Corrupção e questões estruturais fazem o Congresso ter baixa representação feminina

Política
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O Brasil tem uma das menores taxas de presença feminina no Parlamento, com 17,7% de mulheres ocupando as cadeiras, o que reflete um cenário preocupante para a equidade de gênero na política. Durante a 9ª edição do Seminário Caminhos Contra a Corrupção, realizado pelo Estadão e o Instituto Não Aceito Corrupção (Inac), especialistas discutiram como a corrupção e outras questões estruturais obstruem as candidaturas femininas e avaliaram a eficácia das cotas de gênero.

Com mediação da repórter de Política do Estadão Bianca Gomes, a discussão contou com a participação da professora titular de Direito Penal da USP, Ana Elisa Bechara Liberatore; da líder do Comitê de Política Públicas do Grupo Mulheres do Brasil, Andreia Schroeder; e da advogada e presidente do Observatório de Candidaturas Femininas, Valéria Paes Landim.

O painel abordou o ranking mundial da presença feminina em parlamentos, conforme o relatório Women in Politics 2023, da União Interparlamentar (Inter-Parliamentary Union), que avalia a presença de mulheres em 190 países ao redor do mundo. Entre os países com maior representação feminina nos parlamentos estão Ruanda, Cuba, Nicarágua, México, Nova Zelândia e os Emirados Árabes.

Mulheres na política

"Enquanto nós estamos falando sobre colocar 30% de candidatas, nós temos uma realidade de mandatárias nos parlamentos", ressaltou Valéria, destacando o porcentual de países como Ruanda (61,3%), Cuba (53,4%), Nicarágua (51,7%) e México, Nova Zelândia e Emirados Árabes, com 50% de mulheres compondo o parlamento.

A presidente do Observatório de Candidaturas Femininas destacou a presença dos Emirados Árabes entre as cinco primeiras nações com maior número de mulheres no parlamento. "Países que, por exemplo, um dia desses liberaram suas mulheres para dirigir, que até um disse desses as mulheres para ocuparem cargos públicos elas precisavam pedir autorização para o irmão ou o marido, e que há dois anos elas puderam ir a primeira vez a uma estádio de futebol. E esse país ele possui 50% de presença de mulheres no Parlamento", disse Valéria.

Ela também mencionou que países como Senegal, Bolívia, Etiópia e Belarus, que enfrentaram problemas com os cursos eleitorais, mas ainda assim estão à frente do Brasil, com índices de representação feminina acima de 40%. O Brasil ocupa a 129ª posição, com 17,7% de presença feminina no legislativo. Em relação às cotas, Valéria enfatizou que, apesar da política de reservas, a representação feminina ainda é muito baixa. "Temos um modelo falido e obsoleto. A legislação de 1995 não evoluiu na mesma medida que a sociedade".

País elegeu 727 mulheres entre mais de 5 mil cidades

Nas eleições municipais deste ano, entre mais de 5 mil municípios do País, somente 727 serão comandados por mulheres no próximo ano, uma acréscimo de 64 prefeitas com relação a 2020, ou seja 13% das prefeituras de todo o Brasil. A professora titular de Direito Penal da USP, Ana Elisa Bechara Liberatore, ressaltou que o País ainda está muito aquém do que seria o mínimo ideal em termos de representatividade feminina.

"A questão é cultural, resultante de uma estrutura que reserva às mulheres espaços predominantemente domésticos. O campo político é um dos maiores desafios para a equidade de gênero. As mulheres, embora possam ser majoritárias em disputas, são frequentemente excluídas do espaço político, perpetuando um ciclo de desigualdade", disse.

O debate também abordou as razões pelas quais as cotas, implementadas para aumentar a presença feminina, ainda não têm sido eficazes. A líder do Comitê de Política Públicas do Grupo Mulheres do Brasil, Andreia Schroeder, explicou que a legislação que garante a reserva de vagas é frequentemente burlada por candidaturas "laranjas" ou fictícias, e a fragilidade das punições contribui para essa prática. "Mesmo com as leis em vigor, elas não funcionam se não houver um interesse político real em aplicá-las. A década de 90 trouxe avanços, mas precisamos ir além", enfatizou.

Valéria chamou a atenção para a necessidade de atualizar a legislação, afirmando que "não existe um número ideal de representação feminina. O Brasil precisa de um debate sério sobre como garantir que as mulheres tenham voz e espaço no legislativo." Ela também citou o projeto 763/21, que visa a reserva de 30% das cadeiras nos legislativos municipal, federal e estadual para mulheres, como um possível avanço nesse sentido.

O Seminário Caminhos Contra a Corrupção se consolidou como um dos principais espaços de debate nacional sobre transparência, integridade, compliance, ESG e o universo anticorrupção. Quase 80 mil pessoas acompanharam as duas últimas edições, em 2022 e 2023. Os painéis e conferências deste ano serão transmitidos ao vivo no site do Estadão.

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Um homem abriu fogo nesta segunda-feira, 28, na Park Avenue, uma das avenidas mais movimentadas de Nova York e feriu ao menos duas pessoas, um deles um policial, antes de ser abatido pela polícia. Não há informações ainda sobre as causas do ataque.

O ataque ocorreu em um prédio no centro da cidade que abriga diversas empresas de grande porte e também é sede da NFL, a liga de futebol americano.

Segundo o Corpo de Bombeiros, equipes de emergência foram acionadas por volta das 19h30 (no horário de Brasília). A polícia não forneceu informações adicionais.

O prefeito Eric Adams publicou nas redes sociais que havia uma ocorrência ativa no centro da cidade e pediu que as pessoas permanecessem em casa e tomassem precauções de segurança, se estivessem perto do local de ataque.

O sistema de alerta de gerenciamento de emergências da cidade alertou sobre atrasos no trânsito, fechamento de vias e interrupções no transporte público na área.

O vice-diretor do FBI, Dan Bongino, afirmou em uma publicação nas redes sociais que agentes e outros funcionários do departamento estavam investigando o caso.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão/Broadcast. Saiba mais em nossa Política de IA.

O senador americano Lindsey Graham, do Partido Republicano, disse que espera que países como China, Índia e Brasil estejam prestes a pagar um preço há muito merecido por sustentarem, segundo a visão do parlamentar, a "máquina de guerra de (Vladimir) Putin", referindo-se ao presidente russo.

"Entendo perfeitamente a frustração do Presidente (Donald Trump) com os ataques contínuos da Rússia à Ucrânia, o que indica que não há nenhum desejo real de chegar à mesa de negociações de paz", afirmou Graham em registro no X nesta segunda-feira, 28.

"O Congresso está pronto, de forma predominantemente bipartidária, para ajudar o presidente Trump em seus esforços para levar as partes à mesa de negociações de paz", afirmou.

Trump tem criticado o grupo dos Brics, reafirmando que o bloco tenta "acabar com a dominância do dólar". Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou à TV Record, na quinta-feira, 10, que a taxação imposta pelos Estados Unidos ao Brasil se deve à realização da última reunião dos Brics, no Rio de Janeiro, em 6 de julho.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta segunda-feira, dia 28, que os países devem aplicar com determinação a lei internacional diante de "alegações críveis" de genocídio na Faixa de Gaza.

"O calvário que os palestinos enfrentam constitui um teste ao nosso compromisso coletivo com o direito internacional, o direito humanitário e os direitos humanos. Quando confrontados com alegações críveis de genocídio, invocar o direito internacional não é suficiente. Devemos aplicá-lo com determinação", disse o chanceler do governo Luiz Inácio Lula da Silva.

Desde o início da guerra, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem sendo criticado pela comunidade judaica por sua posição no conflito e sobre Israel. Lula passou a ser considerado uma presença indesejável no país porque chegou a comparar as ações israelenses em Gaza, detonadas pelos atentados de 7 de outubro perpetrados pelo grupo terrorista Hamas, ao nazismo, o que é considerado ofensivo pelos judeus. As rusgas levaram à retirada do embaixador brasileiro em Israel. Não há previsão de substituição.

O ministro falou na mesa redonda "O Caso para a Paz: Avançando a Solução de Dois Estados por meio de Narrativas, Medidas e Direito", na sede das Nações Unidas, em Nova York.

Dias atrás, o chanceler anunciou durante entrevista à TV catari Al-Jazeera que o Brasil decidiu ingressar formalmente no processo aberto contra Israel por genocídio, proposto inicialmente pela África do Sul. O caso corre na Corte Internacional de Justiça (CIJ), vinculada à ONU, em Haia. O País ainda não formalizou a decisão de intervir no processo.

No discurso desta segunda, Vieira lembrou que o tribunal "estabeleceu diretrizes claras" aos países, que incluem "não reconhecer a situação ilegal criada pela presença de Israel no território palestino ocupado, incluindo Jerusalém Oriental; diferenciar em todas as relações com Israel entre seu território e o território palestino ocupado; abster-se de qualquer ação que possa auxiliar ou contribuir para a manutenção da ocupação e garantir o respeito ao direito do povo palestino à autodeterminação e à Quarta Convenção de Genebra".

O encontro de alto nível foi presidido pela Arábia Saudita. O Brasil copresidiu com o Senegal uma mesa de debates sobre Promoção do Respeito Ao Direito Internacional.

O chanceler do governo Lula relatou parte das discussões e enumerou uma série de medidas que os países-membros das Nações Unidas poderiam adotar imediatamente contra o governo de Israel.

Segundo ele, a discussão copresidida pelo Brasil foi orientada a responder às seguintes perguntas: "Que ações os Estados podem adotar para promover e garantir o cumprimento do direito internacional? Quais mecanismos de responsabilização podem ser ativados para abordar ações, políticas e práticas ilegais relevantes e garantir a reparação? Quais medidas preventivas podem ser tomadas contra ações unilaterais ilegais que comprometam a viabilidade da solução de dois Estados?".

Conforme o ministro, houve mais de 50 respostas de diversas "partes interessadas", que por sua vez geraram 96 propostas concretas agrupadas em cinco áreas - diplomática e política; comércio de armas; responsabilização econômica e reparação; e monitoramento. Ele enumerou, então, algumas das sugestões debatidas:

- reconhecimento do Estado da Palestina e apoio à sua admissão como membro pleno da ONU

- manutenção da distinção legal entre Israel e o território palestino ocupado

- oposição à anexação e à expansão dos assentamentos

- garantia de proteção aos trabalhadores humanitários, incluindo funcionários da UNWRA (agência da ONU para refugiados palestinos que foi acusada de ter sido "infiltrada" por terroristas do Hamas e levou à demissão de funcionários por participação nos ataques de 7 de outubro de 2023)

- apoio à sociedade civil e aos defensores dos direitos humanos

- imposição de sanções específicas contra colonos violentos

- medidas legais de retaliação a violações graves

O ministro citou que essas são "ações legais que os Estados podem tomar agora".

"A credibilidade da ordem jurídica internacional depende de sua aplicação não seletiva. O que é necessário agora é vontade política e um processo robusto de acompanhamento desta conferência. Transformemos a lei em ação e a ação em justiça e paz", instou o chanceler.