Gravidez na adolescência: Quais métodos anticoncepcionais podem ser usados nessa faixa etária?

Saúde
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Ginecologista Ricardo Bruno explica quais métodos estão disponíveis no Brasil e qual a melhor forma de escolher entre eles 

 

A adolescência é um período de diversas mudanças, tanto corporais quanto comportamentais, que trazem muitas dúvidas, medos e ansiedades. Dentre elas, uma das principais é a questão da gravidez precoce e, consequentemente, como se prevenir, acarretando perguntas como: "Adolescente pode tomar pílula anticoncepcional?" e "Qual o melhor método anticoncepcional para essa faixa etária?". Toda essa preocupação faz sentido, já que, segundo dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos, do Governo Federal, o número de mães entre 10 e 19 anos, no Brasil, ainda é alto: só em 2020, foram 380,7 mil gestações nessa faixa etária.

 

"O número por si só já é alarmante, mas fica ainda mais preocupante se considerarmos como uma gravidez não planejada, principalmente porque nessa idade, pode prejudicar a saúde e o desenvolvimento da mãe e do bebê", comenta o ginecologista Ricardo Bruno, Mestre e Doutor em Medicina (pela Universidade Federal do Rio de Janeiro), Chefe do Serviço de Reprodução Humana do Instituto de Ginecologia da UFRJ e Diretor Médico da Exeltis Brasil. Por isso, o especialista reforça a importância de procurar um ginecologista para se informar sobre os métodos contraceptivos e, em conjunto com o médico, definir qual é a melhor forma de prevenção, já que cada pessoa tem suas particularidades.

 

"O melhor método é aquele que mais se encaixa no perfil da adolescente", define Ricardo, explicando que, apesar de a pílula anticoncepcional ser muito usada nesses casos, há diversas outras opções disponíveis no mercado. Inclusive, um ponto importante a se ressaltar com relação ao método, é que já existem no Brasil fórmulas testadas e aprovadas para menores de 18 anos, com indicação específica para este público. "Muita gente tem a preocupação de o uso prolongado da pílula anticoncepcional interferir na fertilidade, quando o momento de uma gravidez desejada chegar. Contudo, os estudos apontam que ela está garantida mesmo depois de anos de uso. Sendo assim, defendemos a pílula como um bom método anticoncepcional para essa faixa etária", comenta o especialista 

 

Apesar disso, um ponto de atenção é que as pílulas anticoncepcionais com estrogênio podem piorar o quadro de acne, comum na fase da adolescência, ou seja, pílulas que contém apenas a progestina ou progestagênio, possuem uma tendência a ser melhor opção. "Porém, ainda assim, é importante saber qual é o progestagênio dessa pílula, pois, dependendo de qual for, pode dar mais ou menos espinhas", destaca Ricardo.

 

Outras duas opções são o DIU e o Implante. O DIU é um método de contracepção de longa duração (com versões hormonais e não-hormonais), que é mais eficaz que a pílula, por não ser necessário tomar diariamente, evitando, assim, o risco do esquecimento, mas ele só pode ser indicado se a paciente não for virgem. Já o implante, também é um método de longa duração (somente hormonal), e trata-se de um pequeno dispositivo flexível inserido sob a pele do braço, que pode evitar a gravidez por três anos.

 

"Além dessas, uma opção muito indicada para as adolescentes é o Anel Vaginal, que é um método bem prático e fácil, pois não necessita de ajuda profissional para colocar ou retirar, sendo a própria mulher que realiza os procedimentos", diz o especialista, explicando que o Anel é um pequeno dispositivo de poliuretano que deve ser inserido na vagina no primeiro dia da menstruação e que começa a funcionar assim que é colocado no corpo, liberando hormônios (estrogênio e progestagênio) de forma lenta e constante para inibir a ovulação e impedir a gravidez. Ele deve ser retirado ao fim de três semanas e, após a retirada, é recomendado seguir uma pausa de sete dias, antes de inserir um novo dispositivo.

 

"Muitas pessoas ficam inseguras com esse método, justamente pela forma de inserção, então vale ressaltar que a introdução é bem simples e que não é importante posicionar o anel em um ponto específico para o seu funcionamento, sendo a principal questão o conforto, ou seja, não é normal sentir o dispositivo", conclui o doutor.

 

Independentemente das opções disponíveis no mercado, para Ricardo Bruno, o principal é que, quando a adolescente decidir se prevenir, seja consultado um Ginecologista, para que ele possa analisar o histórico e os objetivos da paciente, podendo assim definir, em conjunto com a jovem, qual é o método mais indicado.