Planalto diz que reunião de Lula sobre fim da checagem da Meta está prevista para sexta (10)

Política
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A assessoria da presidência da República afirmou que a reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com integrantes do governo para tratar a decisão da Meta - dona do Facebook, do Instagram e do Whatsapp - de encerrar a checagem de fatos em suas plataformas nos Estados Unidos será na sexta-feira, 10, e não hoje, 9, como havia falado o chefe do Executivo federal. O horário, porém, ainda não foi definido.

Nesta tarde, Lula criticou a decisão do CEO e fundador da Meta, Mark Zuckerberg, e defendeu que cada País tenha sua soberania respeitada. "Eu acho que é extremamente grave as pessoas quererem que a comunicação digital não tenha a mesma responsabilidade de um cara que comete um crime na imprensa escrita", afirmou Lula a jornalistas. "É como se um cidadão pudesse ser punido porque faz uma coisa na vida real e pudesse não ser punido porque faz a mesma coisa na digital."

Lula disse que o que quer, "na verdade, é que cada país tenha sua soberania resguardada". "Não pode um cidadão, dois cidadãos, três cidadãos acharem que podem ferir a soberania de uma nação."

A Meta anunciou na terça-feira, 7, mudanças profundas em suas práticas de moderação de conteúdo. Na prática, elas acabam com o programa de checagem de fatos da gigante, uma política instituída para reduzir a disseminação de desinformação na rede social.

Agora, em vez de contar com organizações independentes de checagem de informações, a Meta dependerá dos próprios usuários para acrescentar correções às publicações que possam conter informações falsas ou enganosas.

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O conservador Friedrich Merz, líder da União Democrata-Cristã (CDU), anunciou nesta quarta-feira, 9, um acordo com o Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, para formação de um novo governo na Alemanha, excluindo do gabinete a Alternativa para Alemanha (AfD), de extrema direita.

A aliança retoma a parceria entre as duas forças mais tradicionais da política alemã, que marcou o país durante os mandatos de Angela Merkel. O plano de governo foi apresentado ontem em Berlim em meio a promessas de "defender a Alemanha" diante dos "novos desafios globais".

"A política dos próximos anos determinará em grande parte se continuaremos a viver em uma Alemanha livre, segura, justa e próspera", afirma o documento de 146 páginas apresentado por Merz, ao lado do líder do SPD, Lars Klingbeil, durante coletiva de imprensa.

Recuperação

O documento será submetido à aprovação da CDU e do SPD, que deverão oficializar a escolha do novo governo. A expectativa de Merz e dos novos aliados é de que o gabinete tome posse em maio.

Figuras importantes dos dois partidos se reuniram ontem em meio a turbulências no comércio global, na defesa da Europa e na política interna. O futuro chanceler alemão afirmou que a coalizão foi definida após seis semanas de negociações e em meio a um "cenário de crescentes tensões no mundo".

Questionado sobre qual seria sua mensagem para o presidente americano, Donald Trump, Merz respondeu: "A Alemanha está de volta aos trilhos", disse. "O país cumprirá suas obrigações em defesa e está disposto a fortalecer sua competitividade. E isso se aplica também à Europa."

Um mês e meio após as eleições legislativas, Merz assumirá o comando da maior economia da Europa e terá alguns desafios: tirar o país da recessão, frear o avanço da AfD e reforçar a defesa europeia em meio a desavenças com os EUA. No plano de governo, CDU e SPD concordaram em conceder subsídios ao agronegócio e apertar o cerco à imigração ilegal - tema que ajudou a alavancar a extrema direita.

O plano de governo reconhece que a Alemanha "é e continuará sendo" cosmopolita, mas afirma que precisa combater a entrada irregular de estrangeiros. Entre as medidas, a coalizão propõe o fim de programas de admissão voluntária e de reunificação familiar. Também cita o controle das fronteiras como prioridade.

Lideranças do CDU já haviam sinalizado que pretendiam formar um governo com apenas um sócio, para simplificar as negociações e evitar um colapso do gabinete, como aconteceu com o socialista Olaf Scholz (SPD) e sua coalizão, que reuniu o Partido Liberal Democrático e os Verdes. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Diante de uma profunda divisão política e sob o choque das medidas do presidente americano Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs nesta quarta-feira, dia 9, que os líderes da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) "deixem as diferenças de lado" e coordenem sua inserção no mundo para que não se vejam novamente como zona de influência do que chamou de "novas e velhas potências".

O petista calibrou seu discurso em Honduras para responder, principalmente, às ações do governo Trump que mais impactaram a região - as deportações em massa de imigrantes e o tarifaço comercial - e compartilhar a visão de que há em curso a formação de uma nova ordem global tendo como potências a China e os Estados Unidos.

"A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores", disparou Lula, uma semana depois de Trump deflagrar a imposição de tarifas recíprocas que sobretaxaram em 10% todas as exportações da maioria dos países latino-americanos e caribenhos, exceto as ditaduras Venezuela (15% )e Nicarágua (18%).

Para Lula, o momento é um dos mais críticos da história para uma região que superou a escravidão e as ditaduras militares, mas ainda convive com miséria, exclusão social e fome.

"A ingerência de velhas e novas potências foi e é uma sombra perene ao longo desse processo. Agora, nossa autonomia está novamente em xeque. Tentativas de restaurar antigas hegemonias pairam novamente sobre nossa região", afirmou Lula. "A liberdade e a autodeterminação são as primeiras vítimas de um mundo sem regras multilateralmente acordadas. Migrantes são criminalizados e deportados sob condições degradantes. Tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços."

O presidente sugeriu a intensificação da integração comercial e econômica dos países como forma de se "proteger contra ações unilaterais". Ele citou que o comércio do Brasil com a Celac é de US$ 86 bilhões por ano, maior do que com os EUA.

Lula defendeu investimentos em infraestrutura de transporte, energia e telecomunicações para escoar bens e serviços, como os corredores bioceânicos e as rotas de integração sul-americana. Ele disse que o governo brasileiro poderá reativar um convênio de pagamentos e créditos recíprocos com a Aladi e expandir o sistema de pagamentos em moeda local.

Lula propôs em Tegucigalpa, capital hondurenha, que a Celac mude suas regras de funcionamento para escapar da paralisia. Ele sugeriu a criação de um grupo de trabalho que discuta formas de a entidade funcionar sem a necessidade de tomar decisões por consenso.

No diagnóstico brasileiro, a regra vem impedindo manifestações e ações conjuntas, por causa da fragmentação política entre governos de direita e de esquerda nas Américas e no Caribe. Para o presidente, a expectativa de uniformidade é "irrealista".

"Se seguirmos separados, a comunidade latino-americana e caribenha corre o risco de regressar à condição de zona de influência, em um nova divisão do globo entre superpotências. O momento exige que deixemos as diferenças de lado", defendeu Lula. "Nossa integração é uma tarefa inadiável, que não deve ficar à mercê de divergências ideológicas."

O presidente disse que no início dos anos 2000 houve um espírito plural e pragmático entre os líderes, que levou à criação da Celac e da Unasul (União de Nações Sul-americanas) - esta última um organismo que ele fracassou em tentar relançar, dois anos atrás.

Ele citou para a Celac iniciativas de resposta conjunta por parte de organizações como a Asean, a União Europeia e a União Africana. "É imperativo que a América Latina e o Caribe redefinam seu lugar na nova ordem global que se descortina. Nossa inserção internacional não deve se pautar em ação defensiva", disse.

Para Lula, os 33 países da região devem coordenar ações em três temas: defender ameaças à democracia; conter e superar as mudanças climáticas, exigindo mais fianciamento dos países ricos para transição justa e metas de redução de emissões; e superar a fome e a pobreza.

O petista disse que a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza vai inaugurar os primeiros projetos no Haiti e na República Dominicana. Ele criticou ingerências de big techs contra soberania de países, tentativas de golpes de Estado ou de impor a democracia, disseminação de ódio e desinformação que deturpam a liberdade de expressão e o negacionismo; falou no risco da elevação do nível do mar para ilhas caribenhas e zonas costeiras, o colapso da Amazônia e o degelo da Antártida.

Lula propôs também, sob aplausos, que a Celac adote a defesa de uma candidatura única, de uma mulher, para o cargo de secretária-geral das Nações Unidas, em 2026. A ideia enfrenta resistências de governos conservadores, como o de Javier Milei.

Enquanto a Celac se reunia com líderes principalmente de esquerda em Honduras, Milei recebia visita do paraguaio Santiago Peña, em Buenos Aires.

A nona Cúpula da Celac decidiu em Tegucigalpa que, após o mandato da Colômbia em 2025, o Uruguai assumirá a presidência rotativa em 2026. A iniciativa é de um novo governo de esquerda, do presidente recém-empossado Yamandú Orsi.

A China negou qualquer envolvimento militar na Ucrânia, depois que Kiev disse ter capturado dois homens chineses no leste do país.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, disse nesta quarta-feira, 9, que Pequim ainda estava tentando confirmar com a Ucrânia os detalhes da captura dos dois cidadãos chineses que, segundo as autoridades, estavam lutando pelo exército russo.

Ele negou a afirmação do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de que mais chineses se juntaram às forças russas.