: Ray Tavares (@rayctjay)

Páginas: 294