O Brasil registrou, no primeiro semestre de 2025, o maior número de transplantes da série histórica: 14,9 mil procedimentos realizados em todo o país, um crescimento de 21% em relação a 2022. Apesar do avanço, o Ministério da Saúde destaca que o número poderia ser ainda maior, já que 45% das famílias brasileiras ainda recusam a doação de órgãos.
Durante o lançamento da nova campanha de incentivo à doação, nesta quinta-feira (25/09), em São Paulo, a pasta anunciou o Programa Nacional de Qualidade na Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (PRODOT). A iniciativa é inédita e tem como objetivo qualificar a abordagem com as famílias e valorizar o trabalho das equipes hospitalares que atuam na identificação de potenciais doadores, logística e acolhimento de parentes em momentos delicados.
Pela primeira vez, esses profissionais receberão incentivos financeiros atrelados ao volume de atendimento e indicadores de desempenho, estimulando o aumento do número de doações. A ação integra um pacote de medidas que somam R$ 20 milhões por ano para o fortalecimento do Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
“A principal mensagem que queremos passar às famílias é a segurança e a seriedade do Sistema Nacional de Transplantes, reconhecido mundialmente. Esse gesto, mesmo em um momento de dor, pode salvar a vida de três ou quatro pessoas e manter viva a memória do ente querido”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Campanha “Você diz sim, o Brasil inteiro agradece”
Com mais de 80 mil pessoas na fila de espera, a campanha de 2025 reforça a importância de comunicar à família o desejo de ser doador. O mote é claro: “Doação de Órgãos. Você diz sim, o Brasil inteiro agradece. Converse com a sua família, seja um doador”.
A campanha apresenta histórias reais, como a de uma mãe que autorizou a doação de órgãos do filho, e destaca o trabalho dos profissionais de saúde que atuam desde o acolhimento até o transplante.
Novos procedimentos no SUS
O evento também marcou a criação da Política Nacional de Doação e Transplantes (PNDT), que pela primeira vez organiza em portaria própria as diretrizes éticas, de transparência e de gratuidade do sistema. Entre os avanços anunciados estão:
Transplante multivisceral e de intestino delgado incluídos no SUS, beneficiando pacientes com falência intestinal.
Uso da membrana amniótica para tratamento de queimaduras, especialmente em crianças, com potencial de atender 3,3 mil pessoas ao ano.
Reajuste da diária de reabilitação intestinal, que passou de R$ 120 para R$ 600.
Implantação da prova cruzada virtual, exame remoto que agiliza a compatibilidade entre doador e receptor.
Critérios específicos para priorização de pacientes hipersensibilizados em transplantes renais.
Oferta regular do teste de quimerismo no transplante de medula óssea, para monitorar rejeições.
Liderança mundial
O Brasil ocupa a 3ª posição no mundo em número absoluto de transplantes, atrás apenas de Estados Unidos e China. No entanto, é líder quando se trata de procedimentos realizados integralmente pelo sistema público de saúde, o SUS.
A expectativa do governo é que, com a nova política, os investimentos e a mobilização da sociedade, o país consiga reduzir o tempo de espera, ampliar o acesso e manter sua posição de referência mundial em transplantes.
ação inédita para incentivar a doação de órgãos e reverter recusa de 45% das famílias
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