Chupeta e mamadeira: o impacto na saúde bucal das crianças

Saúde
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Desde a primeira infância, muitas crianças usam chupeta, como também fazem o uso da mamadeira para o desmame. O hábito de sugar acontece desde o útero materno, sendo um comportamento importante para o desenvolvimento psíquico da criança. Uma pesquisa do Banco de Leite Humano mostrou que 60,6% das mães usam os artifícios com os filhos, sendo 25% para chupeta e 22,9% para mamadeira. 

O desmame pode ocorrer a partir dos seis meses, quando a alimentação passa a não ser exclusivamente com leite materno. Nesse momento, inicia-se a introdução de alimentos e de leite via mamadeira. A presidente da Câmara Técnica de Odontopediatria do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Patricia Valeria Cunha Georgevich, explicou que é importante escolher a mamadeira certa para a transição ser leve e tranquila. 

“A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que o bebê seja amamentado até os dois anos, sendo que até os seis meses a alimentação deve ser feita exclusivamente com leite materno”, reforça a especialista.

Em uma pesquisa do Ministério da Saúde, em 2009, foi constatado que, entre 1999 e 2008, houve uma variação de 15,1% no uso de chupeta. Em 1999, 57,7% das crianças menores de 12 meses usavam chupeta; já em 2008, a porcentagem caiu para 42,6%. 

“A introdução da chupeta pode causar interrupção do aleitamento materno. A hipótese de que o uso de chupeta seria responsável por uma menor duração do aleitamento materno baseia-se nos relatos de que a introdução e o padrão de uso de chupeta (frequência e intensidade) poderiam levar o recém-nascido a recusar o peito ou aumentar o espaçamento entre as mamadas”, aponta a cirurgiã-dentista.

A Dra. Patricia Georgevich esclarece que a utilização de mamadeira e chupeta por período prolongado, tanto em frequência como duração, causará danos na musculatura da face da criança. Entre as consequências estão: alterações nos dentes, mordidas cruzadas e mordida aberta. Também é possível afetar a respiração, causar deformação esquelética facial, disfunções na fala e na língua, além de infecções no ouvido. 

“Quanto menor a frequência e a duração do uso da mamadeira e chupeta, menores as chances de alterações e maior a probabilidade de regressão natural”, diz a Dra. Patricia.

A cirurgiã-dentista salientou que o uso de mamadeira e chupeta deve ser evitado principalmente em crianças com casos de má formação dentária ou facial, visto que o uso dos objetos pode agravar a deformidade. Em crianças que possuem casos frequentes de otite, o risco de infecção no ouvido também pode aumentar. 

O bico artificial oferecido ao bebê pode fazer com ele desenvolva a confusão de bicos, descrito como a dificuldade do bebê em encontrar a correta configuração oral para realizar a pega e a ordenha da mama após o uso da chupeta. 

Caso seja necessário o uso de chupeta e mamadeira, a prática deve ser permitida por um período curto para que os danos sejam menores.

A Associação Brasileira de Odontopediatria e o Ministério da Saúde recomendam que a chupeta seja eliminada até os três anos, mas o ideal é que seja removida gradualmente aos dois anos. Já em relação à mamadeira, a Academia Americana de Pediatria recomenda que ela seja deixada de lado antes dos 18 meses. Também é recomendado que a boca da criança seja limpa após as refeições e a mamadeira deve ser retirada assim que a criança adormecer.