Bolsonaro dá bronca em Marcos Pontes por disputa no Congresso: 'É esse meu pagamento?'

Política
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou nesta segunda-feira, 20, a decisão do senador Marcos Pontes (PL-SP) de se candidatar à presidência do Senado como "lamentável". Em entrevista ao canal AuriVerde Brasil no YouTube, o ex-chefe do Executivo citou seu ex-ministro da Ciência e Tecnologia ao falar sobre "ter disciplina" e "honrar a palavra dada".

 

Marcos Pontes lançou sua pré-candidatura à presidência do Senado no final de outubro, sem aval do partido de ambos, o PL. Poucos dias antes, Bolsonaro já havia declarado apoio à candidatura de Davi Alcolumbre (União-AP) à sucessão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na Casa. Para o ex-presidente, o senador está pensando somente nele mesmo, mas desejou "boa sorte" ao correligionário.

 

"Eu elegi você em São Paulo. Deixei de lado lá, entre eles, o meu amigo Marco Feliciano, com uma dor no coração enorme. Mas deixei de lado o Marco Feliciano para te apoiar [à eleição de senador]. Esse é o pagamento?", questionou Bolsonaro. Entre os motivos que o ex-presidente elenca para julgar a candidatura de Marcos Pontes um erro, é a falta de representatividade e força na Casa. O Estadão tenta contato com o senador.

 

"A única forma de nós sermos algo dentro do Senado e não sermos zumbis como somos hoje é tendo um candidato. Se não conseguimos ganhar o Rogério Marinho, que é um baita articulador, não vai ser com você agora", disse Bolsonaro.

 

Indiciado por tentativa de golpe de Estado em 2022, o ex-presidente ainda fez um apelo ao aliado falando que "o clima mudou" e que, do jeito que está a correlação de forças na Casa, o projeto de anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de Janeiro - do qual pode se beneficiar - tem "força zero" no Senado.

 

Citando conversas "com todo mundo" para lançar candidaturas assertivas em 2026 às vagas de senadores, Bolsonaro citou que, entre centro-direita e direita, consegue eleger 40 senadores. Quando o ex-presidente se referiu ao Mato Grosso do Sul, afirmou que, no Estado, haverá um candidato ou candidata ao Senado, já que "a atual senadora que se elegeu usando o meu nome é uma desgraça" e "não soma em nada". A declaração foi em referência à senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS). "E a gente vai mudando, vai acertando." O Estadão aguarda retorno da senadora.

 

Soraya apoiou o ex-presidente em 2018 e se elegeu na onda bolsonarista daquele ano. Mas, nas eleições de 2022, os dois foram adversários e protagonizaram uma série de troca de farpas. Naquele ano, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vitorioso do pleito.

 

A rajada que atingiu aliado e ex-aliada também foi direcionada a outra ex-ministra do governo Bolsonaro, mas como um aviso. Ao falar que cumpre promessas, citando aliados aos quais deu ministérios e que passaram a ser "donos" das pastas, o ex-presidente afirmou que "sozinha" ela não "chegaria onde chegou".

 

"Tereza Cristina, sozinha, no outro governo, você não chegaria onde chegou, mas de jeito nenhum. Tudo tinha um 'mas'. Você vai ser ministra, mas, tal e tal secretaria não são suas, são de outros partidos políticos", disse o ex-presidente, se referindo ao período em que a senadora foi sua ministra da Agricultura, entre 2019 e março de 2022. O Estadão tenta contato com a senadora.

 

Os dois ocuparam palanques diferentes durante as eleições municipais de 2024 em Campo Grande. Bolsonaro apoiou Beto Pereira (PSDB) no primeiro turno, que terminou em terceiro lugar, enquanto a senadora e ex-ministra da Agricultura de Bolsonaro estava ao lado de Adriane Lopes (PP), que ganhou o apoio do ex-presidente no segundo turno e foi reeleita.

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Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

Homens armados drusos sírios entraram em confronto nas últimas semanas com forças de segurança do governo e homens armados pró-governo no subúrbio de Jaramana, no sul de Damasco.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

Os confrontos começaram por volta da meia-noite de segunda-feira, 28, depois que uma mensagem de áudio circulou nas redes sociais em que um homem estaria criticando o profeta Maomé.

O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan. "Eu não disse isso, e quem o fez é um homem perverso que quer incitar conflitos entre partes do povo sírio."

Na terça-feira à noite do horário local, representantes do governo e autoridades de Jaramana chegaram a um acordo para encerrar os conflitos, indenizar as famílias das vítimas e trabalhar para levar os perpetradores à justiça, de acordo com uma cópia do acordo que circulou em Jaramana e foi vista pela Associated Press.

Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 29, que seu governo está se preparando para conversas com os Estados Unidos sobre novas sanções à Rússia, afirmando que é importante continuar a exercer pressão sobre as redes de influência de Moscou, bem como sobre todas as suas operações de fabricação e comércio.

"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

Além disso, o líder ucraniano enfatizou que o país está se esforçando para sincronizar suas sanções da forma mais completa possível com todas as da Europa.

Divergências apresentadas pelo Egito e pela Etiópia à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics. Em vez disso, foi divulgada nesta terça-feira, 29, uma declaração da presidência do grupo de ministros, ocupada atualmente pelo Brasil. Houve consenso nos demais temas debatidos.

O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

"Não houve nenhum desacordo entre os países com relação às questões do Conselho de Segurança. O que acontece é que cada país tem posições e compromissos assumidos", argumentou Vieira a jornalistas, quando questionado sobre o impacto das divergências regionais no documento final. "Não houve nenhuma discordância, apenas cada país e países membros de grupos regionais, alguns africanos no grupo, apenas declararam suas posições e nós estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades de cada um desses grupos para a declaração dos chefes de Estado."