Senador quer que CGU investigue suposto uso partidário na Comissão de Ética da Presidência

Política
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O senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) protocolou nesta segunda-feira, 30, um requerimento de auditoria para a Controladoria-Geral da União (CGU) solicitando uma investigação sobre suposto uso partidário da Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência. O pedido é baseado na reportagem do Estadão que revelou que, nos dois anos de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o colegiado puniu cinco ministros do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), enquanto arquivou denúncias contra aliados do petista.

O parlamentar quer que a CGU apure possíveis "irregularidades, parcialidades ou eventuais violações aos princípios constitucionais" nos últimos dois anos de atuação da CEP. Caso sejam encontradas transgressões, o senador exige que sejam feitas "recomendações formais para a correção dos processos e decisões". Por fim, Heize pede a elaboração de um relatório público com as conclusões da auditoria.

De acordo com Heinze, a reportagem mostrou a existência de "discrepâncias evidentes no tratamento dos casos". O senador também questionou se o colegiado segue o princípio da impessoalidade e frisou que a missão da CEP é "assegurar a ética e a integridade no serviço público". Para o parlamentar, o uso político pode "comprometer a credibilidade" do órgão.

"Esse cenário revela discrepâncias evidentes no tratamento dos casos e sugere uma possível atuação seletiva, guiada por critérios que contrariam o dever de isonomia exigido pela Lei Maior. Tal prática, se confirmada, representaria uma violação direta ao princípio da impessoalidade, previsto no artigo 37 da Constituição Federal. Além disso, comprometeria a credibilidade de um órgão cuja principal missão é, justamente, assegurar a ética e a integridade no serviço público", justificou Heinze.

Ao exigir investigação célere e transparente por parte da CGU, o senador gaúcho disse que a CEP arrisca se tornar um "mecanismo de validação seletiva" baseado em "vínculo político ou do momento institucional". "É indispensável que todas as decisões adotadas pela CEP nos últimos dois anos sejam rigorosamente auditadas, analisadas e, se necessário, corrigidas por meio de recomendações formais e publicamente acessíveis", afirmou o parlamentar.

CEP livrou 17 integrantes do governo Lula e puniu cinco de Bolsonaro

Como mostrou o Estadão, entre 2023 e 2024, a CEP livrou 17 integrantes do primeiro escalão do atual governo de censura ética, uma penalização válida por três anos e que funciona como uma "mancha" no currículo de servidores do Executivo.

Procurado, o Palácio do Planalto afirmou que "decidiu os casos com base nos princípios e normas éticas constantes do Código de Conduta da Alta Administração Federal, com absoluta isenção e assegurando a todos os acusados o direito ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa. Julgou os casos concretos, sem fazer qualquer distinção quanto à gravidade dos fatos ou à pessoa do acusado. Respeitado o direito à privacidade dos interessados, todas as pautas e decisões da CEP são publicadas no seu site".

Por outro lado, cinco ex-ministros do governo Bolsonaro receberam punições pelo colegiado. Entre eles estão os ex-comandantes da Educação Abraham Weintraub e Milton Ribeiro. O primeiro é o recordista de sanções, com três recebidas durante o governo Lula. O segundo recebeu uma censura ética por permitir a pastores evangélicos acesso privilegiado à pasta durante a gestão do ex-presidente, conforme revelações feitas pelo Estadão.

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.