Congresso contraria pacote fiscal, rejeita corte em emendas e aumenta reajuste do 'fundão'

Política
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Na contramão do pacote de corte de gastos proposto pelo governo Lula, o Congresso Nacional aprovou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que orienta o Orçamento de 2025, rejeitando a possibilidade de corte em emendas parlamentares, aumentando o reajuste do fundo partidário, também conhecido como 'fundão', autorizando gastos de estatais fora do arcabouço fiscal e afrouxando o cumprimento da meta fiscal no ano que vem.

O governo tem dois instrumentos para controlar as despesas e cumprir as regras fiscais durante ano: bloqueio e contingenciamento. As duas medidas impõem um congelamento de gastos. A diferença é que o bloqueio é feito para cobrir despesas obrigatórias (como salários e aposentadorias) e cumprir o arcabouço fiscal. O contingenciamento é aplicado quando a arrecadação cai e a meta de resultado primário (balanço entre receitas e despesas) fica comprometida.

As emendas parlamentares impositivas, recursos indicados por deputados, senadores e bancadas estaduais no Orçamento da União, não podem ser bloqueadas - podem apenas ser contingenciadas. Como o bloqueio é mais efetivo e dificilmente é revertido, o governo propôs o corte de emendas para efetivar o cumprimento do arcabouço fiscal.

O corte de emendas foi proposto tanto no pacote fiscal quanto na LDO. Nesta quarta-feira, 18, os parlamentares rejeitaram o dispositivo que permitia o bloqueio na Lei de Diretrizes Orçamentárias. A proposta ainda está mantida no pacote fiscal, mas a Câmara deve votar o item separadamente. Mesmo se for aprovado, a LDO ainda terá que ser alterada no próximo ano para efetivar a medida.

Congresso rejeita proposta que diminui reajuste do fundo partidário

O Congresso também rejeitou uma proposta do governo que diminuiria o reajuste do fundo partidário, dinheiro que banca o funcionamento das siglas partidárias. Há R$ 1,3 bilhão programado no Orçamento de 2025 para as legendas.

Pela regra em vigor, a verba é corrigida conforme o limite do arcabouço fiscal, com base nos valores pagos em 2016. Com a mudança proposta pelo governo, o reajuste seria feito com base no valor de 2023, ano em que a nova regra fiscal entrou em vigor. Segundo técnicos do Congresso, a mudança diminuiria o reajuste do fundo partidário de R$ 500 milhões para R$ 160 milhões entre um ano e outro.

Nos bastidores, dirigentes partidários se movimentaram para reverter a alteração durante a votação do projeto. Agora, a verba deverá ser ajustada no Orçamento.

Congresso retira proposta que endurecia meta fiscal e abre caminho para governo gastar mais em 2025

O Congresso também derrubou um dispositivo que obrigaria o Poder Executivo a fazer um ajuste mais duro para zerar o déficit das contas públicas em 2025, abrindo caminho para o governo gastar mais ano que vem.

Conforme o Estadão antecipou, o relatório da proposta trouxe um dispositivo que obrigaria o governo federal a mirar apenas no centro da meta fiscal até outubro de 2025, sem considerar o piso inferior da banda, que permite atualmente um ajuste mais frouxo nas contas públicas. O Palácio do Planalto reagiu e derrubou a proposta ainda na Comissão Mista de Orçamento, na terça-feira, 17.

Congresso autoriza estatais fora do Orçamento, mas limita gastos do governo com as empresas

O Congresso também deu aval para à proposta do governo de retirar estatais do Orçamento convencional da União, revelada pelo Estadão. A medida abre caminho para que empresas migrem para o orçamento de estatais como a Petrobras mesmo ainda que ainda dependam de aportes do Tesouro Nacional para sobreviverem. Especialistas apontam risco de novas manobras fiscais com a mudança.

A parte que o Tesouro coloca na empresa estatal continuaria submetida ao arcabouço fiscal, mas a despesa que a empresa gasta com recursos próprios não. Além disso, toda a despesa, independentemente da fonte de financiamento, sairia do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), que registra todas as movimentações financeiras do governo federal, diminuindo a transparência sobre o uso dos recursos.

Após críticas da oposição, o governo fechou um acordo para alterar a proposta e limitar o crescimento das despesas que o Tesouro Nacional coloca nas empresas. Os gastos não poderão crescer acima da inflação a partir de 2026. Na prática, as companhias terão de fazer esforços para arrecadar recursos próprios na hora de custear suas atividades e fazer novos investimentos.

Por outro lado, o Tesouro Nacional vai arcar com o pagamento de dívidas judiciais e administrativas existentes em 2024, dando um prazo de quatro anos para os valores serem quitados. Na prática, as estatais poderão sair do Orçamento e ainda receber um socorro dos cofres do governo federal.

O governo argumenta que a medida não compromete o arcabouço fiscal, porque as despesas do Tesouro permaneceriam submetidas à regra, e que não há prejuízo para a transparência porque as empresas prestariam contas por meio do Programa de Dispêndios Globais, ao qual todas as estatais federais se submetem.

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O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira, 19, que o Congresso deveria se livrar do teto da dívida, um dia depois de se manifestar contra um acordo alcançado pelos legisladores para financiar o governo antes que ocorra uma paralisação. Em entrevista à NBC News, Trump disse que se livrar totalmente do teto da dívida seria "a coisa mais inteligente que o Congresso poderia fazer".

"Os democratas disseram que querem se livrar disso. Se eles quiserem se livrar disso, eu liderarei a iniciativa", acrescentou Trump.

O teto da dívida é o limite estabelecido pelos legisladores que determina quanto o governo federal pode pedir emprestado para pagar suas contas, e não autoriza novos gastos. Sobre a possibilidade de uma paralisação, que ocorreria a partir de sábado (21) se um acordo de financiamento não for alcançado, ele disse: "Se houver uma paralisação, vamos iniciá-la com um presidente democrata" - sugerindo que a luta que está acontecendo agora no Congresso é necessária para limpar o terreno antes do início de seu governo, em janeiro.

Em sua conta na rede social X, o presidente eleito reforçou a ideia. "Se os Republicanos tentarem aprovar uma Resolução Contínua limpa sem todos os 'sinos e assobios' Democratas que serão tão destrutivos para o nosso país, tudo o que farão, depois de 20 de Janeiro, será trazer a confusão do Limite da Dívida para a Administração Trump, em vez de permitir que isso aconteça na administração Biden. Tudo deverá ser feito e totalmente negociado antes da minha posse em 20 de janeiro de 2025", escreveu.

"Parece que a ridícula e extraordinariamente cara Resolução Contínua está morrendo rapidamente, mas alguém pode imaginar aprová-la sem encerrar ou estender a guilhotina do Teto da Dívida que chegará em junho? A menos que os Democratas ponham termo ou estendam substancialmente o Limite da Dívida agora, lutarei até ao fim", escreveu ainda.

O presidente russo Vladimir Putin pareceu não ter pressa em buscar um fim para a guerra na Ucrânia durante uma apresentação anual na televisão nesta quinta-feira, 19, buscando, em vez disso, projetar a força da Rússia, apesar do objetivo declarado do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de alcançar uma paz rápida.

A sessão de perguntas e respostas cuidadosamente coreografada viu Putin responder a perguntas de fontes de mídia selecionadas e cidadãos russos comuns, durante as quais ele repetidamente retratou a Rússia como resistente aos efeitos do conflito, que agora está se aproximando da marca de três anos.

Faltando um mês para o retorno de Trump à Casa Branca, Putin mostrou poucos sinais de preocupação, apesar das pressões consideráveis sobre o Kremlin, tanto na linha de frente na Ucrânia quanto além. Enquanto a Rússia está avançando lentamente, novembro foi o mês mais mortal até agora para as tropas russas na Ucrânia, de acordo com avaliações ocidentais.

Moscou também testemunhou recentemente o desmoronamento do regime de Bashar al-Assad, seu aliado na Síria, que diminuiu sua influência no Oriente Médio e também está lutando contra uma economia em desaceleração e inflação galopante.

"Nossos soldados estão ganhando território a cada dia. Estamos avançando", disse Putin. Fonte: Dow Jones Newswires.

A China e Índia concordaram nesta quarta-feira, 18, em trabalhar para encontrar uma solução para sua longa disputa de fronteira no Himalaia, após um impasse militar que começou com um confronto mortal em 2020.

Uma declaração do Ministério das Relações Exteriores da China, após as conversas entre os representantes especiais sobre questões de fronteira, afirmou que os dois lados buscariam soluções "justas e razoáveis" e formulariam um roteiro, realizando as etapas mais fáceis primeiro e lidando com as mais difíceis depois.

Os representantes especiais pediram a continuidade da implementação do acordo de patrulha de fronteira e disseram que os países fortaleceriam os intercâmbios entre as fronteiras, incluindo a retomada das viagens de peregrinos indianos ao Tibete, segundo o comunicado chinês.