Nunes ordena retorno de servidores cedidos a vereadores e gera 1ª crise com Câmara de SP

Política
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O presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Ricardo Teixeira (União Brasil), tentará convencer o prefeito Ricardo Nunes (MDB) a desistir da ordem para que servidores da Prefeitura cedidos aos gabinetes dos vereadores retornem aos seus cargos originais no Executivo. A decisão do prefeito irritou os parlamentares, que ficaram sabendo da medida pela imprensa, e deflagrou a primeira crise entre os dois Poderes no segundo mandato de Nunes antes mesmo da volta dos trabalhos legislativos.

Cerca de 35 vereadores insatisfeitos, entre governistas, independentes e oposicionistas, se reuniram com Teixeira em seu gabinete na tarde desta quinta-feira, 30, para pedir uma solução ao imbróglio que envolve 257 servidores municipais cedidos à Câmara - número que inclui assessores dos gabinetes, funcionários administrativos e guardas-civis. Ficou definido que o vereador Isac Félix (PL) também ajudará na negociação com o prefeito.

O líder de um partido da base de Nunes disse, sob reserva, que a forma como o retorno foi anunciado desrespeitou os vereadores e que o diálogo com os vereadores "começou mal". Outro parlamentar afirmou que o sentimento é de "revolta".

Embora a medida se aplique a todos os órgãos que têm servidores cedidos pela Prefeitura, como o Supremo Tribunal Federal (STF) e o governo de São Paulo, a avaliação dos vereadores é que trata-se de uma tentativa de Nunes de se fortalecer perante à Câmara, já que cada parlamentar precisaria barganhar individualmente com a Prefeitura para conseguir a volta de seus assessores. Para driblar este cenário, os vereadores elegeram Teixeira e Félix como representantes para negociar em nome de toda a Casa.

"Esses servidores são profissionais qualificados das mais diferentes áreas, como GCMs, professores, engenheiros, arquitetos, advogados, entre outros, com amplo conhecimento da cidade de São Paulo, que atuam de forma técnica e qualificam as atividades legislativas dos gabinetes e de áreas administrativas da Câmara", disse o Legislativo, em nota.

Cada vereador pode nomear 18 assessores para o gabinete além de pedir à Prefeitura a cessão de dois servidores adicionais, cujos salários passam a ser pagos pelo Legislativo. "O retorno dos servidores para suas unidades ou órgãos de origem será determinado com base na necessidade do servidor no local onde está lotado", disse a administração municipal.

Nunes inicialmente determinou que todos os 1.404 servidores da Prefeitura cedidos a outros órgãos retornassem à administração municipal. Porém, após uma conversa anterior com Teixeira, ele flexibilizou a regra para a Câmara: os vereadores reeleitos poderão permanecer com os dois servidores da Prefeitura em seus gabinetes até o final do ano, enquanto os novos parlamentares não terão direito aos funcionários. O Estadão apurou que o acordo não foi bem recebido pelos vereadores pois cria duas "classes" de parlamentares.

As exceções ao acordo são os guardas-civis metropolitanos. O prefeito disse na terça-feira, 28, que os agentes que estão lotados nos gabinetes retornarão à entidade - o que já ocorreu em 15 casos -, enquanto os que atuam na segurança da Câmara Municipal continuarão exercendo a atividade.

"Se houver um caso ou outro, não como regra, mas como excepcionalidade, com demonstração que é importante ter aquele funcionário para alguma atividade, a gente vai reavaliar e estamos abertos a fazer a cessão", disse Nunes. "Com relação aos guardas-civis, não tem acordo. Todos que estão em gabinetes vão retornar. A gente precisa de segurança. Guarda-civil tem que estar na rua trabalhando", acrescentou.

Como mostrou o Estadão, Nunes enfrentará o desafio no segundo mandato de lidar com uma bancada de vereadores que, apesar da proximidade ideológica com o prefeito, se considera independente e não garante que votará a favor de todos os projetos apresentados pelo prefeito.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quinta-feira, 1, impor sanções a qualquer pessoa que compre petróleo iraniano, um alerta feito após o adiamento das negociações planejadas sobre o programa nuclear de Teerã.

Trump fez a ameaça de sanções secundárias em uma postagem nas redes sociais. "Todas as compras de petróleo iraniano ou produtos petroquímicos devem parar agora!". Ele disse que qualquer país ou pessoa que compre esses produtos do Irã não poderá fazer negócios com os EUA "de nenhuma forma".

Não ficou claro como Trump implementaria tal proibição. Mas sua declaração corre o risco de agravar ainda mais as tensões com a China - principal cliente do Irã - em um momento em que o relacionamento está tenso devido às tarifas do presidente americano.

Com base em dados de rastreamento de petroleiros, a Administração de Informação de Energia dos EUA concluiu em um relatório publicado em outubro que "a China absorveu quase 90% das exportações de petróleo bruto e condensado do Irã em 2023". Trump, separadamente, impôs tarifas de 145% à China dentro de sua guerra comercial ao país.

Negociações adiadas

A ameaça de Trump nas redes sociais ocorreu após Omã anunciar que as negociações nucleares planejadas para o próximo fim de semana haviam sido adiadas.

O ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, fez o anúncio em uma publicação na plataforma social X. "Por razões logísticas, estamos remarcando a reunião EUA-Irã, provisoriamente planejada para sábado, 3 de maio", escreveu ele. "Novas datas serão anunciadas quando mutuamente acordadas."

Al-Busaidi, que mediou as negociações em três rodadas até o momento, não deu mais detalhes.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, emitiu um comunicado descrevendo as negociações como "adiadas a pedido do ministro das Relações Exteriores de Omã". Ele disse que o Irã continua comprometido em chegar a "um acordo justo e duradouro".

Acordo nuclear

As negociações entre EUA e Irã buscam limitar o programa nuclear iraniano em troca do relaxamento de algumas das sanções econômicas que Washington impôs a Teerã. As negociações foram lideradas pelo Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, e pelo enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Trump ameaçou repetidamente lançar ataques aéreos contra o programa iraniano se um acordo não for alcançado. Autoridades iranianas alertam cada vez mais que poderiam buscar uma arma nuclear com seu estoque de urânio enriquecido a níveis próximos aos de armas nucleares.

O acordo nuclear do Irã com potências mundiais, firmado em 2015, limitou o programa iraniano. No entanto, Trump retirou-se unilateralmente do acordo em 2018, desencadeando um maior enriquecimento de urânio por parte do Irã./Com Associated Press

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou nesta quinta-feira que o então conselheiro de Segurança Nacional americano, Mike Waltz, não foi demitido, mas sim realocado para ser o próximo embaixador do país na Organização das Nações Unidas (ONU).

"Waltz fez o trabalho que ele precisava fazer e o presidente Donald Trump achou melhor um novo cargo pra ele", disse Vance em entrevista à Fox News.

Segundo o vice, a saída de Waltz do cargo não teve a ver com escândalo do Signal. Em março, o conselheiro passou a ser investigado pela criação de um grupo de mensagens no software e incluir, por engano, o jornalista Jeffrey Goldberg. "Waltz tem minha completa confiança", acrescentou Vance.

Sobre a contração do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA na quarta-feira, ele reiterou que "isso é a economia de Joe Biden".

Vance ainda comentou que a Índia tirou proveito do país por muito tempo, mas que o governo Trump irá rebalancear o comércio e que

a Rússia e a Ucrânia têm que dar o último passo para acordo de paz. "Chega um momento que não depende mais dos EUA".

Itália, Croácia, Espanha, França, Ucrânia e Romênia enviaram, nesta quinta-feira, aviões para ajudar a combater um incêndio florestal que fechou uma importante rodovia que liga Tel-Aviv a Jerusalém, em Israel. As chamas, iniciadas por volta do meio-dia (horário local) da quarta-feira, são alimentadas pelo calor, seca e ventos fortes no local e já queimaram cerca de 20 quilômetros quadrados.

A Macedônia do Norte e o Chipre também enviaram aeronaves de lançamento de água. Autoridades israelenses informaram que 10 aviões de combate a incêndios estavam operando durante a manhã, com outras oito aeronaves chegando ao longo do dia. Fonte: Associated Press.