Nunes exonera capitão da Rota que atuou como assessor suspeito de vazar informações para o PCC

Política
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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), exonerou nesta quarta-feira, 30, o capitão da Polícia Militar Raphael Alves Mendonça, que atuou como assessor em seu gabinete e chegou a integrar a equipe responsável por sua escolta. Mendonça é suspeito de ter integrado um grupo de agentes de inteligência da Rota investigado por supostamente vazar informações de operações policiais para o Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele é investigado em liberdade.

 

Mendonça, que chefiou a Agência de Inteligência da Rota no passado, trabalhava na Assessoria Policial Militar da Prefeitura desde junho de 2024 e desempenhava funções administrativas. "[Ele] Eventualmente, fez a escolta do prefeito em substituição a outros policiais militares que se encontravam em fruição de afastamentos regulares. Importante destacar que a seleção e movimentação desses profissionais são de responsabilidade da Polícia Militar", disse a Prefeitura, em nota.

 

Procurada, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo ainda não se posicionou. A exoneração foi publicada nesta quarta, mas tem efeito retroativo ao dia 16 de janeiro. A informação que Mendonça e um outro policial suspeito de ligações com o PCC faziam a escolta de autoridades foi publicada pelo jornal Folha de S. Paulo.

 

Segundo investigação da Corregedoria da Polícia Militar, policiais se infiltraram na Rota e em outras unidades da PM a mando do PCC. Eles se dividiram em três bases: uma com a missão de assassinar desafetos da facção, outra de inteligência e outra para fazer escoltas.

 

Alguns militares eram responsáveis pelo 'cancelamento de CPFs' - assassinatos de rivais e desafetos. Outros abasteciam a facção com informações privilegiadas sobre operações policiais. O terceiro grupo cuidava da segurança pessoal de faccionados, entre eles o delator Antônio Vinícius Gritzbach, fuzilado na tarde de 8 de novembro do ano passado no Aeroporto Internacional de São Paulo.

 

As informações constam de um inquérito administrativo da PM que descobriu como policiais da Rota vazavam informações para o PCC a fim de proteger seus integrantes de prisões e de eventuais prejuízos a seus 'negócios'.

 

Os grupos que se instalaram no quartel secular da Rota, uma notável construção de paredes amarelas da Avenida Tiradentes, na Luz, foram citados no pedido que a Corregedoria da PM enviou à Justiça de São Paulo para deflagração da operação que prendeu, na última quinta, 16, quinze policiais militares supostamente ligados ao PCC e envolvidos com a execução de Gritzbach. No sábado, 18, mais um militar, tenente da PM, foi preso em Osasco.

 

"Todos sabiam para quem prestavam atividade de segurança, foram escolhidos para tal serviço por serem militares e valiam-se disto para encobrir e dar benefícios ao empresário em troca de dinheiro e favores (viagens, por exemplo)", frisou a Corregedoria ao pedir a prisão dos agentes.

 

Segundo a Corregedoria, foi possível identificar uma "divisão ordenada de tarefas com objetivos previamente ajustados em torno dos crimes almejados pela organização, no caso dos militares, dar segurança e auxiliar na prática da lavagem de capitais perpetrada por Gritzbach, crime punido com pena máxima superior a quatro anos".

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O número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos subiu 18 mil na semana encerrada em 26 de abril, para 241 mil, segundo pesquisa divulgada pelo Departamento do Trabalho do país nesta quinta-feira. O resultado ficou bem acima da expectativa de analistas da FactSet, que previam 225 mil solicitações no período.

O total de pedidos da semana anterior foi levemente revisado para cima, de 222 mil a 223 mil.

Já o número de pedidos contínuos teve alta de 83 mil na semana até 19 de abril, a 1,916 milhão, atingindo o maior nível desde 13 de novembro de 2021. Esse indicador é divulgado com defasagem de uma semana.

Lilian Moreno Cuéllar, juíza distrital de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, anulou nesta quarta, 30, a ordem de captura contra o ex-presidente Evo Morales por estupro e tráfico de pessoas, em um caso relacionado ao abuso de uma menor durante seu mandato. "Fica sem efeito qualquer mandado de rebeldia e ordem judicial de apreensão", diz a decisão judicial.

Lilian também determinou a suspensão de qualquer investigação sobre o caso, que corre em Tarija, no sul da Bolívia, e ordenou que o processo seja enviado para Cochabamba - onde Evo tem forte respaldo político e social.

Em outubro, o Ministério Público havia pedido a prisão do ex-presidente boliviano, de 65 anos, que desde então se refugiou em seu bastião político na região cocaleira do Chapare. De acordo com o MP, Evo começou um relacionamento com uma jovem de 15 anos em 2015, quando ele era presidente, e os pais dela consentiram com a união em troca de benefícios. A relação resultou no nascimento de uma filha, um ano depois. A jovem foi posteriormente identificada como Noemí Meneses, que hoje estaria com 25 anos.

Reação

A ordem judicial provocou reação dos críticos de Evo, em razão do histórico de Lilian, que entre 2012 e 2016 trabalhou no Serviço Nacional de Impostos e depois na Companhia Ferroviária Nacional (Enfe).

Lilian foi nomeada juíza pouco antes de Evo deixar o poder, em 2019, o que acabou levantando questionamentos sobre um conflito de interesses e acusações de proteção política ao ex-presidente boliviano.

Evo está inelegível desde 2023, quando a Justiça eleitoral vetou a reeleição indefinida - Evo foi presidente por quatro mandatos. Em fevereiro, no entanto, ele desafiou a sentença e anunciou sua candidatura presidencial nas eleições de 17 de agosto.

Ele se tornou opositor do atual presidente Luis Arce, transformado em desafeto e chamado de "traidor", depois que ambos desataram uma guerra pelo controle do partido Movimento ao Socialismo (MAS). Em março, o ex-presidente fundou seu próprio partido, o Evo Povo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O jornalista sueco Joakim Medin, preso em março após sua chegada à Turquia, foi condenado ontem a 11 meses de prisão por "insultar o presidente" turco, Recep Tayyip Erdogan, durante um protesto ocorrido em Estocolmo. A condenação foi suspensa logo em seguida, mas ele continuará detido por outra acusação, a de "pertencer a uma organização terrorista".

O repórter do jornal sueco Dagens ETC participou da audiência por videoconferência de sua cela na prisão de Silivri, oeste de Istambul. A Justiça turca o acusa de ter participado, em janeiro de 2023, de uma manifestação do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) em Estocolmo, capital sueca, durante a qual foi pendurado um boneco de Erdogan de cabeça para baixo, algo que o jornalista nega desde o início.

Medin reafirmou nesta quarta, 30, "não ter participado desse evento". "Eu estava na Alemanha a trabalho. Nem sabia dessa manifestação", declarou. Durante a audiência, o tribunal exibiu fotos tiradas em outra reunião, em agosto de 2023, em Estocolmo, quando a Turquia ainda bloqueava a entrada da Suécia na Otan.

"Nunca tive a intenção de insultar o presidente. Eu tinha a tarefa de escrever os artigos, e foram meus editores que escolheram as fotos", disse o repórter, destacando que Erdogan é "uma figura central" exibida nesses protestos.

Medin, de 40 anos, foi preso em 27 de março ao chegar à Turquia, onde iria cobrir as manifestações desencadeadas pela prisão, em 19 de março, do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, principal adversário político do presidente.

Violações

O jornalista relatou múltiplas violações de seus direitos básicos durante os estágios iniciais de sua detenção, incluindo o direito de acesso a um tradutor, a um advogado e a serviços consulares. Medin foi acusado de pertencer a uma organização terrorista, crime que poderia lhe render até nove anos de prisão e será julgado posteriormente, em data a ser definida.

Essa acusação baseia-se em publicações nas redes sociais, artigos e livros escritos "unicamente no âmbito de seu trabalho jornalístico", disse Baris Altintas, diretora da ONG turca de direitos humanos MLSA, que o representa. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.