Poderes se encaminham para corrupção institucionalizada, alertam especialistas

Política
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Especialistas avaliam que a atual situação das emendas no País podem levar a sociedade a um desastre absoluto para a democracia. Em debate realizado durante o primeiro painel do 9º Seminário Caminhos Contra a Corrupção: Integridade e Transparência, nesta segunda-feira, 4, promovido pelo Estadão, eles discutiram "A jornada por transparência no orçamento público. O desafio das emendas parlamentares".

Com mediação da jornalista e colunista do Estadão e da Rádio Eldorado Eliane Cantanhêde, participaram da discussão o diretor da faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Celso Campilongo, a diretora do Instituto Não Aceito Corrupção (Inac) e professora da USP, Maria Tereza Sadek, e o advogado que atua na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) das emendas parlamentares da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Marlon Reis.

Após atuação na rede de combate a corrupção eleitoral, responsável pela viabilização da Lei da Ficha Limpa, Marlon Reis trabalhou na defesa da suspensão do chamado orçamento secreto. O advogado ingressou, a convite da Abraji, na ação contra as emendas Pix. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino. suspendeu o pagamento de emendas parlamentares, o que foi referendado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), até que sejam adotadas medidas para garantir a transparência e a fiscalização dos recursos.

Para Reis, as emendas Pix, que impossibilitam o conhecimento sobre a origem do dinheiro movimentado, é um agravamento da problemática do orçamento secreto. "O jornalista investigativo fica impedido de cumprir o seu papel, há uma barreira que torna inviável o acompanhamento desses recursos", diz o advogado, que foi complementado pela mediadora, que chamou a atenção para a consequência da dificuldade da população em ter acesso a essas informações.

A professora da USP Maria Tereza Sadek ressaltou que, com R$ 80 bilhões em emendas, houve uma ampliação da reeleição de prefeitos. Nos municípios que receberam as emendas 98% dos candidatos foram eleitos. "O caso não é só que a emenda não é transparente, mas ela provoca uma desigualdade da competição eleitoral. A questão da reeleição precisa ser analisada em função dessas emendas e das consequências que elas provocam", disse.

Os convidados também criticaram a falta de transparência no financiamento das campanhas eleitorais durante as eleições. Os presentes chamaram a atenção para o uso de laranjas, sobretudo de candidatos negros e mulheres, muitas vezes explorados pelos partidos como forma de arrecadar recursos posteriormente destinados para aqueles que possuem mais expectativas de votos.

Desequilíbrio

Maria Tereza Sadek explica que o equilíbrio entre os Três Poderes - Legislativo, Executivo e Judiciário - jamais existiu em nenhum lugar. No Brasil, a Constituição de 1988 introduziu as emendas como um recurso de força para o setor legislador, porém, com o tempo, essa medida fez com que o primeiro Poder crescesse ainda mais.

Ela considera o ano de 2015 como um marco dessa situação, pois foi quando as emendas deixaram de ser autorizativas e passaram a ser obrigatórias para o Executivo. A professora também diz que, em 2019, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o Legislativo ganhou mais força, enquanto o Executivo perdeu. "As emendas acabam com o equilíbrio entre os Poderes, pois elas não são transparentes. Não se sabe quem as recebeu, para onde elas foram aplicadas e em que situação elas foram usadas".

O diretor da USP Celso Campilongo complementou, explicando que o Estado Democrático de Direito envolve três características essenciais: o princípio da legalidade, o da transparência e o da publicidade. Porém, esses três pilares não seriam de grande utilidade se não servissem como um mecanismo de controle. "O que as emendas fazem é exatamente ferir este núcleo do Estado Democrático de Direito. O sigilo, o segredo e a falta de mecanismos para o acompanhamento criam uma confusão na relação entre os Poderes e leva a um caminho de perversão da separação", diz Campilongo.

Ao longo do de dois dias de programação, especialistas debaterão oito eixos temáticos relacionados a problemática da corrupção no âmbito público e privado. O evento conta com transmissão gratuita pelo canal oficial do Estadão no Youtube.

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Membros da Guarda Nacional do Texas foram vistos nesta terça-feira, 7, em um centro de treinamento militar em Illinois, no sinal mais claro até agora do plano do governo norte-americano Donald Trump de enviar tropas para a região de Chicago, apesar da oposição de autoridades locais e de uma ação judicial em curso. Os militares exibiam o emblema da Guarda Nacional texana.

O governador de Illinois, JB Pritzker, acusou Trump de usar as tropas como "peões" e "instrumentos políticos", enquanto o prefeito de Chicago, Brandon Johnson, criticou a falta de cooperação da Casa Branca. O Estado e a cidade processaram o governo federal, alegando que a medida faz parte de uma "guerra" declarada por Trump contra Chicago e Illinois. Um juiz deu dois dias ao governo para responder, com audiência marcada para quinta-feira.

A mobilização reacende tensões com governadores democratas. No Oregon, um juiz bloqueou o envio de tropas a Portland. Trump tem retratado as grandes cidades como "zonas de guerra" e ameaçou acionar a Lei da Insurreição, que autoriza o uso de militares da ativa em Estados que desafiam ordens federais.

Em Chicago, a presença de agentes armados da Patrulha de Fronteira e prisões em áreas latinas aumentaram o temor entre moradores. Johnson assinou uma ordem proibindo o uso de propriedades municipais em operações migratórias.

Apesar do discurso do governo, dados policiais mostram queda da criminalidade: os homicídios recuaram 31% em Chicago e 51% em Portland. Desde o início do segundo mandato, Trump já enviou ou cogitou enviar tropas a dez cidades americanas, incluindo Los Angeles e Washington. Fonte: Associated Press

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast

A crise política detonada na França pela renúncia do primeiro-ministro Sébastien Lecornu se agravou nesta terça-feira, 7, com um aumento das críticas ao presidente Emmanuel Macron dentro de seu próprio grupo político. Dois ex-premiês que serviram no gabinete do presidente o criticaram em meio à pressão para que ele convoque novas eleições legislativas ou renuncie ao cargo.

Um deles, Édouard Philippe, afirmou Macron deveria convocar eleições presidenciais antecipadas e renunciar após a Assembleia Nacional aprovar o orçamento para 2026.

Philippe, que foi o primeiro premiê de Macron depois que ele chegou ao poder em 2017, disse que o presidente francês deveria dizer "que não podemos deixar que o que temos vivido nos últimos seis meses se prolongue. Mais 18 meses é considerado tempo demais e isso prejudicaria a França".

O presidente francês também foi criticado pelo ex-primeiro-ministro Gabriel Attal, que manifestou seu descontentamento com a decisão de Macron de dissolver a Câmara dos Deputados em junho de 2024 - a raiz da crise atual.

"Como muitos franceses, não compreendo mais as decisões do presidente", disse Attal à emissora TF1 na segunda-feira, 6.

Macron já havia dito anteriormente que cumprirá seu segundo e último mandato presidencial até o fim.

Renúncia do primeiro-ministro

Depois de aceitar a demissão de Lecornu, Macron deu ao seu aliado mais 48 horas para "negociações finais" com a intenção de tentar estabilizar o país antes de decidir seus próximos passos.

Lecornu se reuniu nesta terça-feira com autoridades da chamada Socle Commun (Plataforma Comum), uma coalizão de conservadores e centristas que havia fornecido uma base de apoio, embora instável, aos primeiros-ministros de Macron antes de se desintegrar, quando Lecornu nomeou um novo gabinete na noite de domingo, 5.

O novo governo então entrou em colapso menos de 14 horas depois, quando O conservador Bruno Retailleau retirou seu apoio.

O início da crise

A turbulência política tomou conta da França há mais de um ano, a partir da dissolução da Assembleia Nacional por determinação de Macron, o que desencadeou novas eleições.

Após o avanço da extrema direita nas eleições para o Parlamento europeu, Macron calculou que a votação lhe beneficiaria diante de um temor do avanço radical.

O primeiro turno da eleição, no entanto, teve um resultado contrário e o presidente teve de se aliar à Frente Ampla de esquerda para derrotar a direita radical.

Após a vitória, no entanto, Macron se recusou a incluir a esquerda na coalizão de governo, o que fragilizou seu governo.

Repleto de oponentes de Macron, os parlamentares derrubaram seus governos minoritários, um após o outro.

*Com informações da Associated Press.

O ex-primeiro-ministro da França, Édouard Philippe, afirmou nesta terça-feira, 7, que o presidente francês, Emmanuel Macron, deveria convocar eleições presidenciais antecipadas e renunciar após a Assembleia Nacional aprovar o orçamento para 2026.

Philippe, que foi o primeiro premiê de Macron depois que ele chegou ao poder em 2017, disse que o presidente francês "deveria dizer que não podemos deixar que o que temos vivido nos últimos seis meses se prolongue. Mais 18 meses seriam tempo demais e prejudicariam a França".

Macron já havia dito anteriormente que cumprirá seu segundo e último mandato presidencial até o fim.

O presidente francês também foi criticado pelo ex-primeiro-ministro Gabriel Attal, que manifestou seu descontentamento com a decisão de Macron de dissolver a Câmara dos Deputados em junho de 2024 - a raiz da crise atual.

"Como muitos franceses, não compreendo mais as decisões do presidente", disse Attal à emissora TF1 na segunda-feira, 6.

A turbulência política tomou conta da França há mais de um ano, a partir da dissolução da Assembleia Nacional que desencadeou novas eleições. O resultado foi um Parlamento repleto de oponentes de Macron, que derrubaram seus governos minoritários, um após o outro.

Renúncia do primeiro-ministro

A última crise começou com a renúncia, na segunda-feira, 6, do primeiro-ministro Sébastien Lecornu - o quarto primeiro-ministro de Macron desde a dissolução, depois de Attal, Michel Barnier e François Bayrou.

Depois de aceitar a demissão de Lecornu, Macron deu ao seu aliado mais 48 horas para "negociações finais" com a intenção de tentar estabilizar o país antes de decidir seus próximos passos.

Lecornu se reuniu nesta terça-feira com autoridades da chamada Socle Commun (Plataforma Comum), uma coalizão de conservadores e centristas que havia fornecido uma base de apoio, embora instável, aos primeiros-ministros de Macron antes de se desintegrar, quando Lecornu nomeou um novo gabinete na noite de domingo, 5.

O novo governo então entrou em colapso menos de 14 horas depois, quando O conservador Bruno Retailleau retirou seu apoio.

*Com informações da Associated Press