As vezes em que Gleisi Hoffmann criticou ministros do governo Lula

Política
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A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, deve ocupar o lugar de Márcio Macêdo na Secretaria-Geral da Presidência a partir da reforma ministerial, prevista para ocorrer até março, como mostrou o Estadão. Prestes a integrar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gleisi acumula críticas a ministros da atual gestão petista.

Gleisi criticou três ministros publicamente desde o início do terceiro mandato de Lula. Entre os embates mais emblemáticos entre a presidente do PT e integrantes do governo está a troca de farpas com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em dezembro de 2023, Gleisi discordou dos rumos tomados na economia.

Apesar de destacar que a economia é fundamental para o governo, estava indo bem e não deveria mudar de rumo, a presidente nacional do PT defendeu que o País deveria ter uma meta de crescimento econômico. Para a petista, o Orçamento deveria ser executado na totalidade, com ênfase em investimentos públicos, porque um déficit não alteraria a situação do País.

A declaração foi feita na Conferência Eleitoral e Programa de Governo PT, em Brasília, no dia 9 de dezembro de 2023, no painel que discutiu a condução da política econômica do governo Lula 3, que também contou com a participação de Haddad.

Haddad e Gleisi discordaram sobre a relação entre resultado primário e crescimento da economia. Enquanto Haddad disse que não existe correspondência entre déficit e avanço do PIB, Gleisi criticou a meta zero e defendeu sua flexibilização.

Também em dezembro de 2023, uma resolução do partido chamou o arcabouço fiscal, proposta de Haddad, de "austericídio fiscal".

Sucessão de Lula em 2023

Em outro capítulo da troca de farpas doméstica entre membros do Partido dos Trabalhadores (PT), a deputada federal rebateu declarações dadas pelo ministro da Fazenda em janeiro de 2024.

Gleisi criticou declarações de Haddad sobre uma possível sucessão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições de 2030. Os dois falaram em entrevistas ao jornal O Globo.

"Acho extemporânea a discussão sobre a sucessão do presidente Lula. Nós precisamos fazer com que tudo dê certo porque é isso que vai garantir a sucessão, inclusive a reeleição de Lula na próxima eleição", afirmou Gleisi na ocasião.

Haddad havia respondido, quando questionado sobre ele próprio ser um possível sucessor, que não pensava em sê-lo e que não havia discussão sobre se Lula seria ou não candidato em 2026: "[A questão] Está pacificada. Não se discute".

A presidente do PT também disse que criticar as decisões do ministro da Fazenda é "um dever" e faz parte da tradição da legenda. "É um direito do partido e até um dever fazer esses alertas e esse debate, isso não tem nada de oposição ao ministro e nem a ninguém. É da nossa tradição."

Atrito com Alexandre Padilha

Em outubro do ano passado, a reunião da Executiva Nacional do PT foi marcada por críticas ao governo Lula, lavação de roupa suja em público e duras cobranças a respeito da necessidade de um "reposicionamento" do partido após derrotas sofridas nas eleições municipais.

Como mostrou o Estadão, a portas fechadas, a presidente do PT rebateu críticas do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, sobre a condução do partido durante as eleições municipais de 2024. De acordo com Padilha, a legenda precisava fazer uma "análise aprofundada" e que os trabalhadores não se sentiam mais representados pelo PT.

"A fala dele foi desrespeitosa. Inclusive eu convidei Padilha para vir aqui, mas ele disse que não podia", afirmou a deputada na reunião.

Nas redes sociais, Gleisi aumentou o tom das críticas e disse que "Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados (nas eleições)".

"Mais respeito com o partido que lutou por Lula Livre e Lula Presidente, quando poucos acreditavam", acrescentou.

Críticas a ministro interino

Em uma nova investida a área econômica do governo, em agosto do ano passado, Gleisi rebateu em postagem nas redes sociais uma declaração do ministro interino da Fazenda, Dario Duringan, sobre a mudança na presidência do Banco Central.

Número dois de Haddad na Fazenda, Duringan assumiu o cargo interinamente nas férias do ministro, e afirmou que a troca de Roberto Campos Neto no BC deveria ser feita "sem arroubo político".

Sem citar o nome do ministro interino, Gleisi usou as redes sociais no dia 8 de agosto do ano passado para dizer que "não há que falar em arroubo político" na decisão de Lula na escolha do sucessor de Campos Neto.

"Foi o voto popular que conferiu ao presidente Lula a prerrogativa de indicar o próximo presidente do BC. Não há que falar em arroubo político nessa decisão, muito menos fantasiar que a gestão do BC 'independente' foi 'técnica'", escreveu.

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A estatal chilena Codelco anunciou que contratará uma auditoria internacional para investigar as causas do desabamento ocorrido na última quinta-feira, 31, na mina El Teniente, no Chile, que resultou na morte de seis trabalhadores.

"Essa comissão investigadora, com especialistas internacionais, se reportará diretamente ao conselho da empresa e nos ajudará a determinar o que fizemos de errado", afirmou Máximo Pacheco, presidente do conselho da Codelco.

O anúncio da nova investigação veio horas depois de os socorristas encontrarem o corpo da última vítima desaparecida, Moisés Esteban Pávez, segundo informou o promotor regional de O'Higgins, Aquiles Cubillos. A área do desabamento foi interditada para facilitar os trabalhos periciais.

O presidente Gabriel Boric retornou ao local pela segunda vez consecutiva e decretou luto nacional de três dias. "É necessário ter total objetividade e evitar qualquer tipo de defesa corporativa para que possamos apurar não apenas o que aconteceu, mas também as responsabilidades pelo ocorrido. Tem que haver justiça", declarou o mandatário chileno.

Os corpos dos últimos trabalhadores que permaneciam dentro da mina foram recuperados por volta do meio-dia de domingo, 3, após os restos mortais de outra das vítimas terem sido localizados no dia anterior.

Alex Araya Acevedo, Carlos Andrés Arancibia Valenzuela, Gonzalo Ignacio Núñez Caroca, Moisés Pavez e Jean Miranda são as vítimas que se juntam a Paulo Marín Tapia, o primeiro trabalhador encontrado morto.

O funeral de Marín Tapia ocorreu no domingo, 3, a poucos metros da área de busca, onde centenas de pessoas se reuniram e montaram um altar improvisado com velas, bandeiras e cartazes.

Todos os trabalhadores atuavam no Projeto Andesita, um setor com 25 quilômetros de túneis e 85 pontos de extração dentro da mina El Teniente - a maior mina de cobre do mundo.

As autoridades locais de prevenção e resposta a desastres informaram que o acidente foi causado por um "desabamento provocado por um sismo na área", na comuna de Machalí, região de O'Higgins, a cerca de 100 quilômetros de Santiago.

No entanto, as investigações ainda buscam determinar se o tremor foi causado por atividade sísmica natural - um terremoto de magnitude 4,2 registrado na região na tarde de quinta-feira - ou pelas operações internas da própria mina. O Ministério Público confirmou a abertura de uma investigação.

O presidente Boric esteve no local no sábado, 2, para conversar com os familiares das vítimas e acompanhar os trabalhos de busca, junto com ministros do governo, promotores regionais e membros da Polícia de Investigações.

Cerca de 500 trabalhadores que atuavam no setor foram retirados após o acidente. Outros 2.500 empregados do complexo também foram levados a abrigos após a ativação dos protocolos de emergência.

O Chile é conhecido por sua forte atividade mineradora e abriga algumas das maiores reservas de cobre e lítio do planeta, além de extrair ouro, prata, ferro e chumbo. Apesar disso, acidentes em minas não são incomuns, muitas vezes provocados pelos frequentes tremores de terra no país.

Em fevereiro deste ano, um desabamento em uma mina subterrânea na região do Atacama, ao norte do país, deixou três mortos. E em 2010, o Chile protagonizou um dos resgates mais marcantes de sua história, quando 33 mineiros ficaram soterrados por mais de dois meses na mina San José - um caso que ganhou repercussão mundial.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

O presidente da Argentina, Javier Milei, vetou na segunda-feira, 4, uma tentativa de aumentar os gastos com pensões no país e uma lei que expande as proteções para pessoas com deficiência, dizendo que a lei teria minado sua promessa principal de eliminar o déficit fiscal crônico antes das eleições de meio de mandato em outubro.

Ao publicar as justificativas de veto, o governo de Milei disse que o Congresso aprovou no mês passado os projetos de lei de gastos - destinados a compensar mais completamente os aposentados pela inflação e oferecer mais benefícios financeiros para pessoas com deficiência - "sem determinar a origem dos fundos". Ele disse que os projetos "contradiziam o mandato popular (de Milei)" de reduzir a inflação.

Desde que assumiu o poder no final de 2023, Milei vetou todos os esforços para aumentar os gastos públicos, frequentemente usando o slogan "não há dinheiro" contra as demandas da população para que ele restaurasse os subsídios. O governo projeta que os gastos adicionais, incluindo um aumento de 7,2% nas pensões, representarão cerca de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e 1,68% no próximo.

Os democratas do Texas impediram nesta segunda-feira, 4, que a Câmara do Estado avançasse neste momento com um novo mapa eleitoral buscado pelo presidente Donald Trump para mudar a composição do Congresso. A proposta de Trump poderia dar ao Partido Republicano, hoje com maioria pequena no Congresso, mais cinco cadeiras e melhoraria as perspectivas do partido nas eleições de meio de mandato em 2026.

Depois que dezenas de democratas deixaram o Estado, a Câmara, dominada pelos republicanos, não conseguiu estabelecer o quórum de legisladores necessário para a realização dos trabalhos. O governador do Texas, Greg Abbott, do mesmo partido, ameaçou remover alguns membros da oposição de suas cadeiras, alegando que eles podem ter cometido crimes. Os democratas argumentaram que Abbott não tem autoridade legal para isso.

Os democratas descreveram sua estratégia como um esforço de última hora para impedir que os republicanos aprovem uma rara reconfiguração do mapa congressional sob a orientação de Trump.

Eles se comprometeram a ficar afastados por duas semanas, quando se espera o término da sessão extraordinária de 30 dias. Os republicanos estão em vantagem porque Abbott poderia convocar mais sessões extraordinárias, e os democratas não disseram se têm os meios para deixar o Estado repetidamente por meses.

"Esta não é uma decisão que tomamos levianamente, mas é uma que tomamos com absoluta clareza moral", disse Gene Wu, presidente da bancada democrata, em um comunicado. A ação pode expor os democratas a multas e outras penalidades.

A Câmara emitiu mandados de prisão civil com a intenção de obrigar o retorno de membros ausentes, mas não ficou imediatamente claro se eles podem ou serão aplicados além das fronteiras do Texas.

Para conduzir votações oficiais, pelo menos 100 dos 150 membros da Câmara do Texas devem estar presentes. Os democratas ocupam 62 das cadeiras. Pelo menos 51 membros democratas deixaram o Estado, disse Josh Rush Nisenson, porta-voz da bancada.

"A apatia é cumplicidade, e não seremos cúmplices no silenciamento de comunidades trabalhadoras que passaram décadas lutando pelo poder que Trump quer roubar", disse Nisenson.

A ação marca a segunda vez em quatro anos que os democratas deixam o Texas para bloquear uma votação. Em 2021, ocorreu um impasse de 38 dias quando os democratas foram para Washington em oposição a novas restrições ao processo de votação.

Trump está tentando evitar uma repetição de seu primeiro mandato, quando os democratas conquistaram a Câmara apenas dois anos após o início de sua presidência, e espera que o novo mapa eleitoral do Texas ajude nesse esforço. /AP e WP