Dermatologista do CEJAM esclarece essa e outras dúvidas, além de compartilhar dicas para o cuidado diário com a pele
O vitiligo, doença que se caracteriza pela perda de pigmentação da pele, afeta até 2% da população mundial. No Brasil, a condição está entre as 25 mais comuns, atingindo mais de um milhão de pessoas, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Personalidades, como o eterno rei do pop Michael Jackson e a modelo Winnie Harlow, que se tornou uma referência de empoderamento sobre o tema, são exemplos de figuras públicas que lidaram ou lidam com esse diagnóstico.
Recentemente, a notícia de que um dos filhos da empresária e estrela de reality show Kim Kardashian, fruto de seu relacionamento com o rapper Kanye West, também foi diagnosticado com vitiligo, trouxe novamente à tona a discussão sobre o tema. No entanto, a influencer não revelou qual dos quatro seriam.
"O vitiligo pode afetar qualquer pessoa, sem distinção de idade, sexo ou etnia. As causas exatas ainda não são totalmente compreendidas. Supõe-se que seja uma combinação de fatores genéticos e autoimunes", afirma a Dra. Flavia Rosalba Rodrigues, dermatologista do CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim".
Tudo começa a partir da agressão do próprio sistema imunológico aos melanócitos, células encarregadas de pigmentar a pele, levando à sua destruição ou mau funcionamento e desencadeando uma mudança na pigmentação cutânea. Como consequência, surgem as manchas brancas que podem se expandir pelo corpo de maneira imprevisível.
Apesar de, normalmente, não provocarem dor ou coceira, essas manchas podem causar desconforto emocional em virtude das alterações visuais que promovem. Elas podem se desenvolver de duas formas: desde o nascimento ou com o tempo, em qualquer fase da vida.
Segundo a dermatologista, além da influência genética, outros fatores podem contribuir para o seu surgimento ou agravamento. O estresse, por exemplo, pode desencadear ou intensificar a condição. "Questões emocionais podem ter um papel significativo no vitiligo, apesar de não serem a causa direta. As alterações na aparência, resultantes da doença, podem gerar estresse adicional, ansiedade e impactar a autoestima.”
Lesões na pele e queimaduras solares também podem precipitar o aparecimento das manchas nas áreas afetadas. E, aparentemente, a exposição a alguns produtos químicos e substâncias irritantes pode estar ligada ao desenvolvimento ou piora do quadro.
O diagnóstico da doença é realizado por um dermatologista através da observação das manchas na pele. Mas, em alguns casos, pode ser necessária a realização de exame de pele ou outros testes para se ter uma confirmação precisa.
O quadro não tem cura, porém, pacientes com o diagnóstico podem realizar diferentes tipos de tratamentos para melhorar a aparência da pele. "Eles podem variar de acordo com cada caso e sua gravidade. Podem ser utilizados cremes, que ajudam a reduzir a inflamação e estimular a repigmentação da pele, terapia com luz ultravioleta (UV), para estimular os melanócitos, e terapias de camuflagem para cobrir as manchas brancas. Em casos mais severos, tratamentos cirúrgicos, como o transplante de melanócitos, podem ser considerados", explica a especialista.
Além disso, o acompanhamento psicológico também é parte essencial, pois ajuda a lidar com todo o impacto emocional causado.
Cuidados diários fazem toda a diferença
Além dos tratamentos prescritos durante as consultas médicas e de suporte emocional, a Dra. Flavia enfatiza que os indivíduos com vitiligo necessitam de um cuidado especial com a sua pele.
Confira abaixo algumas orientações:
- Use protetor solar: A pele com manchas brancas carece de proteção da melanina e pode queimar mais facilmente. Para reduzir o risco de queimaduras solares e câncer de pele, aplique um protetor solar com fator de proteção 30 ou superior em todas as áreas expostas do corpo. Esse cuidado deve ser uma parte constante na rotina;
- Hidrate a pele: É importante manter a pele bem hidratada para evitar ressecamento e irritação. Isso pode ser feito através do uso regular de loções, cremes ou óleos hidratantes. Mas atenção, escolha produtos suaves para não causar irritações adicionais na pele;
- Monitore as manchas: Acompanhe regularmente para notar qualquer mudança. Consultas periódicas com um dermatologista são importantes para avaliar a condição da pele e ajustar o tratamento conforme necessário.
E, em todo caso, evite:
- Exposição excessiva ao sol: A pele com vitiligo é mais sensível às queimaduras solares devido à falta de melanina. Reduzir a exposição ao sol e usar protetor solar são fundamentais para prevenir danos;
- Estresse excessivo: Embora seja difícil evitá-lo, técnicas para lidar com essa reação podem ser úteis, por isso, busque a que melhor se encaixe na sua rotina. Algumas opções como meditação, yoga e exercícios podem ajudar positivamente;
- Dormir tarde e se alimentar mal: Por fim, é importante manter uma alimentação balanceada e garantir um sono de qualidade para a redução dos níveis de estresse no organismo.
Vitiligo: doença que afeta mais de 1 milhão de brasileiros tem cura?
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