Especialistas alertam para tendências de estética odontológica que podem deixar sequelas permanentes

Saúde
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Dr. José Todescan Júnior aponta que os custos biológicos de uma intervenção podem superar o valor financeiro

A busca pelo sorriso perfeito nunca esteve tão em evidência. Lentes de resina, facetas de porcelana e outros procedimentos estéticos são cada vez mais procurados por pessoas que desejam transformar a aparência dos dentes de forma rápida. No entanto, especialistas enfatizam que as decisões sobre esses procedimentos devem ser tomadas com cautela, considerando os riscos à saúde bucal e as consequências permanentes que podem surgir.

Dr. José Todescan Júnior, especialista em Prótese Dental e membro da International Federation of Esthetic Dentistry (IFED), explica que qualquer intervenção nos dentes envolve um custo biológico que não pode ser ignorado. “Sempre que realizamos um procedimento estético, como o desgaste para a colocação de facetas ou lentes, há um impacto que vai além do valor financeiro. O dente que foi desgastado não se regenera; ele não volta mais ao seu estado natural. Por isso, é essencial dosar o que realmente vale a pena e o que é de fato recomendado para cada paciente”, afirma.

O risco de negligenciar a qualidade e a escolha do profissional

O caso de uma adolescente de 17 anos, que sofreu necrose pulpar e óssea após a aplicação de lentes de resina por uma pessoa não habilitada, exemplifica como a pressa por resultados estéticos pode sair caro. A jovem, que pagou apenas R$ 1 mil pelo procedimento, não imaginava que o custo baixo representaria um risco tão alto para sua saúde bucal. “Ela não teve a percepção de que um preço tão baixo para um procedimento desse porte era um sinal de alerta. É preciso ter um olhar crítico e entender que não existem procedimentos de qualidade com preços tão abaixo do mercado”, destaca Todescan Júnior.

Complicações como essa têm aumentado à medida que os cuidados com os dentes ganham características de tendências de moda, muitas vezes impulsionados por influenciadores e ofertas em redes sociais. Todescan reforça a importância da escolha criteriosa do profissional. “A decisão de fazer um tratamento estético deve ser respaldada por uma análise cuidadosa e por um profissional devidamente qualificado. Fazer por conta própria ou com pessoas sem registro traz um risco enorme”, pontua.

Pesando o custo biológico e financeiro

A taxa de sucesso de procedimentos estéticos dentários pode ser alta, desde que realizadas por profissionais qualificados e com materiais de qualidade. Estudos indicam que procedimentos bem executados por dentistas experientes têm uma taxa de sucesso acima de 90%. 

No entanto, a falha na adaptação das facetas ou lentes de contato dentais pode ter diversas causas, incluindo a técnica inadequada, materiais de baixa qualidade e a escolha incorreta do tratamento para o paciente – ocorrências comuns em procedimentos não regulamentados. “É importante que o dentista faça uma avaliação completa e explique ao paciente os riscos envolvidos”, destaca Todescan.

A chave para minimizar os riscos é buscar profissionais qualificados e realizar uma avaliação criteriosa antes de qualquer procedimento. Todescan Júnior enfatiza que o uso de técnicas minimamente invasivas e materiais de qualidade faz toda a diferença. “Hoje, é possível optar por procedimentos que preservam mais o dente natural e são menos agressivos, mas isso só será possível se o profissional estiver bem preparado e usar boas práticas. Essa é a melhor forma de garantir que o tratamento seja seguro e que a aceitação na boca seja a mais natural possível”, ressalta.

A paciente que teve seus dentes necrosados ainda enfrentará um longo tratamento. “Esses casos são tristes e poderiam ser evitados com mais consciência e cuidado na escolha do profissional e do procedimento. Por isso, é essencial que o paciente entenda que um tratamento barato demais ou realizado fora de um ambiente profissional pode ter consequências graves”, conclui Todescan Júnior.