Meta se alia a Trump ao encerrar programa de checagem, diz secretário de Políticas Digitais

Política
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O secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo, João Brant, afirmou que a empresa Meta manifesta "aliança" com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao encerrar o programa de checagem de fatos no Facebook, conforme anúncio do CEO Mark Zuckerberg.

Em uma série de postagens na rede social X, Brant disse que o comunicado da Meta faz referência ao Supremo Tribunal Federal (STF), por conta da decisão do ministro Alexandre de Moraes, no ano passado, de suspender o acesso à rede de Elon Musk.

"O anúncio feito hoje por Mark Zuckerberg antecipa o início do governo Trump e explicita aliança da Meta com o governo dos EUA para enfrentar União Europeia, Brasil e outros países que buscam proteger direitos no ambiente online (na visão dele, os que promovem censura)", escreveu Brant.

O secretário prosseguiu: "É uma declaração fortíssima, que se refere ao STF como corte secreta, ataca os checadores de fatos (dizendo que eles mais destruíram do que construíram confiança) e questiona o viés da própria equipe de trust and safety da Meta - para fugir da lei da Califórnia".

Brant criticou também o anúncio de desligamento dos filtros que identificam violações às políticas da plataforma, especialmente sobre imigração e gênero.

"Vai ainda reforçar o conteúdo cívico nas plataformas, o que sinaliza que topa servir de plataforma à agenda de Trump", publicou. "Em suma: 1) Facebook e Instagram vão se tornar plataformas que vão dar total peso à liberdade de expressão individual e deixar de proteger outros direitos individuais e coletivos. A repriorização do discurso cívico significa um convite para o ativismo da extrema-direita."

O secretário continuou: "Meta vai atuar politicamente no âmbito internacional de forma articulada com o Governo Trump para combater políticas da Europa, do Brasil e de outros países que buscam equilibrar direitos no ambiente online".

Na sequência, Brant escreveu que "a declaração é explícita, sinaliza que a empresa não aceita a soberania dos países sobre o funcionamento do ambiente digital e soa como antecipação de ações que serão tomadas pelo governo Trump".

Ele acrescentou: "Meta vai asfixiar financeiramente as empresas de checagem de fatos, o que vai afetar as operações delas dentro e fora das plataformas".

Ainda segundo o secretário, o comunicado da Meta "reforça a relevância das ações em curso na Europa, no Brasil e na Austrália, envolvendo os três poderes e amplia a centralidade dos esforços internacionais feitos no âmbito da ONU, UNESCO, G20 e da OCDE para reforçar a agenda de promoção da integridade da informação".

A Secretaria de Políticas Digitais foi criada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva e tem a competência de formular políticas públicas para a promoção da liberdade de expressão, do acesso à informação e de enfrentamento à desinformação e ao discurso de ódio na internet.

O trabalho da pasta tem articulação com os ministérios da Justiça e Segurança Pública, dos Direitos Humanos, das Mulheres e da Igualdade Racial, para apoiar medidas de proteção a vítimas de violação de direitos nos serviços digitais de comunicação.

Há também uma interação com os ministérios da Cultura, da Educação e das Relações Exteriores e com organismos internacionais, para fomentar políticas no ramo.

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, recomendou cautela em relação às declarações que vêm sendo dadas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e ponderou que ainda há incertezas sobre como será conduzida a nova gestão do republicano.

Em conversa com jornalistas ao deixar a sede da Pasta nesta quinta, 9, Haddad foi questionado sobre a declaração de Trump em que ameaçou tarifar em 100% os países do Brics caso o bloco avance nas discussões para criar uma moeda única ou apoiar outra para substituir o dólar. O Brasil está com a presidência dos Brics neste ano de 2025.

"O presidente Trump vai tomar posse, vai começar a tomar medidas efetivas. Nós só vamos nos colocar quando as decisões forem efetivamente tomadas. Senão fica muito difícil nós reagirmos a cada declaração pública de um secretário, de um ministro, do próprio presidente. Há uma certa incerteza em relação ao que efetivamente vai ser feito. Preocupa sempre, mas vamos ter cautela também para saber efetivamente o que vai acontecer", pontuou.

O bilionário Elon Musk expressou dúvidas quanto à possibilidade de alcançar a meta de cortes de US$ 2 trilhões no orçamento federal dos Estados Unidos durante o próximo mandato do presidente eleito Donald Trump. Essa cifra foi proposta pelo próprio bilionário logo após sua nomeação como líder do novo Departamento de Eficiência Governamental (Doge). A fala representa uma revisão em relação à meta inicial.

A declaração foi feita em entrevista ao estrategista político e presidente da Stagwell, Mark Penn, e transmitida em live no X. "Acho que tentaremos US$ 2 trilhões. Acho que esse é o melhor resultado possível", afirmou Musk. Ele também destacou que há uma "boa chance" de alcançar US$ 1 trilhão em cortes no orçamento, o que indicaria um ajuste em relação à meta mais ambiciosa que havia sido estabelecida anteriormente.

O ex-presidente do Uruguai, José Mujica, de 89 anos, declarou que o câncer de esôfago que trata desde abril do ano passado se espalhou para o fígado. Em entrevista ao jornal uruguaio Búsqueda, o político apontou que não existe uma expectativa do corpo médico para uma melhora em seu estado de saúde.

"Estou morrendo", declarou Mujica ao jornal uruguaio, em uma entrevista realizada na chácara do ex-presidente em Rincón del Cerro, zona rural da capital Montevidéu.