Especialista em reprodução assistida revela que, além dos cigarros tradicionais, os eletrônicos também são um agravante para capacidade reprodutiva
Um levantamento da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, afirma que fumantes possuem três vezes mais chances de se tornarem inférteis quando comparados aos não fumantes. Além disso, dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) revelam que no caso das mulheres fumantes, que não usam métodos contraceptivos hormonais, há uma redução de 75% para 57% nas taxas de fertilidade.
De acordo com a Dra. Michele Panzan, especialista em reprodução assistida e coordenadora médica da clínica Huntington, unidade Campinas, esta redução acontece devido ao tabaco ser prejudicial aos óvulos, tendo como a nicotina, monóxido de carbono, formaldeído, benzeno, arsênio, cádmio, amônia e acetaldeído como altamente prejudiciais à fertilidade. “Além desses componentes específicos, a combinação de várias toxinas presentes no cigarro pode ter um efeito combinado, aumentando os danos ao sistema reprodutivo masculino e feminino”, explica.
No caso das mulheres, a médica diz que os produtos químicos do cigarro causam estresse oxidativo e inflamação, que podem afetar o DNA dos óvulos e reduzir a capacidade de se desenvolverem adequadamente. “O tabagismo também pode alterar a produção e a regulação dos hormônios como estrogênio e progesterona, essenciais para a regulação do ciclo menstrual. Alterações nestes níveis podem levar a ciclos irregulares ou mesmo à ausência de menstruação, conhecida como amenorréia. Além disso, as toxinas podem danificar os óvulos e reduzir a reserva ovariana, e consequentemente afetar a regularidade da ovulação. Também pode reduzir o fluxo sanguíneo para o útero e os ovários, afetando a função dos órgãos reprodutivos e também contribuir para ciclos menstruais irregulares”, destaca a especialista.
No caso dos homens, Dra. Michele diz que o tabagismo pode reduzir a contagem, movimentação e morfologia dos espermatozóides, dificultando a fertilização do óvulo. “No público masculino, as toxinas no cigarro podem causar danos ao DNA dos espermatozóides, reduzindo a quantidade produzida pelos testículos, resultando em uma contagem total menor de espermatozoides no sêmen, afetando a capacidade de se moverem adequadamente. Essa motilidade reduzida dificulta a capacidade dos espermatozoides de nadar pelo trato reprodutivo feminino e alcançar o óvulo. Com isso, podem causar deformidades na forma. E o esperma com morfologia anormal tem menor probabilidade de fertilizar um óvulo”, explica.
Ainda de acordo com a especialista, os riscos causados pelo uso de cigarros eletrônicos são menores, mas também servem de alerta para evitar complicações no sistema reprodutivo feminino e masculino. “A melhor abordagem para proteger a saúde reprodutiva é evitar o uso de qualquer forma de produtos de nicotina. As evidências sobre o uso do cigarro eletrônico estão em evolução, mas é importante considerar os riscos potenciais associados a qualquer forma de uso de nicotina”, pontua Dra. Michele.
Por fim, a especialista diz que receber orientação médica, realizar exames e considerar a cessação do uso de tabaco são passos essenciais para aqueles que desejam aumentar suas chances de concepção. A conscientização sobre esses riscos pode ajudar a promover hábitos mais saudáveis e, consequentemente, melhorar as perspectivas de fertilidade.
Tabagismo pode causar infertilidade em homens e mulheres
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