Novo modelo de centro de pesquisas pretende dar mais autonomia na obtenção de financiamentos e formalização de convênios de pesquisa com instituições do Brasil e do exterior.
Em cerimônia nesta segunda-feira (8), realizada em São Paulo, a Universidade de São Paulo (USP) formalizou a criação de sete Centros de Estudos da USP. O Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), fundado em 2015, passa a integrar esse grupo. Tendência na Europa e nos Estados Unidos, o modelo adotado confere maior autonomia aos centros de estudo em relação a obtenção de financiamentos e formalização de convênios de pesquisa. Na prática, cada centro estará ligado apenas à Reitoria.
"Chegou a hora da própria universidade organizar seus centros de pesquisa — não deixar apenas para as agências de fomento, como é feito nos demais casos. Estamos trazendo temas essenciais para o desenvolvimento nacional e global, e dando agilidade para que as pesquisas avancem. Não podemos mais esperar meses ou até um ano para a aprovação de um financiamento, e perder um parceiro para outra instituição por conta disso", destacou o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, durante a cerimônia.
"Queremos que esse modelo se torne referência para outras universidades brasileiras. Com ele, teremos um ensino e uma pesquisa muito mais ligados ao que a sociedade efetivamente precisa. Acredito que nos próximos meses e anos, grandes colaborações surgirão a partir desses centros, que são compostos por comitês nacionais e internacionais de pesquisadores extremamente renomados em suas áreas de pesquisa. Por isso, coloquei como meta inaugurar, até o final do meu mandato [em 2026], pelo menos mais três centros", acrescentou.
Além do RCGI, foram apresentados os seguintes centros: Centro de Estudos e Tecnologias Convergentes para Oncologia de Precisão; Centro de Estudos Amazônia Sustentável; Centro de Agricultura Tropical Sustentável; Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical; o Centro Observatório das Instituições Brasileiras e Centro de Estudos em Inteligência Artificial e Aprendizado de Máquina.
Todos os centros se relacionam, em maior ou menor grau com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) traçados pela Organização das Nações Unidas. Os centros se destacam pela multidisciplinaridade, reunindo pesquisadores referência de unidades e áreas de estudo distintas, da USP e de outras instituições, para fazer pesquisas de ponta.
O RCGI, por exemplo, conta com a atuação de 660 pesquisadores de 13 unidades da USP e de Universidade e de instituições parceiras no Brasil e no exterior, como o Imperial College London, no Reino Unido e a Universidade de Princeton, nos Estados Unidos.
Ao se consolidar como Centro de Estudos da USP, o RCGI amplia ainda mais o seu leque de parcerias, no formato de hélice tríplice (indústria-governo-universidade). Além do financiamento da Fapesp, que representa o governo, o centro já conta com o patrocínio de diversas empresas, como TotalEnergies, Petronas, Petrobras, Braskem, Repsol Sinopec Brasil, Toyota Brasil, Marcopolo, EMTU e a Shell — financiadora principal do RCGI em conjunto com a Fundação. Atualmente são desenvolvidos 57 projetos, divididos em oito programas, financiados em pelo menos 50% por essas empresas.
"Recentemente também passamos a fazer parte do Energy Transition Campus Amsterdam [ecossistema que reúne diversos institutos de pesquisa, empresas e startups da área] sediado nos laboratórios da Shell em Amsterdam, na Holanda, e estamos desenvolvendo um programa novo em conjunto com a Fapesp e o Imperial College. Tudo isso se consolidou ainda mais quando nos tornamos um Centro de Estudos, em dezembro do ano passado", afirmou Julio Romano Meneghini, diretor científico do RCGI.
"O RCGI estuda diversas maneiras para mitigar a emissão de gases do efeito estufa e assim contribuir para que o Brasil atinja as suas metas internacionais [as NDCs, sigla em inglês para Contribuição Nacionalmente Determinada]. Entre essas formas estão, por exemplo, tecnologias para captura, armazenamento e uso de carbono, e produção de hidrogênio verde a partir do etanol", destacou.
Além das lideranças de cada centro, o evento também contou com a presença de Marco Antonio Zago, presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp); Wieneke Vullings, cônsul-geral dos Países Baixos no Estado de São Paulo; Guilherme Campos Júnior, superintendente do Ministério da Agricultura e Pecuária no Estado de São Paulo; Rosana Emília Gaspar, presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (CONSEA-SP); Carlos André Bulhões Mendes, reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); José Sebastião dos Santos, coordenador geral dos Centros de Estudos da USP, entre outras autoridades.
Evento apresenta o RCGI e os outros seis novos Centros de Estudos da USP
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