PF: Bolsonaro 'planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva'

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A Polícia Federal (PF) concluiu no relatório final da investigação sobre uma tentativa de ruptura institucional durante o governo Jair Bolsonaro que ficou demonstrado, "de forma inequívoca", que o ex-presidente "planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um golpe de Estado e da abolição do estado democrático de direito". Segundo os investigadores, o golpe não se consumou em razão de "circunstâncias alheias à vontade" de Bolsonaro.

 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou nesta terça-feira, 26, à Procuradoria-Geral da República (PGR) o relatório de 884 páginas em que a PF enquadrou o ex-presidente e mais 36 investigados, entre ex-ministros, assessores, aliados e militares de alta patente. Moraes determinou o fim do sigilo do inquérito que envolve as operações Tempus Veritatis e Contragolpe - que relata, inclusive, um plano de assassinato, no fim de 2022, do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, de seu vice Geraldo Alckmin e do próprio ministro do STF.

 

Segundo o inquérito, a organização criminosa ligada a Bolsonaro "criou, desenvolveu e disseminou", desde 2019, uma narrativa inverídica de fraude às urnas para "sedimentar na população a falsa realidade de fraude eleitoral para posteriormente a narrativa atingir dois objetivos". Inicialmente, "não ser interpretada como um possível ato casuístico em caso de derrota eleitoral". "E, segundo e mais relevante, ser utilizada como fundamento para os atos que se sucederam após a derrota do então candidato Jair Bolsonaro no pleito de 2022."

 

A PF crava que Bolsonaro, com apoio de um núcleo jurídico, elaborou um decreto que previa uma ruptura institucional, "impedindo a posse do governo legitimamente eleito, estabelecendo a decretação do Estado de Defesa no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral". O documento cita ainda a criação da Comissão de Regularidade Eleitoral para apurar a "conformidade e legalidade do processo eleitoral".

 

Fundamento

 

Para o grupo liderado por Bolsonaro, diz a PF no documento, a assinatura do decreto serviria como base legal e fundamento jurídico para o golpe de Estado. "Há também nos autos relevantes e robustos elementos de prova que demonstram que o planejamento e o andamento dos atos eram reportados a Jair Bolsonaro, diretamente ou por intermédio de Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro)", sustenta a investigação policial.

 

"Evidências colhidas, tais como os registros de entrada e saída de visitantes do Palácio do Alvorada, conteúdo de diálogos entre interlocutores de seu núcleo próximo, análise de ERBs (torres de celular), datas e locais de reuniões, indicam que Jair Bolsonaro tinha pleno conhecimento do planejamento operacional (Punhal Verde e Amarelo - que previa o assassinado de Lula, de seu vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre Moraes), bem como das ações clandestinas praticadas sob o codinome Copa 2022 (ação clandestina que previa a prisão/execução de Moraes)."

 

Fuga

 

De acordo com a PF, aliados do ex-presidente elaboraram um plano detalhado para garantir sua fuga caso o golpe de Estado planejado após as eleições de 2022 fracassasse. O esquema, inicialmente discutido após as manifestações de 7 de setembro de 2021, incluía estratégias militares, ocupação de locais como os Palácios do Planalto e Alvorada e apoio logístico das Forças Armadas, com o objetivo de proteger Bolsonaro e garantir sua retirada para um local seguro fora do País.

 

Os atos do Dia da Independência daquele ano foram realizados em Brasília e São Paulo, onde Bolsonaro fez ameaças diretas ao STF e questionou a legitimidade do sistema eleitoral. Durante as manifestações, o então presidente afirmou que não participaria de uma "farsa" eleitoral e insinuou a possibilidade de uma ruptura institucional. As declarações impulsionaram a elaboração de estratégias para garantir sua fuga caso seus planos de reverter o resultado eleitoral fracassassem, afirma a PF.

 

Entre os detalhes, consta a previsão de ocupar instalações estratégicas como os Palácios do Planalto e Alvorada, transformando esses locais em zonas de proteção temporária. O documento da PF relata que o plano de fuga, inicialmente elaborado em 2021, foi adaptado no final de 2022, após o fracasso da tentativa de golpe de Estado. Sem o apoio necessário das Forças Armadas para impedir a posse do governo eleito, Bolsonaro deixou o Brasil no dia 30 de dezembro de 2022, dois dias antes do término de seu mandato.

 

Conforme os investigadores, a saída para os Estados Unidos tinha como objetivo evitar uma possível prisão e acompanhar à distância os desdobramentos dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

 

Mensagens recuperadas pela PF indicam que aliados do ex-presidente continuaram mobilizados até janeiro de 2023, mesmo após a posse de Lula para conseguir a adesão do Exército ao plano de golpe. A investigação afirma que o ex-presidente tinha "conhecimento e anuência" sobre a confecção e disseminação de uma carta com teor golpista assinada por oficiais do Exército - "uma estratégia para incitar os militares e pressionar o Comando do Exército a aderir a ruptura institucional".

 

É citado um diálogo entre o tenente-coronel do Exército Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, no dia 26 de novembro de 2022, quando os militares ainda ajustavam o teor e a forma de divulgação da carta. "01 sabe disso?", questionou Cavaliere. "'Sabe'", respondeu Mauro Cid.

 

Segundo a PF, os militares, com formação em Forças Especiais do Exército, tentaram no fim de 2022 pressionar o então comandante do Exército, general Freire Gomes e o Alto Comando, a aderirem ao golpe de Estado".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

Israel lançou o que chamou de "uma grande operação antiterrorismo" na Cisjordânia, expandindo sua campanha contra a militância no território palestino após mais de 15 meses de guerra em Gaza. As forças israelenses do exército, da polícia e do serviço de segurança interna iniciaram a operação no campo de refugiados da cidade de Jenin, na Cisjordânia, com ataques de drones e invasão do local com veículos blindados leves, segundo declarações e imagens divulgadas pelo exército de Israel.

O Ministério da Saúde palestino disse que 10 pessoas foram mortas pelas forças israelenses em Jenin, todas com idades entre 16 e 57 anos.

Israel afirmou nesta quarta-feira que havia matado 10 militantes desde o início da operação.

Embora as forças israelenses tenham operado com frequência na Cisjordânia durante a guerra em Gaza, o local permaneceu como palco secundário, com a presença israelense reduzida entre as frentes primárias do Hamas, em Gaza, e do Hezbollah, no Líbano.

"Essa é uma etapa adicional para atingir o objetivo que estabelecemos de reforçar a segurança na Judeia e Samaria", disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, usando o termo oficial de Israel para a Cisjordânia.

O Hamas já conclamou os palestinos a aumentarem os ataques contra os israelenses na região. Fonte: Dow Jones Newswires.

O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, congelou muitas comunicações de agências federais de saúde com o público até pelo menos o final do mês.

Em um memorando obtido pela AP, a secretária interina do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, Dorothy Fink, disse aos líderes da equipe da agência nesta terça-feira, 21, que uma "pausa imediata" havia sido ordenada em - entre outras coisas - regulamentações, orientações, anúncios, comunicados à imprensa, postagens em mídias sociais e postagens em sites até que tais comunicações fossem aprovadas por um indicado político.

A pausa também se aplica a qualquer coisa que se pretenda publicar no Federal Register, onde o poder executivo comunica regras e regulamentos, e no Morbidity and Mortality Weekly Report, uma publicação científica dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças.

A pausa está em vigor até 1º de fevereiro, disse o memorando. As agências sujeitas à diretiva do HHS incluem o CDC, os Institutos Nacionais de Saúde e a Food and Drug Administration - entidades que combatem epidemias, protegem o suprimento de alimentos do país e buscam curas para doenças.

Após o anúncio de Donald Trump sobre um projeto de infraestrutura em inteligência artificial (IA) em parceria com empresas privadas, Elon Musk questionou a viabilidade da iniciativa em seu perfil no X. "Elas não têm realmente o dinheiro", escreveu o CEO da Tesla, em referência às companhias envolvidas na joint venture. Em outro post, Musk afirmou que "o SoftBank tem bem menos de US$ 10 bilhões garantidos. Tenho isso de uma fonte confiável".

O projeto, denominado Stargate, envolve a OpenAI, o SoftBank Group e a Oracle. No entanto, as empresas ainda não detalharam quanto cada uma contribuirá financeiramente ou como os recursos serão levantados.

Segundo o Wall Street Journal, o SoftBank planeja captar dívidas de terceiros para financiar a iniciativa, enquanto a OpenAI e a Oracle enfrentam dificuldades financeiras. A OpenAI, apesar de ter arrecadado bilhões de dólares, ainda registra prejuízo. A Oracle possui cerca de US$ 11 bilhões em caixa, mas também acumula dívidas significativas. Já o SoftBank dispõe de aproximadamente US$ 30 bilhões em dinheiro.

Os comentários de Musk destacam a rivalidade histórica com Sam Altman, CEO da OpenAI, a quem Musk já descreveu como líder de uma "górgona que paralisa o mercado". As críticas também representam a primeira vez que Musk questiona publicamente um projeto liderado por Trump desde que assumiu o comando do Departamento de Eficiência Governamental (DoGE), órgão responsável por cortes no orçamento federal.