Ministério da Gestão recua e desclassifica empresa de laranja em licitação de R$ 386 milhões

Política
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O Ministério da Gestão e da Inovação (MGI) recuou e decidiu, na noite desta terça-feira, 4, desclassificar de uma licitação de R$ 383,1 milhões a empresa investigada por uso de laranjas e fraudes licitatórias. A decisão é baseada em um suposto uso irregular de benefício tributário por parte da empresa.

Como mostrou o Estadão, a pasta da ministra Esther Dweck havia aceitado e habilitado a R7 Facilities no processo de contratação de 1.216 funcionários para 12 ministérios. Essa licitação é uma das maiores lançadas pelo governo federal, para terceirização, nos últimos anos.

Procurada, a R7 afirmou que "recorrerá da decisão do pregoeiro, na forma prevista no edital e na lei". Anteriormente, havia destacado que mantém uma operação irregular e história de prestação de serviços de qualidade, com milhares de funcionários.

A empresa, com sede em Brasília, virou alvo de investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) depois de o Estadão revelar que ela estava em nome de um laranja e atuava dentro dos presídios de segurança máxima de Mossoró (RN) e Brasília (DF).

Uma série de reportagens também mostrou que a R7 é suspeita de integrar um grupo de empresas que se juntam para simular concorrência em licitações de terceirização em órgãos públicos. Esse grupo dizia fazer negócios entre si, mas usava firmas em endereços de fachada e em nome de pessoas que desconheciam as atividades supostamente desempenhadas.

Na licitação do MGI, aberta no fim do ano, a R7 ofereceu o menor preço do certame, R$ 321 milhões. Depois de aceitar a proposta, o ministério recuou da própria decisão a partir da análise de recursos apresentados por três concorrentes.

"A função do recurso administrativo é possibilitar que a administração pública reveja seus próprios atos, corrigindo possíveis equívocos, reformando decisões, evitando que a questão seja levada ao Judiciário para o controle de legalidade do ato administrativo", destacou a pasta na decisão.

O documento foi assinado na terça à noite pelo pregoeiro Tiago Alves de Sousa e por Ricardo da Silveira Porto, coordenador de contratação de serviços terceirizados e de engenharia do MGI.

A R7 foi desclassificada porque eles entenderam que a empresa ofereceu um preço menor pelos serviços alegando um benefício tributário a que não tem direito. A firma diz poder aplicar a chamada desoneração da folha de pagamento ao definir os custos, o que não foi aceito.

"A R7 não logrou êxito em comprovar, efetivamente, seu direito ao uso da 'desoneração da folha de pagamento' e, tampouco a demais alíquotas que impactam na sua formulação de preços com base no regime cumulativo, razão pela qual se posiciona esta administração, com reformulação de suas análises, pela desclassificação/inabilitação" diz a decisão.

A suspeita de uso irregular da desoneração da folha foi apontada ainda em março de 2024 pelo Estadão.

Procurada anteriormente sobre a habilitação da empresa investigada, o MGI informou somente que ainda estava em análise de recursos e que não havia nenhuma condenação que pudesse resultar na desclassificação da empresa.

A postura, entretanto, causou constrangimento em setores do governo. Isso porque outros ministérios nos quais a R7 tentou entrar com licitações recentemente encontraram irregularidades nas propostas e a barraram.

Uma delas foi a CGU. Em uma licitação de R$ 5,2 milhões para terceirização, ainda em curso, a pasta inabilitou a R7 por irregularidades na indicação da desoneração da folha.

Esse entendimento da CGU havia sido ignorado pelo MGI na primeira decisão e só foi considerado na fase de análise de recursos apresentados por empresas concorrentes.

Só no mês passado a CGU abriu um Processo Administrativo de Responsabilização (PAR) contra a R7 e outras empresas do grupo. As denúncias foram feitas pelo Estadão em fevereiro e março de 2024. Na época, o governo informou que a CGU abriu uma investigação preliminar, que só agora evoluiu para um processo que pode resultar na proibição de contratar com o poder público.

A R7 Facilities está em nome de Gildenilson Braz Torres, um técnico em contabilidade que vivia em uma casa simples na periferia do Distrito Federal, recorreu ao auxílio emergencial na pandemia de covid-19 e tinha apenas R$ 523,64 em suas contas bancárias, segundo ação de execução fiscal de fevereiro de 2022.

Gildenilson tinha um escritório de contabilidade no Núcleo Bandeirante, bairro da periferia formado pelos "candangos" da construção de Brasília. No endereço, havia uma placa em que ele se apresentava como o responsável pela empresa "Mega Batatas". Não havia qualquer menção à R7 no prédio nem nas redes sociais dele.

O Estadão também esteve no endereço que Gil, como é conhecido, informa como residencial, no Riacho Fundo. Ele não estava. O concunhado dele mora no local e afirmou desconhecer o vínculo de Gildenilson com uma empresa milionária. "Se fosse verdade, ele não estaria andando com o carro velho em que ele anda."

Apesar do histórico do suposto dono, a R7 já soma R$ 696,8 milhões em contratos com o governo federal, desde 2019. O grande salto na obtenção de contratos se deu a partir de 2023.

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O Ministério da Defesa da Rússia afirmou neste domingo, 20, que as forças ucranianas lançaram ataques noturnos na região de Donetsk, apesar do cessar-fogo de Páscoa. "Durante a noite do #CessarFogoPáscoa, o regime de Kiev lançou 48 drones, incluindo um sobre a Crimeia. Tropas ucranianas atingiram posições russas com armas e canhões 444 vezes e realizaram 900 ataques com drones do tipo quadricóptero", informou o ministério em publicação na rede social X.

Segundo o ministério, houve "mortos e feridos entre a população civil". O ministério afirma que as tropas russas observaram rigorosamente o cessar-fogo. Autoridades instaladas pela Rússia na região ucraniana parcialmente ocupada de Kherson também disseram que as forças ucranianas continuaram seus ataques.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou no sábado uma trégua temporária nos ataques pelo exército russo durante o fim de semana de Páscoa. De acordo com o Kremlin, o cessar-fogo durará das 18 horas, horário de Moscou, de sábado, até a meia-noite do domingo de Páscoa.

Putin não ofereceu detalhes sobre como o cessar-fogo seria monitorado ou se abrangeria ataques aéreos ou batalhas terrestres, que ocorrem 24 horas por dia.

No sábado, poucas horas após anunciar o cessar-fogo, Putin participou de uma missa de Páscoa na Catedral de Cristo Salvador, em Moscou, liderada pelo Patriarca Kirill, chefe da Igreja Ortodoxa Russa e defensor da guerra na Ucrânia. A trégua temporária declarada ocorre em meio à ameaça dos Estados Unidos de abandonarem as negociações para um cessar-fogo entre os países, caso não haja um progresso em breve.

A Ucrânia também acusa a Rússia de não respeitar o cessar-fogo. Desde que a trégua temporária foi anunciada por Putin, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirma que as ações militares russas continuam.

Mais cedo, Zelensky acusou a Rússia de violar o cessar-fogo e contabilizou 26 ataques em 12 horas. O governo ucraniano propõe a extensão do cessar-fogo para 30 dias após a Páscoa.

*Com informações da Associated Press

Opositores do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizaram protestos em várias cidades dos Estados Unidos no sábado, 19, denunciando o que classificam como "ameaças aos ideais democráticos do país". Os organizadores afirmam se opor ao que chamam de violações dos direitos civis e constitucionais de Trump, incluindo os esforços para deportar dezenas de imigrantes e reduzir o governo federal, demitindo milhares de funcionários públicos e efetivamente fechando agências. Os protestos acontecem apenas duas semanas após manifestações semelhantes em todo o país.

As manifestações incluíram uma marcha pelo centro de Manhattan e um comício em frente à Casa Branca. Em Boston, manifestantes se concentraram na reconstituição das Batalhas de Lexington e Concord, alegando que o país vive um momento perigoso para sua liberdade.

Em Denver, centenas de manifestantes se reuniram no Capitólio do Estado do Colorado com faixas expressando solidariedade aos imigrantes e dizendo ao governo Trump: "Tirem as Mãos!". Milhares de pessoas também marcharam pelo centro de Portland, Oregon, enquanto em São Francisco, centenas soletraram as palavras "Impeach & Remove" em uma praia de areia ao longo do Oceano Pacífico, também com uma bandeira dos EUA de cabeça para baixo. As pessoas protestaram pelo centro de Anchorage, Alasca, com cartazes feitos à mão listando os motivos pelos quais estavam protestando.

Em outros lugares, protestos foram planejados em frente a concessionárias da Tesla contra o bilionário e conselheiro de Trump, Elon Musk, e seu papel na redução do governo federal. Outros organizaram eventos mais voltados para o serviço comunitário, como campanhas de arrecadação de alimentos, palestras e trabalho voluntário em abrigos locais.

Em Washington, manifestantes citavam preocupações com as ameaças aos direitos ao devido processo legal, protegidos pela Constituição, à Previdência Social e a outros programas federais de segurança. Em Columbia, Carolina do Sul, centenas de pessoas protestaram na sede do governo estadual segurando cartazes com slogans como "Lute Ferozmente, Harvard, Lute".E em Manhattan, manifestantes se reuniram contra as contínuas deportações de imigrantes enquanto marchavam da Biblioteca Pública de Nova York em direção ao Central Park e passavam pela Trump Tower. Fonte: Associated Press

Ataques israelenses no Líbano deixaram pelo menos dois mortos e dois feridos neste domingo, 20, segundo a Agência Nacional de Noticias libanesa (NNA), citando informações do Ministério de Saúde Pública do país. Um ataque com dois mísseis foi registrado na cidade de Houla, em Marjeyoun, ao sul do país, e outro ataque terrestre contra um carro ocorreu em Kawthariyeh al-Sayyad, conforme a NNA.

O veículo era do exército libanês e foi atingido por uma explosão com circunstâncias não esclarecidas, que deixou sete soldados feridos, segundo a Defesa Civil do país.

O exército israelense afirmou, em um comunicado, ter matado Hussein Ali Nasr, a quem descreveu como o vice-chefe da Unidade 4400 do Hezbollah. O Exército de Israel afirmou que Nasr ajudou a contrabandear armas e fundos para o Líbano por meio de "agentes iranianos", inclusive através do aeroporto de Beirute.

Desde o fim do cessar-fogo entre Israel e Hamas, ataques aéreos israelenses mataram dezenas de pessoas no Líbano, incluindo civis e membros do grupo paramilitar Hezbollah. O governo de Israel afirma ter como alvo redutos do Hezbollah no sul do Líbano.

O líder do Hezbollah, Naim Kassem, disse na sexta-feira que seus combatentes não se desarmarão enquanto as tropas israelenses permanecerem no sul do Líbano e a força aérea israelense violar regularmente o espaço aéreo libanês.

Mais cedo, autoridades libanesas anunciaram a detenção de várias pessoas que supostamente planejavam lançar foguetes contra Israel e confiscaram as armas, informaram os militares neste domingo.

O exército libanês afirmou que as prisões estão ligadas a outras detenções anunciadas no início da semana e que a inteligência militar investiga o caso.

*Com informações da Associated Press