STF/Gilmar diz que 'tudo indica' participação de militares de alta patente em plano golpista

Política
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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que há indícios de participação de militares de alta patente no plano de golpe com o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes em 2022. A operação foi relevada pela Polícia Federal (PF). "Tudo indica que tinha pessoas de mais elevada patente participando desse complô, dessa iniciativa que é extremamente danosa para a democracia", disse o ministro em entrevista à Globo News na tarde desta terça-feira, 19.

"O fato de hoje, que está nas manchetes, é extremamente grave porque envolve participantes das Forças Armadas. Esse é um dado cuja visão a gente não deve perder", declarou.

Gilmar também avaliou que "não se trata de mera cogitação, estamos já em um plano de preparação e execução (do crime)". Ele disse que a legislação é severa no que diz respeito a crimes contra a segurança nacional e que "não se pode banalizar" o plano golpista dos militares.

'É incogitável se falar em anistia'

O ministro afirmou que "é incogitável" defender a anistia de envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro na atual situação do País. "É incogitável se falar em anistia nesse quadro, acho que seria até irresponsável. Tenho vários interlocutores no meio político e não me parece que faça qualquer sentido, antes mesmo de termos uma denúncia, se falar em anistia".

O decano do Supremo também disse ver "intenções mais amplas" na defesa que bolsonaristas fazem pela anistia aos condenados pelo 8/1. "Todos sabem o que fizeram no sábado passado, e a partir daí, fazem um tipo de avaliação. Inicialmente usam o argumento de que há sobrepena para as pessoas. Mas na verdade acho que tem intenções mais amplas", avaliou. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um dos investigados por suposta incitação à depredação das sedes dos Três Poderes.

'Temos encontro marcado com revisão da Lei Antiterrorismo'

Mendes disse que a Corte tem um "encontro marcado com eventual revisão" da Lei Antiterrorismo. Ele foi questionado na mesma ocasião sobre a necessidade de adequar a lei para abarcar crimes por motivação política, como o atentado do homem-bomba na semana passada.

A Lei Antiterrorismo, sancionada em março de 2016, define como "terroristas" os atos cometidos com o objetivo de "provocar terror social ou generalizado". Estão tipificadas as ações motivadas por "xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião". O rol de motivações não contempla fatores "políticos".

Gilmar também voltou a defender a desmilitarização da vida civil, como a proibição de militares em cargos políticos. "Essas propostas, de alguma forma, morreram", afirmou. "Temos que discutir tanto a modernização da legislação, fazendo aportes mais gravosos, como também temos que prosseguir nesse trabalho de fortalecermos a democracia e de diminuirmos a participação de militares na política de forma geral".

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O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou a indicação do CEO da Cantor Fitzgerald, Howard Lutnick, ao cargo de secretário do Comércio. Para ser concretizada, a nomeação depende de aprovação do Senado.

Desde a eleição, há duas semanas, Lutnick vinha sendo ventilado como possível nome à chefia do Departamento do Tesouro. Nos últimos dias, no entanto, a imprensa americana relatava que outros cotados ganharam mais força e superaram Lutnick na corrida pelo cargo, entre eles o ex-dirigente do Fed Kevin Warsh.

Se aprovado, Lutnick substituirá Gina Raimondo no comando da pasta responsável pela definição da política comercial da maior economia do planeta. O posto tende a assumir posição central na agenda de Trump, que promete impor uma postura protecionista não só com rivais como a China, mas também com parceiros históricos como México e Europa.

O presidente da China, Xi Jinping, foi recebido em Brasília nesta terça-feira, 19, pelos ministros Rui Costa (Casa Civil), Ricardo Lewandowski (Justiça) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais). O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva ainda está no Rio de Janeiro, onde participou das atividades da cúpula do G20.

Xi Jinping pousou em Brasília às 15h44 e deixou a Base Aérea por volta das 16h10, de acordo com a Casa Civil. As atividades da visita de Estado do chinês estão marcadas para a quarta-feira, 20. Ele encontrará Lula no Palácio da Alvorada e também terá um jantar no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores.

Lula deve retornar a Brasília ainda nesta terça-feira. O petista realiza as últimas reuniões bilaterais com líderes estrangeiros depois do encerramento das atividades do G20.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcou uma visita de Estado ao Japão para março de 2025. A viagem foi acertada em conversa com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba em uma reunião bilateral na tarde desta terça-feira, 19, após o fim do encontro de cúpula do G20, no Rio.

Foi o primeiro encontro entre os dois, já que o chefe de governo japonês assumiu o cargo em outubro de 2024.

Lula e Ishiba marcaram uma visita de Estado do presidente brasileiro ao Japão em março do ano que vem, acompanhado de uma comitiva empresarial. Visita de Estado, no jargão diplomático, é a de mais alto nível entre dois países.

Entre os participantes da reunião, do lado brasileiro, estavam os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Carlos Fávaro (Agricultura).

Além da viagem presidencial, Lula e Ishiba conversaram sobre carros híbridos e movidos a hidrogênio, e trataram de cooperação na área de agricultura e indústria, além de financiamentos para o setor agrícola brasileiro, de acordo com um comunicado.