Alcolumbre lembra embate entre Lira e Pacheco e quer 'retorno urgente' de comissões mistas

Política
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Eleito neste sábado, 1º, para um novo mandato à frente do Senado Federal, o senador Davi Alcolumbre (União-AP) retomou um tema que levou seu antecessor, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o antigo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a entrarem em um cabo de guerra em 2023: o rito para analisar medidas provisórias (MPs) do governo.

Em seu discurso antes da votação, Alcolumbre, eleito na sequência com 73 votos, afirmou ser "urgente" o retorno das comissões mistas para avaliar as medidas enviadas pelo governo.

"O processo legislativo das medidas provisórias também precisa ser retomado urgente. As comissões mistas são obrigatórias por mandamento constitucional. Suprimi-las ou negligenciá-las não é apenas errado do ponto de vista do processo: é uma redução do papel do Senado Federal", disse.

O rito de tramitação ao qual o agora novo presidente se referiu foi suspenso durante a pandemia de covid-19 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), quando as propostas vindas do Poder Executivo passaram a ser votadas diretamente no plenário das duas Casas Legislativas, para dar celeridade ao processo.

Conforme a Constituição determina, as medidas provisórias adotadas pelo presidente da República devem ser analisadas por uma comissão mista, formada por 12 deputados e 12 senadores, designada pelo presidente do Congresso, antes de seguirem para votação nos plenários.

Na prática, a relatoria das medidas provisórias ficava ora a cargo de um senador, ora de um deputado, em um revezamento. Com a alteração, Lira viu mais poder acumulado em suas mãos. Primeiro, com o direito de indicar o relator de todas as MPs, que, via de regra, passam primeiro pela Câmara e seguem para a revisão do Senado. Além disso, também passou a ser dele a prerrogativa para pautar a tramitação das MPs sem a interferência do Senado.

O caso virou um impasse em fevereiro de 2023, quando Pacheco quis retomar o modelo pré-pandêmico, mas Lira propôs que o rito fosse alterado em definitivo. Segundo o site do Congresso, 22 comissões mistas com a finalidade de analisar medidas provisórias de 2024 estão aguardando instalação.

Em entrevista coletiva após ser eleito, Alcolumbre criticou a "falta de comunicação" dos presidentes das duas Casas durante os últimos quatro anos. "[o distanciamento] de certo modo enfraqueceu o Poder Legislativo. Não estou criticando nem o Arthur, nem o Rodrigo. Estou fazendo uma constatação que todos nós sabemos", disse.

O novo presidente falou que, no novo regime de tramitação, os senadores passaram a ser chamados "aos 45 minutos do segundo tempo", e que ficavam sem possibilidade de, eventualmente, aprimorar as medidas. Por norma, elas passam a valer com força de lei assim que o presidente da República as decreta, mas têm o prazo de 120 dias para serem validados pelo Congresso e se converterem definitivamente em lei ordinária.

"Não é e nunca será correto uma decisão unilateral de um Poder que é bicameral acabar tirando a autonomia e a autoridade do Senado", afirmou.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo que o Canadá deveria se tornar o "precioso 51º Estado" de seu país.

Como argumento, Trump diz que os EUA pagam "centenas de bilhões de dólares para subsidiar o Canadá" e que, "sem esse subsídio massivo, o Canadá deixa de existir como um país viável".

O presidente disse ainda que os EUA não precisam de nada que o Canadá tenha. "Temos energia ilimitada, deveríamos fazer nossos próprios carros, e temos mais madeira do que jamais poderemos usar", afirmou, em rede Truth Social, neste domingo, 2.

"Portanto, o Canadá deveria se tornar nosso precioso 51º Estado. Muito menos impostos, e proteção militar muito melhor para o povo do Canadá - e sem tarifas!"

Tarifas

Os Estados Unidos anunciou tarifas de 25% sobre importações do Canadá a partir de terça-feira, 4, com exceção dos recursos energéticos (petróleo, gás natural e eletricidade), que terão tarifa de 10%.

O país também anunciou tarifa de 25% sobre produtos do México e uma tarifa adicional de 10% sobre produtos da China.

Em retaliação, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou taxas de 25% sobre até US$ 155 bilhões (R$ 903 bilhões) em importações dos EUA.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, afirmou neste domingo que o presidente russo, Vladimir Putin, "teme negociações diretas com a Ucrânia" e, por isso, "sinaliza desesperadamente que quer conversar - não conosco, mas com (o presidente dos EUA, Donald) Trump, com a América".

"Em sua mente, isso (negociar diretamente com a Ucrânia) significaria derrota e fraqueza. Em vez disso, ele insiste na velha narrativa de que esta é uma guerra entre o Ocidente e a Rússia - porque admitir que está perdendo para a Ucrânia é insuportável para ele", escreveu na rede social X.

Segundo Zelenski, conversas entre Rússia e Trump, sem a Ucrânia, "não levarão a resultados". O presidente ucraniano acrescenta que "se o presidente Trump e eu discutirmos etapas concretas para terminar esta guerra, e definirmos claramente o caminho a seguir - então, talvez depois disso, ele possa conversar com os russos".

Zelenski defende que "quaisquer conversas entre EUA e Rússia sobre a Ucrânia sem a Ucrânia são perigosas", argumentando que se o mundo fizer concessões a Putin e permanecer impune diante da guerra, uma mensagem perigosa seria enviada: a de que agressão funciona. "Outros líderes autoritários verão que ele destruiu a soberania da Ucrânia e saiu impune."

A ditadura de Nicolás Maduro receberá de volta dezenas de milhares de imigrantes venezuelanos deportados dos EUA, disse ontem o presidente Donald Trump. O acerto não havia sido confirmado por Maduro publicamente. A medida removeria um grande obstáculo aos planos de deportações em massa do republicano

Ele foi negociado com Maduro pelo enviado de Trump para a Venezuela, Richard Grenell, que fez uma rara visita de um alto funcionário dos EUA à capital, Caracas, na sexta-feira. Grenell retornou aos EUA na mesma noite com seis americanos que estavam detidos em prisões venezuelanas.

"A Venezuela concordou em receber de volta em seu país todos os imigrantes ilegais venezuelanos que estavam acampados nos EUA, incluindo os membros da gangue Tren de Aragua", escreveu Trump na rede Truth Social, afirmando que Caracas também concordou em oferecer o transporte para deportação.

O presidente americano se referia à violenta gangue venezuelana que recentemente chegou aos EUA. "Estamos no processo de expulsar um número recorde de estrangeiros ilegais de todos os países, e todas essas nações aceitaram o retorno dos estrangeiros ilegais", afirmou o republicano.

O acordo ajudará Trump a cumprir uma promessa de campanha de deportar milhões de imigrantes que vivem nos EUA sem autorização. Aceitar deportados é uma grande mudança na posição de Maduro, que há muito se recusa a permitir aviões de deportação dos EUA. Mais de 600 mil venezuelanos migraram para o país nos últimos anos e receberam status de proteção especial que permitia a eles viver e trabalhar temporariamente.

No início da semana passada, o governo Trump revogou esse status especial, deixando os imigrantes venezuelanos vulneráveis à deportação.

RECOMPENSA

Segundo afirmou Grenell, nenhuma concessão financeira ou de outra natureza foi prometida a Maduro, além da perspectiva de melhorar a relação com os EUA.

"A única recompensa para Maduro foi minha presença física, o primeiro oficial sênior dos EUA a visitar o país em anos", disse ele. "Foi um grande presente para ele ter uma visita de um enviado do presidente Trump."

A visita de Grenell ajuda Maduro a reivindicar legitimidade da eleição que afirma ter vencido em julho. EUA e outros observadores internacionais dizem que ele claramente perdeu para a oposição. A maioria dos governos da região não o reconhece.

Maduro ainda enfrenta indiciamentos federais dos EUA por acusações de tráfico de drogas e corrupção. (com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.