Advogado contesta desembargadora do 'vale-peru' que enterrou investigação sobre colega

Política
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Um recurso contra a decisão da desembargadora Clarice Claudino da Silva, ex-presidente da Corte, que arquivou uma reclamação disciplinar envolvendo o desembargador Sebastião de Moraes Filho, afastado do cargo por suspeita de de envolvimento em um esquema de venda de decisões judiciais, foi protocolado no Tribunal de Justiça do Mato Grosso.

Ao arquivar a reclamação, em dezembro, a desembargadora argumentou que não havia indícios mínimos para justificar a instauração de sindicância ou de processo administrativo disciplinar. Também afirmou que o colega foi alvo de "meras ilações e denúncias infundadas". "Não é possível verificar indício de que tenha ele agido de forma parcial ou ilícita. Ao contrário, vislumbra-se que tão somente exerceu a jurisdição", escreveu Clarice.

O recurso foi apresentado por Sabino Alves de Freitas Neto, representante do espólio de Almindo Alves Mariano, que é parte em um processo julgado pelo desembargador envolvendo uma disputa por terras em Rondonópolis e Guiratinga, no interior do Estado, ligadas ao inventário.

Sabino afirma que Sebastião de Moraes Filho beneficiou indevidamente o empresário Luciano Polimeno na ação e insiste que a conduta do desembargador seja investigada. Ele entregou à Justiça gravações em que o empresário afirma que "nós ganhamos cinco partidas, nós já retiramos cinco da pauta" e que "já gastei oito, oito adiação e vou gastar mais vinte, se for possível".

"As falas acima demonstram graves indícios do cometimento de infrações disciplinares por parte do desembargador reclamado, inclusive indicando que os inúmeros adiamentos do julgamento se deram por interesse do próprio Sr. Luciano Polimeno, sendo que este pagava determinada quantia para que os adiamentos fossem concretizados", diz um trecho do recurso.

Em sua defesa, o desembargador diz que não há provas das acusações, que classificou como "fantasiosas invenções". O desembargador pediu o arquivamento da investigação, considerando a "insubsistência das imputações, desprovidas de mínimo indício probatório, a comprovar a ausência de justa causa para o prosseguimento do feito".

Como mostrou o Estadão, o advogado Carlos Naves de Resende, que representa Sabino, chegou a pedir proteção à polícia, à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) após receber ameaças de morte e uma proposta de suborno em meio à disputa judicial. Ele afirma no recurso que voltou a receber ameaças.

O advogado busca que a desembargadora reconsidere a decisão ou envie o recurso para julgamento colegiado.

Clarice Claudino deixou a presidência do Tribunal de Mato Grosso na virada do ano. Em dezembro, seu último mês na direção, mandou pagar R$ 10 mil a todos os magistrados e R$ 8 mil aos servidores a título de vale-alimentação, penduricalho logo intitulado "vale peru". O auxílio turbinado gerou polêmica. O ministro Mauro Campbell Marques, corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que fiscaliza o Poder Judiciário, mandou suspender o pagamento por considerar o valor exorbitante. O benefício, no entanto, caiu na conta dos magistrados e servidores, mesmo após a decisão do ministro. Acuado, o tribunal recuou e mandou os funcionários devolverem o dinheiro.

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Israel permitiu nesta segunda-feira, 27, que palestinos voltassem ao norte da Faixa de Gaza pela primeira vez desde o início dos conflitos entre o país e o Hamas, em outubro de 2023, após um acordo de cessar-fogo.

Milhares de palestinos se dirigiram para o norte depois de esperar dias para atravessar. Repórteres da Associated Press viram pessoas cruzando o chamado corredor de Netzarim logo após as 7h (pelo horário local), quando os postos de controle estavam programados para abrir.

A abertura foi atrasada por dois dias devido a um desentendimento entre o Hamas e Israel. O país alegava que o grupo havia alterado a ordem dos reféns que foram libertados em troca de centenas de prisioneiros palestinos. Mediadores resolveram a disputa durante a noite do domingo, 26.

O Hamas disse que o retorno foi "uma vitória para o nosso povo, e uma declaração de falha e derrota para a ocupação israelense e planos de transferência". Fonte: Associated Press.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou em um comunicado na madrugada desta segunda-feira, 27, (pelo horário de Brasília) que o governo da Colômbia concordou "com todos os termos" do presidente Donald Trump e irá receber os imigrantes ilegais que estavam nos Estados Unidos, sem qualquer "limitação ou demora".

No domingo, 26, a Colômbia havia anunciado a proibição da entrada de imigrantes colombianos deportados pelos Estados Unidos. Em resposta, Trump prometeu impor imediatamente tarifas de 25% sobre produtos colombianos vendidos aos EUA.

Leavitt disse que as ordens para impor as tarifas serão "mantidas em reserva e não assinadas", mas que Trump manteria restrições de visto para oficiais colombianos e inspeções alfandegárias aprimoradas de bens do país, "até que o primeiro carregamento de deportados colombianos seja retornado com sucesso."

O governo colombiano se manifestou em seguida, dizendo que considera o assunto como "superado". "Superamos o impasse com o governo dos Estados Unidos," disse o Ministro das Relações Exteriores colombiano, Luis Gilberto Murillo. "Continuaremos a receber colombianos que retornam como deportados, garantindo-lhes condições dignas como cidadãos sujeitos a direitos."

Murillo acrescentou que o avião presidencial do país sul-americano está disponível para facilitar o retorno dos migrantes que deveriam chegar horas antes nos aviões militares dos EUA. Fonte: Associated Press.

Os brasileiros deportados dos EUA chegaram a Belo Horizonte na noite de sábado, 25. No desembarque, eles relataram maus-tratos dos agentes americanos, incluindo agressões físicas, exposição ao calor extremo e falta de comida. O Itamaraty disse ontem que as condições do voo violam o acordo de deportação e pretende pedir explicações pelo "tratamento degradante" dado aos brasileiros.

"Eu não fui agredido, mas os meninos foram agredidos dentro da aeronave", disse Luis Fernando Costa, um dos deportados. "Eles estavam algemados e os caras meteram o porrete neles sem dó." De acordo com ele, o tratamento foi desumano. Os brasileiros viajaram algemados e não eram liberados nem para ir ao banheiro. O ar-condicionado não funcionou e apenas um salgadinho foi oferecido como comida, apesar do voo de longa distância.

Pouso forçado

O voo teve de fazer um pouso forçado em Manaus, por problemas técnicos, na sexta-feira. Os deportados relataram que uma das turbinas não funcionava, o que gerou pânico entre os brasileiros, que tentaram sair da aeronave. Os guardas responderam com agressões físicas, usando correntes. "Eles agrediram com chutes. Teve um menino que levou um mata-leão até desmaiar", disse Costa.

Os imigrantes brasileiros relatam que a aeronave partiu dos EUA já apresentando problemas técnicos e, na primeira parada, no Panamá, teve dificuldades em ser religada. O ar-condicionado não funcionava, o que fez com que passageiros, entre eles crianças, passassem mal com falta de ar.

Vitor Gustavo da Silva disse que foi agredido fisicamente pelos agentes americanos e reclamou que estava muito quente dentro da aeronave. "Eles maltrataram a gente, deixaram a gente algemado a viagem toda. Estava muito calor, havia crianças e mulheres no avião. Eles bateram em pessoas algemadas. Foi muito feio."

Protesto

O Ministério das Relações Exteriores emitiu uma nota criticando o tratamento dado pelos agentes americanos. "O governo brasileiro considera inaceitável que as condições acordadas com o governo americano não sejam respeitadas", diz a nota do Itamaraty. Procurada, a Embaixada dos EUA em Brasília não respondeu aos pedidos de comentário. (COLABOROU GIORDANNA NEVES)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.