A expansão urbana sem planejamento tem colocado em risco as poucas áreas verdes remanescentes nas grandes cidades brasileiras. Regiões como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte vêm registrando um aumento significativo na supressão de matas, parques naturais e corredores ecológicos para dar lugar a condomínios, empreendimentos comerciais e obras viárias — muitas vezes aprovadas sem os devidos estudos de impacto ambiental.
Segundo levantamento recente do Instituto SOS Mata Atlântica, entre 2020 e 2024, o Brasil perdeu mais de 10 mil hectares de vegetação nativa em áreas urbanas, comprometendo não apenas a biodiversidade, mas também a qualidade do ar, o controle das enchentes e o bem-estar da população. A ausência de árvores e espaços verdes agrava o efeito das ilhas de calor, intensifica as chuvas em áreas impermeabilizadas e eleva os índices de doenças respiratórias.
Um dos casos mais emblemáticos é o da zona sul de São Paulo, onde fragmentos de Mata Atlântica estão sendo pressionados por obras do setor imobiliário. “As áreas verdes urbanas não são luxo: são infraestrutura essencial para a saúde e o equilíbrio climático da cidade”, afirma o urbanista e ambientalista Marcos Faria.
Além dos impactos ambientais diretos, a perda de vegetação reduz o acesso da população a espaços de lazer, contemplação e convívio social. Para reverter esse cenário, especialistas defendem políticas públicas que incentivem o planejamento urbano sustentável, a preservação de parques e reservas, e a recuperação de áreas degradadas com plantio de espécies nativas.
Cidades como Curitiba e Vitória têm se destacado por manter iniciativas de arborização, hortas urbanas e integração entre habitação e meio ambiente. No entanto, os avanços ainda são pontuais e precisam ganhar escala nacional.
Em tempos de crise climática, repensar a urbanização e proteger o que resta de natureza nos centros urbanos é um passo fundamental para garantir resiliência ambiental e qualidade de vida nas cidades do futuro.
Urbanização desordenada ameaça áreas verdes nas grandes cidades brasileiras
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