Dino manda destruir livros de direito com ataques à comunidade LGBTQIA+ e às mulheres

Política
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O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, determinou a retirada de circulação de quatro livros jurídicos com frases discriminatórias à comunidade LGBTQIA+ e às mulheres. Conforme a decisão, as edições preconceituosas devem ser destruídas, mas as obras podem ser reeditadas e vendidas, desde que retirados os trechos "incompatíveis com a Constituição Federal".

Os livros afetados pela decisão são: Curso Avançado de Biodireito; Teoria e Prática do Direito Penal; Curso Avançado de Direito do Consumidor; e Manual de Prática Trabalhista.

As obras continham trechos como:

- "Disponibilizando pesquisas que afirmem todas as doenças que estão propensas o grupo de risco homossexuais que praticam esse tipo de comportamento doentio; Quanto menos pessoas influenciadas por este tipo de malefício sexual, mais a sociedade estará protegida do mal da AIDS"

- "Ora, bem sabemos que para transar muitos jovens procuram qualquer mulher, mas para casar vão escolher as mais 'certinhas'. Neste conceito, está incluído aquelas meninas menos afetas à promiscuidade e que tenham uma vida sexual mais sensata"

- "Deve-se combater o mal do homossexualismo na origem, com o intuito de analisar os verdadeiros culpados, pelo surgimento deste distúrbio sexual grave na sociedade

- "A onda arco-íris (causa gay) querendo adicionar outras cores a este universo maléfico da podridão humana: vermelho - morte de pessoas pela contaminação do vírus da AIDS; laranja corrupção das relações de amizade (homem amigo de homem é gay); amarelo - amarelamento do povo brasileiro (o medo de falar contra os gays); vede - fim da relação parental saudável (avô, avó, cunhado, pai, mãe, tio, tia); azul - humorizacao doentia (o povo faz piada e divulga a doutrina homossexual); anil - corrupção dos valores cristãos - igrejas fazem união de gays por $$$$; violeta - vulgarização da instituição do casamento)"

- "Acredito que isso é uma manipulação da mafia gay que não aceitou que a mulher tem a vagina e que ele, obviamente, não a tem. Uma loucura psicológica, tão devastadora como nos tempos de Hitler"

- "Ao influenciar as crianças a serem homossexuais a sociedade corre o risco de deixar de existir pois além da não procriação, ocorrerá um homicídio, milhares de homossexuais morrerão pela contaminação com a AIDS e ainda existe o risco social que os bissexuais passem a doença para heterossexuais, e assim, dizimem toda a espécie humana da face da terra"

A avaliação de Dino é a de que os livros de direito questionados "desbordam do exercício legítimo dos direitos à liberdade de expressão e de livre manifestação do pensamento, configurando tratamento degradante, capaz de abalar a honra e a imagem de grupos minoritários e de mulheres na sociedade, de modo a impor necessária responsabilização".

O ministro impôs uma indenização por danos morais coletivos de R$ 150 mil à editora das obras.

A decisão foi assinada nesta quinta, 31, no bojo de um recurso do Ministério Público Federal contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região que, por maioria de votos, manteve a circulação dos livros. A Corte entendeu que apesar dos aspectos estilísticos "pouco elegantes, as obras não tem potencial para disseminar ódio sexista ou homofóbico".

No processo, a Procuradoria pedia a retirada de circulação e posterior destruição de obras jurídicas com conteúdo homofóbico, preconceituoso e discriminatório direcionado à comunidade LGBTQIA+ e às mulheres, com o pagamento de uma indenização de R$ 1 milhão por danos morais coletivos.

A ação foi movida após alunos da Universidade de Londrina localizarem o conteúdo preconceituoso em obras disponíveis na biblioteca da instituição. A Procuradoria questionava ainda um quinto livro, mas Dino considerou que não foram apresentados os trechos discriminatórios que a obra supostamente apresentaria.

O ministro ressaltou que sua decisão não impõe qualquer restrição à liberdade de manifestação ou censura prévia, e sim busca "coibir abusos ocorridos no exercício indevido da manifestação do pensamento, os quais são passíveis de exame e apreciação pelo Poder Judiciário, com a cessação das ofensas e a fixação de consequentes responsabilidades civil e de seus autores".

Para Dino, as obras atribuem a mulheres e à comunidade LGBTQIAPN+ "características depreciativas, fazendo um juízo de valor negativo e utilizando-se de expressões misóginas e homotransfóbicas". Nessa seara, os livros, afrontam o direito à igualdade e violam o postulado da dignidade da pessoa humana, endossando o cenário de violência, ódio e preconceito contra grupos vulneráveis, ponderou o ministro.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira, 19, que irá trabalhar com a Arábia Saudita, Egito e outros parceiros para estabilizar o Sudão, em publicação na Truth Social. Ele disse que o país enfrenta "atrocidades tremendas", tornou-se "o lugar mais violento da Terra" e vive "a maior crise humanitária do mundo", com escassez de alimentos e médicos.

Trump afirmou que líderes árabes, incluindo o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, pediram que os EUA usem seu "poder e influência" para pressionar por um cessar-fogo imediato.

Segundo ele, o Sudão é "uma grande civilização corrompida, mas que pode ser restaurada" com coordenação internacional.

O ex-candidato presidencial do Chile Franco Parisi convidou na última terça-feira, 18, os vencedores do primeiro turno para participarem de seu programa no YouTube a fim de disputarem o seu eleitorado. Ele ficou em terceiro nas eleições do último domingo, 16, recebendo mais de 2,5 milhões de votos que serão essenciais para definir o próximo presidente do país.

Parisi é um economista que se descreve como outsider na política chilena, apesar de concorrer à presidência pela terceira vez. Ele ficou famoso por um programa de TV que apresentava com o irmão e agora comanda em seu próprio canal na internet o programa "Bad Boys", onde recebe convidados importantes da política chilena.

"Convido formalmente o candidato Kast e a candidata Jara para uma conversa no Bad Boys", disse durante uma entrevista à TV chilena. "Fazemos o programa e, em seguida, realizamos imediatamente uma consulta digital com o pessoal do PDG para saber se eles preferem o candidato A, o candidato B, um voto nulo ou um voto em branco", explicou ele.

PDG é o seu Partido de la Gente (Partido do Povo, em tradução livre). Sua ideia é fazer uma votação com os militantes do seu partido para decidir qual dos dois candidatos ele deveria apoiar para o segundo turno.

Ele fez algo semelhante em 2021, nas eleições disputadas por Kast e o atual presidente Gabriel Boric. Na ocasião, Parisi também ficou em terceiro lugar, mas com muito menos votos - quase 900 mil - e convidou os candidatos para o seu canal, mas apenas Kast aceitou.

O economista também conduziu uma votação interna com os militantes de seu partido antes de declarar apoio naquelas eleições, decidindo por Kast no dia anterior ao segundo turno.

Desta vez, a candidata Jeannette Jara, do Partido Comunista, manifestou interesse em participar, mas indicou que precisa verificar sua agenda. "Soube que ele nos convidou para o Bad Boys. Eu sei disso pela televisão. Vou pensar no assunto; eu gostaria de ir, mas também preciso analisar minha agenda", disse em entrevista a uma rádio local.

Já a equipe do conservador José Antonio Kast disse que está avaliando o convite. Nesta quarta, o candidato disse: "Participei do programa há quatro anos e me diverti muito. Outros candidatos não quiseram participar. Estamos considerando a possibilidade, mas hoje estou atendendo ao primeiro pedido de Franco Parisi: ir às ruas".

No dia seguinte ao primeiro turno deste ano, Parisi instou os dois candidatos a conquistar seus mais de 2,5 milhões de eleitores "nas ruas" e disse que não era o dono dos votos.

Os eleitores do outsider serão essenciais para decidir o segundo turno, que será em 14 de dezembro. Ainda mais essenciais no caso de Jara, que saiu em primeiro no último domingo, mas tem pouco espaço de crescimento.

Segundo analistas ouvidos pelo Estadão na segunda-feira, 17, os votos recebidos por Parisi não são ideológicos, mas sim representam uma população mais cansada dos candidatos tradicionais. Com isso, eles são mais imprevisíveis, embora a tendência é que eles prefiram a direita.

"Em algumas questões relacionadas aos direitos sociais e algumas das coisas que ele propõe, se alinham mais com as ideias de Jara, mas a maior parte de seu eleitorado está interessada em outras questões que estão mais em linha com ideias da direita", explicou Federica Sanchez Staniak, cientista política pela Pontifícia Universidade Católica do Chile.

"Meu chute é que os votos dele vão pro Kast porque é muito difícil que um voto anti-establishment vá para candidata do governo, por mais que ela diga que não é candidata do governo", apostou a professora da PUC-Rio Talita Tanscheit.

Por isso, para Jara, a busca pelos eleitores do outsider é essencial. Nesta quarta, a candidata comunista divulgou o seu plano no qual "soma" as propostas apresentadas pelos demais candidatos do primeiro turno, especialmente de Parisi e de Evelyn Matthei.

"Este exercício não busca nem implica o apoio dos outros candidatos; pelo contrário, representa um exercício sincero de valorização de boas ideias, independentemente de sua origem", escreveu a candidata.

Enquanto para Kast o cenário é mais favorável e o candidato pode se dar ao luxo de recusar o convite, diferentemente da última eleição. Além de contar com mais segurança com grande parte dos votos de Parisi, o conservador deve receber quase totalmente os votos de Johannes Kaiser e Matthei, respectivamente quarto e quinto lugar. Com isso, ele já terá quase 50% dos votos necessários para vencer.

O presidente dos EUA, Donald Trump, agradeceu o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, por manter os laços próximos entre as duas nações e reafirmou o aumento do investimento saudita em Washington para US$ 1 trilhão, em discurso no Fórum de Investimentos EUA-Arábia Saudita nesta quarta-feira.

Na ocasião, o republicano mencionou que a nomeação da Arábia Saudita como a aliada mais importante fora da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é "um sinal de confiança". "A relação entre EUA e Arábia Saudita está ainda melhor porque tiramos a 'nuvem' do Irã, que era horrível e sauditas tiveram que conviver por muito tempo", alegou.

Trump defendeu que desde quando assumiu o comando da Casa Branca pela segunda vez foi o melhor período "que qualquer presidente já teve" e que é preciso continuar. Para ele, as tarifas são a melhor coisa que já aconteceu com os EUA e, por conta da política comercial adotada, as outras nações voltaram a respeitar os norte-americanos.

Sobre o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), o presidente dos EUA sugeriu "mentiras" pelo presidente do BC, Jerome Powell, e mencionou seu desejo de nomear o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, como chefe da instituição monetária. "Bessent quer continuar no Tesouro, mas o trabalho no Fed é o mais fácil possível. No caso do 'cara' Powell atual, ele dá as informações erradas porque não tem a mínima ideia de nada", disparou.