Descarte irregular de lixo ainda ameaça rios e praias brasileiras e exige mais consciência da população

Meio Ambiente
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Apesar de avanços pontuais em políticas públicas e campanhas de conscientização, o descarte irregular de resíduos sólidos continua sendo um dos principais desafios ambientais no Brasil. Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) apontam que cerca de 40% do lixo urbano coletado ainda tem como destino final inadequado, seja em lixões a céu aberto, margens de rios ou áreas de preservação.

Esse problema impacta diretamente a qualidade da água de rios, represas e praias em todo o país, além de agravar enchentes nas cidades e colocar em risco a fauna e flora aquáticas. Um estudo recente da ONG Ocean Conservancy estima que o Brasil despeja, por ano, aproximadamente 325 mil toneladas de plástico nos oceanos, colocando-o entre os 20 maiores poluidores marinhos do mundo.

A situação se agrava nas regiões metropolitanas, onde a densidade populacional é alta e a infraestrutura de coleta não acompanha o crescimento urbano desordenado. “Os resíduos, principalmente plásticos, acabam indo parar em córregos e rios, que deságuam nos mares. O impacto ambiental é devastador, levando séculos para se decompor e afetando toda a cadeia alimentar”, explica a bióloga marinha Renata Lopes, do Instituto de Pesquisas Ambientais.

Além do impacto ecológico, o lixo mal descartado afeta diretamente a saúde pública, favorecendo a proliferação de vetores de doenças como dengue, leptospirose e infecções intestinais. Em períodos de chuvas intensas, bueiros entupidos agravam os alagamentos, trazendo prejuízos econômicos e sociais às comunidades mais vulneráveis.

Para os especialistas, a solução passa por um esforço coletivo entre poder público, empresas e sociedade civil. É fundamental ampliar a cobertura e a eficiência da coleta seletiva, investir em educação ambiental e incentivar a economia circular, com mais reciclagem e reaproveitamento de materiais. Algumas cidades já avançaram com programas de logística reversa, ecopontos para descarte correto e campanhas de sensibilização em escolas e comunidades.

Mas, acima de tudo, a mudança começa nos pequenos hábitos: separar resíduos em casa, reduzir o consumo de plásticos descartáveis, reutilizar embalagens e não descartar lixo nas ruas são atitudes que, somadas, podem transformar a relação da sociedade com o meio ambiente.

Cuidar dos rios, mares e cidades é cuidar do próprio futuro. E essa responsabilidade está nas mãos de cada cidadão, todos os dias.