Prevenção salva vidas e reduz custos: ONG HUMUS, alerta para a necessiade de mudança urgente no combate a desastres no Brasil

Meio Ambiente
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Durante a Climate Week no Cubo Itaú, um dos mais importantes encontros nacionais sobre sustentabilidade e inovação climática, o cofundador e CEO da ONG HUMUS, Léo Farah, mostrou que preparar cidades e comunidades é mais eficiente do ponto de vista da segurança e até mais econômico do que a necessidade de mobilizar um grande volume de recursos depois que a tragédia acontece. “Mais de 50% dos resgates em emergências são feitos por pessoas ‘comuns’, ou seja, sem preparo técnico. Considerando as mudanças climáticas, precisamos transformar cidadãos em agentes de proteção. Todo mundo tem a capacidade de ajudar a salvar vidas”, ressaltou.

Com experiência direta em operações de grande impacto, como Brumadinho, Mariana, Petrópolis, São Sebastião e as recentes enchentes no Rio Grande do Sul, além de missões internacionais, Farah,  que é  mestre em Engenharia Geotécnica e Especialista em Gestão de Desastres no Brasil, Chile e Japão, pela UNESCO e em Redução de Riscos pela ONU, destacou que desde 1995 os desastres relacionados a eventos climáticos extremos já causaram mais de R$ 547 bilhões em prejuízos no Brasil. Para mudar essa destinação de recursos, defende uma maior conscientização do ciclo completo de risco e desastres, que compreende: prevenção, preparação, mitigação, resposta e recuperação; sugerindo que seja incorporado às políticas públicas, com apoio efetivo do setor privado, envolvendo todos os setores que de alguma maneira participam das causas, dos impactos e das soluções.

Segundo ele, dados mostram que cada dólar investido em prevenção pode economizar 15 dólares na recuperação em emergências, mas o Brasil ainda utiliza a maior parte dos recursos para ações após o desastre acontecer. “O país precisa sair do modo de responder e esquecer. Enquanto não houver planejamento, vai haver sofrimento. Prevenir é 15 vezes mais econômico do que reconstruir. E ainda salva vidas”, afirmou.

Entre as soluções apresentadas pela HUMUS estão a capacitação de agentes para elaboração de planos de contingência adaptados à realidade de cada local, o treinamento em comunidades e escolas, o uso de inteligência artificial para mapear áreas de risco e rotas seguras. “Se medidas não forem tomadas nesse momento, enquanto podemos planejar e previnir, grandes tragédias vão se repetir, inclusive nos mesmos locais em que a vida está sendo retomada”, alertou.

Para Farah, o ideal é que o trabalho da HUMUS não seja mais necessário: “O sonho da HUMUS, uma associação sem fins lucrativos, é não precisar existir. Para isso, é necessário que os desastres não aconteçam ou que seus impactos possam ser suportados pela própria comunidade. Enquanto isso for apenas um sonho, estamos dispostos a ajudar nessa missão, antes que aconteça novamente”.