Aborto de repetição: duas ou mais perdas gestacionais consecutivas, com até 20 semanas de gestação, devem ser investigadas

Saúde
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Quando acontecem duas ou mais perdas gestacionais consecutivas, com até 20 semanas de gestação, deve-se acender um alerta, pois a mulher pode estar sofrendo com uma condição chamada “aborto de repetição”.

 

“O aborto recorrente pode ser causado por fatores femininos e masculinos, e a identificação só é possível após uma investigação completa, incluindo avaliação clínica e a realização de exames laboratoriais e de imagem”, diz o Dr. Maurício Chehin, especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington. De acordo com o médico, as causas mais conhecidas são as genéticas, imunológicas, uterinas e hormonais. 

 

É possível engravidar após o aborto de repetição? 

 

Ainda segundo o Dr. Chehin, primeiro é necessário tentar identificar e tratar a causa do abortamento recorrente antes de tentar uma nova gravidez. “Quando as perdas gestacionais persistem, mesmo após o tratamento clínico, a fertilização in vitro com biópsia para análise genética do embrião pode ser recomendada como opção na tentativa de diminuir o risco de uma perda futura, principalmente nos casos em que existe uma causa genética “, explica. 

 

A técnica consiste em estimular o desenvolvimento de vários óvulos, que então são coletados e fertilizados em laboratório. Posteriormente, os embriões são submetidos a estudos genéticos (Teste Genético Pré-Implantacional) para rastrear alterações cromossômicas e evitar a transferência de embriões com anomalias genéticas.

 

“É importante destacar que a avaliação e a indicação do tratamento para aborto de repetição são individuais. Deve-se procurar um médico especialista em medicina reprodutiva para avaliar o melhor caminho para uma gestação bem-sucedida”, lembra o especialista.

 

Diagnóstico de possíveis causas

 

Para o diagnóstico de possíveis causas genéticas, é preciso realizar um exame de sangue (cariótipo) do casal, além de determinar se existe análise genética prévia do produto concepcional do abortamento sofrido. Nas causas imunológicas, são avaliados os anticorpos maternos e também a tendência de formar trombos (trombofilias), que muitas vezes, podem também ser hereditárias. Quando a causa é infecciosa, o aborto pode acontecer por infecção na cavidade endometrial (parte interna do útero). O diagnóstico é feito com base nos resultados das diversas sorologias e também por histeroscopia e em exames complementares do material retirado por biópsia. 

 

Já as causas uterinas dizem respeito à própria anatomia do órgão. O mais comum é a presença de malformações uterinas, e em alguns casos alterações como miomas e pólipos podem contribuir. As causas endocrinológicas ou hormonais, podem acontecer por alterações no hormônio prolactina, nos hormônios tireoidianos, glicemia entre outros. No caso dos fatores masculinos, alterações no DNA dos espermatozoides podem ser uma das causas do problema.