Agenda de Heleno revela espionagem da Abin contra petistas e estratégias contra urnas

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
A Polícia Federal apreendeu uma agenda na casa do general Augusto Heleno que revelaria o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para a espionagem de petistas e planeja a disseminação de notícias falsas sobre as urnas eletrônicas. Entre os petistas vigiados pela ABIN estava o ex-deputado Vicente Cândido.

Na mesma página, Heleno anotou os nomes do advogado José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça do governo de Dilma Rousseff, e do então deputado federal Alexandre Padilha, atual ministro das Relações Institucionais. O documento foi apreendido pelos policiais durante a Operação Tempus Veritatis, em fevereiro.

Chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo Bolsonaro, Heleno tinha sob seu comando a Abin. Ele também monitorava ações da Polícia Federal que pudessem atingir o governo, segundo o relatório do inquérito do golpe. O ex-ministro foi um dos 37 indiciados no inquérito pela PF sob as acusações de tentativa de abolição do estado democrático de direito, golpe de estado e organização criminosa.

A reportagem não conseguiu localizar sua defesa. Em depoimentos anteriores, Heleno sempre negou a tentativa de golpe ou uso ilegal da Abin.

Os federais escreveram no relatório que as anotações evidenciaram "as ações articuladas entre o então ministro do GSI, Augusto Heleno e a Agência Brasileira de Inteligência - ABIN no interesse do grupo criminoso". O manuscrito de Heleno dizia: "Vicente Cândido (ex-deputado PT). É o novo Vaccari. ABIN está de olho nele". "Além disso, descreve, nas palavras do investigado que a "PF preparando uma sacanagem grande", possivelmente se referindo à Polícia Federal", afirmam os investigadores.

A alusão a João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT preso durante a Operação Lava Jato, indica que Heleno e a Abin queriam provas para incriminar os petistas e colocaram o aparelho do estado à serviço dos interesses pessoais do grupo de Bolsonaro. De acordo com a PF, outros documentos foram apreendidos na residência de Heleno.

Papéis sobre supostas fraudes nas urnas eletrônicas

Eles descreveriam supostas" inconsistências e vulnerabilidades nas urnas eletrônicas, servindo de subsídio para a propagação de informações falsas sobre o sistema de votação, linha de atuação do grupo investigado". O primeiro desses documentos foi intitulado "Relatório de Análise de Urna Eletrônica (2016)".

Segundo a PF, ele trazia quatro argumentos que questionariam a impossibilidade de "auditar de forma satisfatória" o processo de votação e contabilização dos votos, afirmando que as chaves de criptografia não seriam bem protegidas, o que possibilitaria a terceiros extrair chaves do sistema de arquivos, quebrar os códigos e obter as chaves privadas dentro do sistema de arquivos.

Em outro momento, ao analisar a agenda do general, os federais também acharam anotações que evidenciariam "o objetivo da organização criminosa em disseminar ataques ao sistema eletrônico de votação". Em uma delas, havia um registro de uma "reunião de diretrizes estratégicas" e a necessidade de "estabelecer um discurso sobre urnas eletrônicas e votações". E concluía: "É válido continuar a criticar a urna eletrônica".

Heleno fez outras anotações sobre supostas fraudes no sistema eletrônico de votação e transmissão de dados dos votos. São utilizadas as seguintes frases: "FRAUDES PRÉ PROGRAMADAS ", "MECANISMO USADO PARA FRAUDAR ", "ESCRITÓRIO VENDE ALGORÍTMOS ", "TSE - 1 alimenta" e "9 MILHÕES DE VOTOS ELEITORES". Os federais então concluem: "Diante do exposto, os elementos probatórios demonstram, portanto, que a estratégia foi realizada pela organização criminosa, para propiciar a subversão ao Estado Democrático de Direito."

A tentativa de provar ligações criminosas de petistas foi a mesma linha exposta na reunião de 5 de julho de 20223, na qual o então ministro da Justiça, Anderson Torres, fez, segundo a PF, "imputações graves, relacionando a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) ao Partido dos Trabalhadores (PT), afirmando que muita coisa estaria vindo à tona, inclusive com depoimentos. De forma enfática diz: "Isso não é mentira. Isso não é mentira".

Por fim, o então Ministro da Justiça afirma que atuaria de forma mais incisiva, por meio da Polícia Federal. Na mesma reunião, Heleno disse: "Conversei ontem o Victor (Carneiro), novo diretor da Abin. Nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados estão fazendo. O problema todo disso é se vazar qualquer coisa aí… muita gente se conhece nesse meio. E, se houver qualquer acusação e infiltração desses elementos da Abin em qualquer dos lados…"

Heleno acabou interrompido por Bolsonaro antes que terminasse sua fala. O presidente pediu que o assunto fosse tratado em conversa privada. As falas de Torres e Heleno reforçariam a suspeita de que o governo usou a estrutura do Estado para espionar ilegalmente e acusar seus adversários a fim de obter vantagens na campanha eleitoral de 2022.

Em outra categoria

Um gesto de braço estendido feito por Elon Musk durante um discurso ontem na Capital One Arena, relacionado por usuários de redes sociais a uma saudação nazista, gerou controvérsia. Apesar de a intenção de Musk não estar clara, extremistas de direita comemoraram o gesto, enquanto especialistas e organizações de direitos humanos pediram cautela ao interpretá-lo.

"Eu só quero agradecer a vocês por terem tornado isso possível", disse Musk, referindo-se à vitória de Donald Trump na eleição presidencial. Após bater a mão no peito, ele estendeu o braço para frente e para cima com a palma voltada para baixo, repetindo o gesto em outra direção. "Meu coração está com vocês", completou.

A semelhança com a saudação nazista levantou críticas e suspeitas. Musk, porém, não negou explicitamente as acusações e ironizou as interpretações em postagens no X: "O ataque do tipo todo mundo é Hitler está tão desgastado".

O gesto foi celebrado por figuras nacionalistas, como Keith Woods, que comentou: "Talvez a agenda woke realmente esteja morta". Woke é um termo político de origem afro-americana, refere-se a uma percepção e consciência das questões relativas à justiça social e racial.

A Liga Antidifamação (ADL) classificou o gesto como "desajeitado" e pediu prudência antes de conclusões precipitadas. Jared Holt, analista do Instituto para o Diálogo Estratégico, também destacou a falta de clareza na intenção de Musk: "Tenho dúvidas de que foi intencional. Seria um ato de auto-sabotagem que realmente não faria muito sentido". Holt sugeriu que o gesto pode ter sido um agradecimento à plateia, considerando a declaração de Musk de que seu "coração estava com a plateia".

O recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, nesta terça-feira, 21, uma parceira que contempla investimentos de US$ 500 bilhões em 4 anos em infraestrutura voltada para inteligência artificial.

O anúncio foi feito em evento na Casa Branca que contou com a presença do co-fundador e diretor executivo da empresa de software Oracle, Larry Ellison; o CEO do grupo Softbank, Masayoshi Son, e do CEO da OpenAI, Sam Altman.

O projeto, chamado de Stargate, fará um "tremendo investimento" no que ele diz que será o "maior projeto de infraestrutura de IA, de longe, na história".

"Construiremos data centers colossais que empregarão muitas pessoas", disse o presidente dos EUA. Trump afirmou que os EUA terão de produzir muito eletricidade e que seu governo tornará isso possível.

Para o presidente americano, o anúncio é uma declaração de confiança no potencial da América desde que venceu a eleição.

O número de brasileiros deportados pelos Estados Unidos aumentou 33% em 2024, totalizando 1.648 pessoas. A informação foi revelada pelo G1 e confirmada pelo Estadão, segundo dados divulgados pela Polícia Federal (PF).

O número se refere apenas aos brasileiros deportados em voos fretados do Immigration and Customs Enforcement (ICE). Os dados não incluem brasileiros inadmitidos em aeroportos americanos, que retornam em voos comerciais. Segundo a PF, o governo norte-americano não divulga este número.

Deportações de brasileiros detidos na fronteira com o México pelos EUA:

- 2020: 1.138 deportados em 21 voos (último ano do primeiro governo de Donald Trump)

- 2021: 2.188 deportados em 24 voos (primeiro ano do governo de Joe Biden)

- 2022: 1.423 deportados em 17 voos

- 2023: 1.240 deportados em 16 voos

- 2024: 1.648 deportados em 16 voos

Os voos fretados pelo ICE chegam ao País em sua maioria pelo Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins.

Desde 2019, a deportação de brasileiros em voos fretados tornou-se uma prática frequente. Essa política começou durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), que autorizou a entrada de aviões com deportados, algo que não acontecia desde 2006.

Em 2021, o governo americano solicitou ao Brasil autorização para ampliar a frequência de voos de deportação ao País, aumentando de um para até três voos semanais de deportados. Com isso, o número de deportados pela ICE subiu de 1.138 em 2020 para 2.188 em 2021.

Em 2023, a revogação da lei Título 42, criada durante a pandemia, resultou em uma queda temporária de 50% nas deportações. No entanto, o cenário voltou a piorar no ano seguinte.

Considerando o anúncio de novas medidas restritivas anunciadas pelo presidente Donald Trump, que iniciou um novo mandato na segunda-feira, 20, esse número pode aumentar.

Entre as novas ações de Trump estão o envio de tropas à fronteira, a retomada da construção de um muro e a reintrodução da política "Permaneça no México".

O republicano também anunciou a suspensão temporária de refúgios, e o fim do direito automático à cidadania para pessoas nascidas em solo americano, resultando na maior operação de deportação da história dos EUA. Estima-se que cerca de 11 milhões de pessoas vivem em situação irregular no país, incluindo brasileiros.