Inverno começa com alerta ambiental: qualidade do ar piora em São Paulo e preocupa especialistas

Meio Ambiente
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Com a chegada do inverno nesta sexta-feira (21), São Paulo entra em uma das estações mais críticas para a qualidade do ar. A combinação entre a redução das chuvas, aumento das queimadas urbanas e baixa umidade relativa do ar acendeu um alerta entre especialistas em saúde e meio ambiente. Dados do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da prefeitura mostram que, nas últimas semanas, a capital paulista já registrou níveis de poluentes atmosféricos acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), os índices de material particulado (MP10 e MP2,5), gerados principalmente pela queima de combustíveis e poluição industrial, aumentaram significativamente em bairros como Mooca, Santo Amaro e Marginal Tietê. Os efeitos desse ar seco e poluído são sentidos de imediato: crises de rinite, alergias, doenças respiratórias e agravamento de condições crônicas como asma e bronquite têm aumentado nos prontos-socorros da cidade.

Além dos impactos à saúde, o inverno também marca um período de maior risco para incêndios em áreas verdes urbanas e zonas de proteção ambiental. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o número de focos de fogo em terrenos baldios e parques municipais cresce em média 30% entre junho e agosto. A vegetação seca, combinada ao descuido humano, favorece a propagação rápida das chamas e compromete ecossistemas inteiros.

Diante desse cenário, autoridades ambientais reforçam medidas de prevenção: evitar queimadas, manter terrenos limpos, denunciar focos de fumaça e respeitar os limites de velocidade para reduzir a emissão de poluentes. A prefeitura de São Paulo também deve retomar campanhas educativas sobre os riscos da poluição e o uso consciente da água e da energia — que tendem a aumentar com o frio.

Especialistas defendem ainda políticas públicas mais amplas, como a transição para modais de transporte menos poluentes, ampliação da cobertura vegetal urbana e investimentos em infraestrutura verde. “O inverno é sempre um teste de resiliência ambiental para as grandes cidades. Sem ação coordenada, os impactos recaem diretamente sobre a população mais vulnerável”, alerta o ambientalista Lucas Prado, do Instituto Clima Urbano.

O início do inverno, portanto, serve como ponto de partida para refletir sobre o modelo de desenvolvimento urbano e os desafios climáticos cada vez mais visíveis. Enquanto a cidade desacelera por conta do frio, a pauta ambiental esquenta — e exige atenção imediata.