“Quem não dorme bem, no outro dia não é ninguém”. Essa antiga máxima traduz bem a importância do sono para nossa vida. Até um passado recente, a falta de sono era tratada apenas como um sintoma secundário, sendo frequentemente medicada de forma sintomática, sem a devida compreensão de suas consequências, como o alto poder de dependência. Hoje, no entanto, a ciência reconhece a privação de sono como uma doença, que necessita de abordagem e tratamento adequados.
Um sono reparador e de duração adequada proporciona bem-estar e qualidade de vida, trazendo benefícios incontáveis, como:
- Controle do apetite, auxiliando na manutenção do peso corporal;
- Fortalecimento do sistema imunológico, reduzindo a suscetibilidade a doenças;
- Redução do estresse, melhorando o humor e prevenindo transtornos como ansiedade e depressão;
- Proteção do sistema cardiovascular;
- Aprimoramento do aprendizado, criatividade e raciocínio;
- Rejuvenescimento do corpo e da mente.
O sono é composto por diferentes fases, desde as mais superficiais até o sono REM, momento em que ocorre maior atividade cerebral e no qual os sonhos acontecem. A duração necessária para um descanso adequado varia ao longo da vida: enquanto recém-nascidos dormem cerca de 16 horas diárias, adultos necessitam em torno de 8 horas e, após os 60 anos, a média é de 6 horas por dia.
No entanto, o sono dos idosos é uma das principais queixas nos consultórios médicos. Muitas vezes, eles vão para a cama ao anoitecer e esperam dormir a noite toda, o que dificilmente ocorre. Isso se deve a alterações naturais no padrão de sono, caracterizadas por:
- Maior propensão a cochilos diurnos, reduzindo o tempo de sono noturno;
- Despertares frequentes durante a noite;
- Maior dificuldade para iniciar o sono;
- Redução dos estágios mais profundos do sono e aumento do sono superficial;
- Despertar precoce, levando a longas horas na cama;
- Movimentação frequente das pernas durante o sono.
Dentre os mais de 70 distúrbios do sono conhecidos, a insônia é o mais prevalente, atingindo aproximadamente 50% dos idosos e sendo mais comum entre as mulheres. A insônia pode se manifestar de três formas:
- Inicial: dificuldade para adormecer;
- Intermediária: despertares noturnos recorrentes;
- Final: despertar muito cedo.
Seus impactos vão além da simples fadiga e sonolência, podendo causar:
- Dificuldades de atenção, concentração e memória;
- Irritabilidade, ansiedade e fobias;
- Distúrbios cardiovasculares e metabólicos, como diabetes tipo II e obesidade;
- Maior risco de doenças como câncer;
- Envelhecimento precoce e redução da imunidade.
O tratamento indicado e correto é iniciado pela higiene do sono, que consiste em procurar manter horários regulares para deitar-se e acordar, evitando cochilos longos durante o dia, não dormir com fome ou alimentado em excesso, evitar ingestão de álcool, bebidas cafeinadas e fumo no período noturno, evitar ruídos e manter uma temperatura adequada no ambiente, além de não fazer refeições na cama.
É importante também evitar telas eletrônicas no quarto, pois a luz azul emitida por esses dispositivos interfere no ciclo do sono. Atividades que estimulam o alerta devem ser evitadas à noite, mas a prática regular de exercícios físicos durante o dia é altamente recomendada.
Caso as medidas de higiene do sono não sejam suficientes, pode-se recorrer à terapia cognitivo-comportamental, que é eficaz no tratamento da insônia. Somente em último caso, e com acompanhamento médico, pode-se considerar o uso de medicamentos, sempre avaliando os riscos de dependência e interações medicamentosas, especialmente em idosos.
Dormir bem não é um luxo, mas uma necessidade vital. Entender a importância do sono e adotar hábitos saudáveis é fundamental para a saúde e qualidade de vida. Afinal, uma boa noite de sono faz toda a diferença no dia seguinte – e ao longo da vida.
Dormir bem para viver melhor: a ciência por trás do descanso reparador
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