Câmara retoma 50% de emendas de comissão para Saúde e faz acordo com governo sobre bloqueio

Política
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A Câmara retomou nesta terça-feira, 19, a aplicação de no mínimo 50% das emendas de comissão para a área da Saúde. Essa obrigatoriedade havia sido retirada pelo Senado do projeto de lei complementar que estabelece novas regras para a envio dos recursos, mas os deputados rejeitaram a decisão dos senadores em votação no plenário.

A proposta legislativa vai agora para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com o projeto, deputados e senadores tentam convencer o Supremo Tribunal Federal (STF) a liberar a execução das emendas. O repasse desses recursos está suspenso desde agosto, quando o ministro Flávio Dino determinou que o Congresso e o governo dessem mais transparência e rastreabilidade para o envio das verbas aos municípios.

O relator na Câmara, Elmar Nascimento (União-BA), considerou que retirar a obrigatoriedade do envio de pelo menos 50% das emendas de comissão para ações de Saúde iria "no sentido contrário do inegável mérito e da crescente demanda de recursos para aprimoramento e expansão" da área.

A possibilidade de o governo bloquear emendas parlamentares continuou fora do projeto. Mas, segundo apurou o Broadcast Político, há um acordo com o Palácio do Planalto para que esse tema tramite em uma proposta separada. A ideia é estabelecer um bloqueio de 15% proporcional ao bloqueio das despesas discricionárias do Executivo.

O projeto inicial, apresentado pelo deputado Rubens Pereira Jr. (PT-MA), autorizava o bloqueio de dotações de emendas parlamentares até a mesma proporção aplicada às demais despesas discricionárias, mas esse item entrou e saiu do texto várias vezes. A versão que irá para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve prever apenas o contingenciamento de emendas.

O contingenciamento de recursos do Orçamento da União é feito quando há frustração de receitas na arrecadação federal. Já o bloqueio é necessário quando a despesa sobe acima do permitido pelas regras fiscais. O bloqueio é mais difícil de ser revertido e acontece com mais frequência. Por isso, o Congresso tenta evitá-lo no caso das emendas.

Os deputados também reduziram de 10 para 8 o número de emendas de bancada que poderão ser indicadas pelos parlamentares de cada Estado. "A ampliação do número de emendas poderia ser interpretada como uma extrapolação dos termos acordados com os outros Poderes", justificou Elmar.

A decisão de Dino de bloquear as emendas abriu uma crise entre os Poderes e, desde então, representantes do Legislativo, Executivo e Judiciário têm negociado uma saída. Parte do Congresso viu a digital do governo na ação do magistrado, que foi indicado à Corte por Lula e ocupou o cargo de ministro da Justiça no governo.

Emendas parlamentares são recursos no Orçamento da União que podem ser direcionados pelos deputados e senadores a seus redutos eleitorais. Hoje, existem três modalidades: as emendas individuais, a que cada deputado e senador tem direito, as de bancada estadual e as de comissão. As duas primeiras são impositivas, ou seja, o pagamento é obrigatório, embora o governo controle o ritmo da liberação.

A cada ano, os parlamentares têm atuado para aumentar o valor das emendas no Orçamento. No entanto, um dos dispositivos incluídos no texto, após negociação com a Casa Civil, é a aplicação de um "teto" para o crescimento das emendas impositivas com base nas regras do arcabouço fiscal.

Emendas de comissão

As emendas de comissão são hoje a principal barganha política no Congresso e são controladas pela cúpula do Legislativo. São as sucessoras do orçamento secreto - esquema de distribuição das antigas emendas de relator sem transparência, revelado pelo Estadão e considerado inconstitucional pelo STF.

Para descentralizar o poder sobre as emendas de comissão, o texto prevê que cada colegiado receberá as propostas de indicação dos líderes partidários, que deverão ser votadas pelos membros das comissões.

Emendas Pix

O projeto prevê que, em relação às emendas individuais via transferência especial, as chamadas "emendas Pix", o autor deverá informar o objeto e o valor da transferência, com destinação preferencial para obras inacabadas.

O beneficiário deverá indicar a agência bancária e a conta-corrente específica em que os recursos serão depositados. Os dados devem ser divulgados no Transferegov.br. O governo estadual ou a prefeitura que for responsável pelo recebimento do recurso deve comunicar ao respectivo Poder Legislativo e ao Tribunal de Contas da União (TCU), em 30 dias, o valor do recurso, o respectivo plano de trabalho e o cronograma de execução.

Caso haja inconsistências no plano de trabalho, os órgãos de fiscalização poderão determinar adequações. As "emendas Pix" destinadas a calamidades ou emergências terão prioridade para execução.

Emendas de bancada

A proposta define que as emendas de bancada estadual - oito por bancada - só poderão ser destinadas a projetos e ações estruturantes nos Estados. Essa era uma demanda do governo, que pretende atrelar o envio dos recursos a obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O Palácio do Planalto avalia que nos últimos anos o Congresso ganhou poder e autonomia excessivos sobre a destinação das emendas ao Orçamento.

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O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, disse nesta terça-feira, 19, que seu país pretende seguir participando da discussão sobre a taxação dos super-ricos, mas que ainda há dúvidas sobre como calcular e avaliar os ativos.

Ishiba lembrou que a proposta apresentada pelo Brasil em sua presidência no G20 parte do ponto de vista de uma correção da desigualdade de renda através do fortalecimento da tributação progressiva e também da tributação dos super-ricos.

"Em relação à tributação global para o super-ricos, e os ativos desses super-ricos, como é que nós vamos calcular, obter, entender isso? Ou avaliar isso? Nesse ponto, há várias opiniões que estão sendo discutidas. Em termos de Japão, gostaríamos de continuar participando e contribuindo para essa discussão internacional", disse Ishiba em entrevista coletiva a jornalistas, após participar da cúpula de líderes do G20, no Rio de Janeiro.

O primeiro-ministro lembrou as discussões no G20 sobre a necessidade de cooperação entre os países do grupo para dar soluções a problemas globais. Ishiba contou ter expressado o interesse do Japão "em participar ativamente" da Aliança Global contra a Fome proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acrescentando que sugeriu uma governança compartilhada da iniciativa, incluída no comunicado dos líderes.

Segundo ele, o Japão teve "discussões francas" para construir e aprofundar relações com diferentes líderes globais, incluindo o presidente da China, Xi Jinping. O primeiro-ministro reforçou sua preocupação com a questão da segurança do Japão e a manutenção da paz na região, mencionando novos testes de mísseis balísticos pela Coreia do Norte no mês passado. "A situação está cada vez mais grave", declarou o japonês.

Ishiba mencionou também as guerras no Oriente Médio e na Ucrânia, além de criticar o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) diante das tensões atuais. "No G20, apontei a incapacidade do atual Conselho de Segurança da ONU de enfrentar esses desafios, e enfatizei a necessidade de reforma", defendeu. "A invasão russa contra a Ucrânia deve ser interrompida, e uma paz justa e duradoura na Ucrânia deve ser retomada o mais rápido possível", declarou.

Questionado sobre sua posição em relação ao governo do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, Ishiba disse que espera chegar a uma relação de cooperação com o americano. "Pretendo fazer esse tipo de esforço", disse.

Segundo ele, os dois países têm um histórico de conseguir manter a paz na região do Indo-Pacífico, portanto, devem intensificar essa colaboração. A intenção do japonês seria aguardar as políticas adotadas pelo próximo governo norte-americano, para que possam ser avaliadas, indicando assim um possível caminho para uma relação de cooperação. "Os dois países devem cooperar entre si, isso sim vai proteger os interesses japoneses e também os interesses norte-americanos", declarou.

O ministro da defesa da Alemanha, Boris Pistorius, disse, nesta terça-feira, 19, que as autoridades devem presumir que os danos a dois cabos de dados sob o Mar Báltico, um dos quais termina na Alemanha, foram causados por sabotagem - embora afirmando que não há provas até o momento.

Foram detectados nesta segunda, 18, danos no cabo C-Lion1, que percorre cerca de 1.200 quilômetros (750 milhas) da capital da Finlândia, Helsinque, até a cidade portuária alemã de Rostock. Outro cabo entre a Lituânia e a Suécia também foi danificado.

Em discurso em Bruxelas, Pistorius declarou que a Rússia representa uma ameaça militar e que a Europa precisa adotar uma abordagem ampla de defesa. Ele disse que o dano aos dois cabos era "um sinal muito claro de que algo está acontecendo".

"Temos que afirmar - sem saber concretamente de quem veio - que se trata de uma ação híbrida. E também temos que presumir - sem já saber, obviamente - que se trata de sabotagem", explicou Pistorius.

Hoje, a polícia sueca iniciou uma investigação preliminar sobre a suspeita de sabotagem em relação às duas violações de cabos, embora tenha dito que a classificação do crime suspeito "pode mudar".

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, escolheu a celebridade televisiva e guru da saúde Dr. Mehmet Oz como administrador dos programas Medicare e Medicaid, anunciou o republicano nesta terça-feira, 19.

"Conheço o Dr. Oz há muitos anos e estou confiante de que ele lutará para garantir que todos nos EUA recebam os melhores cuidados de saúde possíveis, para que o nosso país possa ser grande e saudável novamente!", escreveu Trump.

Oz é mais conhecido por seu popular talk show diurno, The Dr. Oz Show, que foi ao ar de 2009 até o início de 2022. Inicialmente, o médico alcançou a fama como um convidado frequente no The Oprah Winfrey Show.

No início da pandemia, em 2020, ele falou favoravelmente sobre o uso da hidroxicloroquina, um remédio usado na prevenção e tratamento de malária, para o coronavírus. Trump, que era presidente na época, disse que também começou a tomar o medicamento. A Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) permitiu, por um breve período, uso emergencial da droga até junho de 2020.

Mais recentemente, o Dr. Oz concorreu sem sucesso ao Senado dos EUA na Pensilvânia, perdendo para o democrata John Fetterman. Trump endossou a candidatura de Oz.

Os orçamentos do Medicare e do Medicaid serão provavelmente examinados de perto pela próxima administração, que pretende cortar trilhões de dólares do orçamento do governo federal. No ano fiscal de 2024, os programas representaram US$ 870 bilhões e US$ 618 bilhões em despesas, respectivamente, de um total de US$ 6,75 bilhões em despesas.