'O 01 sabe disso?, questionou militar sobre carta golpista; 'sabe', respondeu Mauro Cid

Política
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A Polícia Federal afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha "conhecimento e anuência" sobre a confecção e disseminação de uma carta com teor golpista assinada por oficiais do Exército. A carta seria "uma estratégia para incitar os militares e pressionar o Comando do Exército a aderir a ruptura institucional".

A informação surgiu a partir de um diálogo entre o tenente-coronel do Exército Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, no dia 26 de novembro de 2022, quando os militares ainda ajustavam o teor e a forma de divulgação da carta golpista.

"01 sabe disso?", questionou Cavaliere. 'Sabe', respondeu Mauro Cid.

O inquérito da Operação Contragolpe culminou no indiciamento de Bolsonaro e mais 36 investigados por golpe de Estado, abolição violenta do Estado de Direito e organização criminosa. Nesta terça, 26, o ministro Alexandre de Moraes enviou os autos para a Procuradoria-Geral da República.

Segundo a PF, os elementos de prova demonstram que os militares, com formação em Forças Especiais do Exército, reuniram-se no dia 28 de novembro de 2022, em Brasília, "com a finalidade de planejar e executar ações voltadas a incitar as Forças Armadas, recrudescer as manifestações que aconteciam em frente às instalações militares e pressionar o então comandante do Exército, general Freire Gomes e o Alto Comando, a aderirem ao Golpe de Estado".

"Os integrantes da organização criminosa buscavam obter o suporte do braço armado do Estado para que o então presidente da República assinasse o decreto golpista, mantendo-se no poder, sem oposição dos poderes constituídos, especialmente do poder Judiciário", assinala a PF no relatório final do inquérito da Operação Contragolpe, documento de 884 páginas.

A carta do golpe circulou nos quartéis sob o título 'carta dos oficiais superiores ao comandante do Exército brasileiro'. Em outra frente os investigados atuaram para pressionar o então comandante militar do Nordeste, o então comandante militar do Sudeste, e o então comandante do Estado Maior do Exército.

A execução das ações foi definida em uma reunião no dia 28 de novembro de 2022 com coronéis.

"Os investigados, ao concluírem a reunião, estabeleceram as ações que deveriam adotar (ideias-força), especialmente no campo informacional com o fim de estabelecer uma relação de confiança entre o então comandante do Exército e o presidente Jair Bolsonaro, para garantir o êxito das ações que subverteriam o Estado Democrático de Direito", aponta o relatório da PF.

Segundo o documento, os alvos da investigação "identificaram a necessidade de neutralizar o ministro Alexandre de Moraes, considerando o 'ponto de gravidade', a resistência, que poderia impedir a consumação do intento golpista".

Em agosto, o Exército concluiu o inquérito sobre a carta, apontando os autores do documento. Foi verificada a participação de 12 coronéis, nove tenentes-coronéis, um major, três tenentes e um sargento na carta. Os responsáveis pela redação são os coroneis Alexandre Castilho Bitencourt da Silva e Anderson Lima de Moura Carlos Giovani Delevati Pasini e José Otávio Machado Rezo Cardoso. Outros 11 militares, mesmo com o nome na carta, deram explicações consideradas suficientes por seus superiores e, por isso, não sofreram nenhuma punição.

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O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, voltou a defender nesta terça-feira, 26, a colonização da Faixa de Gaza após a guerra. Em um evento organizado por colonos na Cisjordânia ocupada, Smotrich afirmou que Israel deveria "conquistar" Gaza e reduzir pela metade a população palestina.

"Podemos e devemos conquistar a Faixa de Gaza, não devemos ter medo desta palavra", declarou o ministro, que é colono na Cisjordânia. Ele participava do simpósio do Conselho Yesha, que representa o movimento colonialista de Israel.

Segundo Smotrich, Israel tem a "oportunidade única" de avançar com esse plano por causa da vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos. "Existe, na minha opinião, uma oportunidade única que se abre com o novo governo (Trump)", disse.

Podemos criar uma situação em que, dentro de dois anos, a população de Gaza será reduzida pela metade", acrescentou.

Quando o retorno do republicano à Casa Branca foi confirmado, no dia 6, Smotrich também falou abertamente sobre planos de colonização. Ele é líder do Partido Sionista Religioso, que dá sustentação ao governo de Netanyahu. O partido é de extrema direita.

As declarações acontecem enquanto o norte da Faixa de Gaza está cada vez mais isolado pelas forças militares israelenses, que retornaram à região em outubro com a justificativa de acabar com células do grupo terrorista Hamas. O isolamento praticamente pôs fim à ajuda humanitária e organizações em defesa dos direitos humanos denunciam o aumento da fome.

As operações de Israel na região são acompanhadas de ordens de retiradas dos civis, que não têm para onde ir depois de um ano de guerra que destruiu todas as regiões de Gaza. No centro e no sul, apesar da situação de fome ser menor, algumas famílias palestinas relatam comer apenas uma vez por dia.

Segundo os jornais israelenses, autoridades de Israel consideram planos de assumir a distribuição de ajuda humanitária ou contratar empresas privadas depois de cortar laços com organizações que atuam na Faixa de Gaza, mais notadamente a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa). Questionado sobre isso no dia 20, o porta-voz do governo David Mercer disse que "Israel está buscando muitas soluções criativas para garantir um futuro melhor para Gaza."

O ex-ministro da defesa Yoav Gallant, demitido este mês, disse no seu perfil do X que entregar a ajuda humanitária a empresas privadas ou aos militares seria "eufemismo para o início do regime militar" na Faixa de Gaza.

Hoje, a ONU estima que há 2,3 milhões de habitantes na Faixa de Gaza. Cerca de 44 mil foram mortos em 415 dias de guerra, 104 foram feridas e 11 mil estão desaparecidas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Israel continua com os ataques na região e um bombardeio contra uma escola na Cidade de Gaza nesta terça-feira matou 11 pessoas e deixou outras 30 feridas.

As negociações para um cessar-fogo para libertação de reféns do Hamas e fim dos conflitos na Faixa de Gaza seguem suspensas. Na outra frente de guerra, Israel discute uma possibilidade de trégua no Líbano. /COM AFP E AP

Os presidentes de Estados Unidos, Joe Biden, e França, Emmanuel Macron, afirmaram que os dois países trabalharão conjuntamente para assegurar o cumprimento do acordo de cessar-fogo firmado entre Israel e o Líbano.

"O anúncio de hoje irá cessar os combates no Líbano e proteger Israel da ameaça do Hezbollah e de outras organizações terroristas que operam a partir do Líbano", afirmam, em comunicado conjunto divulgado nesta terça, 26.

Biden e Macron se disseram empenhados em evitar que o conflito se converta em um novo ciclo de violência na região. "Os Estados Unidos e a França também se comprometem a liderar e apoiar os esforços internacionais para o reforço da capacidade das Forças Armadas Libanesas, bem como o desenvolvimento econômico em todo o Líbano, para promover a estabilidade e a prosperidade na região", ressaltam.

A Agência Meteorológica do Japão informou que um terremoto de magnitude 6,4 atingiu a costa oeste da Península de Noto a uma profundidade de 10 quilômetros, mas que não há perigo de tsunami. O USGS colocou a magnitude em 6,1.

A televisão pública NHK disse que nenhuma anormalidade foi relatada nesta terça-feira em uma usina nuclear na ponta norte da Península de Noto.

Dois reatores ociosos na usina nuclear de Shika sofreram danos menores, embora não tenha havido vazamento de radiação - reacendendo a preocupação sobre a segurança nuclear e a resposta de emergência na região.

Não houve relatos imediatos de feridos ou danos.

A região de Noto ainda se recupera de um terremoto mortal no início deste ano, que matou mais de 370 pessoas e danificou estradas e outras infraestruturas. Fonte: Associated Press